Forças Armadas com o governo brasileiro ao mesmo tempo “inquietante” e “tranquilizadora”. Diz França.
Por Estadão
PARIS – Presidente do grupo de amizade França-Brasil da Assembleia Nacional francesa e integrante do partido governista A República em Marcha, de centro, a deputada Anne Blanc disse que considera a crise entre oficiais das Forças Armadas com o governo brasileiro ao mesmo tempo “inquietante” e “tranquilizadora”.
“Inquietante porque a gente não sabe as razões que levaram a essas demissões, com o risco aumentado de um golpe militar como o que o Brasil conheceu há exatos 57 anos. O lado tranquilizador é que, finalmente, alguns militares não querem ser associados à política de Bolsonaro”, diz Anne.
Ela diz, ainda, que a troca de comando ainda é recente para análises mais profunda. Sobre a possibilidade de golpe, ela acrescenta: “Nós temos a lembrança do que foi o golpe militar no Brasil nos anos 60 e não é nada tranquilizadora para a França. Ao mesmo tempo, não estamos tranquilizados pelo governo Bolsonaro hoje, especialmente pela sua gestão da pandemia. É muito grave, porque consideramos que a luta contra a pandemia não deve ser feita isoladamente em cada país, é uma luta internacional”.
Já a senadora do Partido Comunista Francês (PCF) Laurence Cohen, presidente do grupo interparlamentar França-Brasil, disse ter ficado surpresa com os acontecimentos em Brasília. Ela conta que, com a dimensão que a pandemia tomou na França, a instabilidade política brasileira não é a prioridade mesmo para os integrantes do grupo interparlamentar.
“O Brasil passa por um momento crítico, com a crise sanitária, e Bolsonaro, com uma sensação de perda de controle dentro do próprio governo, demitiu os ministros, especialmente o da Defesa, como uma tentativa de retomar o poder, para mostrar que era ele quem mandava no jogo. Mas ele não esperava as demissões dos três oficiais e eu tenho a sensação de que Bolsonaro sai enfraquecido desta história”, afirmou Laurence.