Multidões se manifestam na França em defesa de professor decapitado e da liberdade de expressão

Apesar da ameaça do coronavírus, multidões se reuniram nos centros de cidades como Paris, Lille e Lyon.

© REUTERS – PASCAL ROSSIGNOL

Por rfi

Milhares de pessoas foram às ruas nas principais cidades da França para homenagear Samuel Paty, o professor decapitado na sexta-feira (16) por um terrorista, e defender a liberdade de expressão no país. Apesar da ameaça do coronavírus, multidões se reuniram nos centros de cidades como Paris, Lille e Lyon.

Na capital, o palco do ato é a praça da República, que ficou lotada de manifestantes nesta tarde ensolarada de domingo (18). Os participantes traziam flores, cartazes com mensagens como “Je Suis Prof” (Sou Professor), “Je Suis Samuel” e “Não ao totalitarismo de pensamento”. Eles fizeram um minuto de silêncio e cantaram a Marselhesa, o hino nacional francês.

Também traziam exemplares do jornal Charlie Hebdo, no qual foram publicadas as caricaturas de Maomé que motivaram o ataque. Na semana passada, em uma aula sobre a liberdade de expressão, o professor mostrou um exemplar da publicação aos alunos de cerca de 13 anos. A iniciativa gerou revolta em alguns pais e a reação culminou no ataque, cometido em plena rua na cidade de Conflans-Sainte-Honorine, por volta de 17h.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, participou da manifestação em Paris, visivelmente emocionado. “Nós não temos medo. Vocês não nos dividirão”, disse o premiê, pelo Twitter, enquanto estava na praça da República, tradicional ponto de protestos da capital francesa.

Ao seu lado, estavam a prefeita da cidade, Anne Hidalgo, e o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer . Políticos de todos os espectros, como o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, e a presidente da região parisiense (Île de France), a conservadora Valérie Pécresse, também marcaram presença.

A manifestação foi organizada por iniciativa de sindicatos e associações de professores e de combate às discriminações, entre elas a ONG SOS Racismo.

Espírito crítico

“Quando nos deparamos com este tipo de situação, é preciso saber se manifestar, se unir com força e clareza, para defender os princípios que fazem a sociedade e a democracia. Mostrar que a gente não responde ao ódio com mais ódio, mas sim evidenciando a liberdade, a igualdade e a fraternidade”, afirmou Dominique Sopo, presidente da SOS Racismo, em entrevista à RFI Brasil.

“Eu acho que é com este tipo de manifestação que os professores se sentirão apoiados pela sociedade como um todo e poderão continuar a exercer a sua profissão. Estamos falando de questões como espírito crítico, liberdade de expressão, liberdade de consciência, que constituem o trabalho do professor”, ressaltou Sopo.

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