Cúpula da CPI critica Pazuello, e Aziz planeja mudar estratégia sobre depoimentos

Eduardo Pazuello deve ser convocado novamente para depor na comissão

Omar Aziz, então governodor do Amazonas, dá entrevista no Palácio do Planalto, após reunião com Dilma Rousseff Allan Marques/0621 FOLHAPRESS Alan Marques 16.out.2012/Folhapress.

Por Estadão

BRASÍLIA – O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, afirmou nesta segunda-feira, 24, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deve ser convocado novamente para depor na comissão porque “tripudiou sobre os brasileiros” ao participar de um ato com o presidente Jair Bolsonaro neste domingo, no Rio, sem usar máscara e promovendo aglomerações.

A convocação do general será submetida à votação dos integrantes da CPI na quarta-feira. “É importante encaminhar a reconvocação para que não pairem dúvidas de que nós nos consideramos ofendidos”, observou Renan. “O ex-ministro não pode tripudiar sobre a verdade e descaradamente mentir, divagar, não responder, como fez. A própria presença dele na CPI, novamente, é uma sanção, uma demonstração de que a comissão não concorda com esse escárnio”, completou o senador. Mais tarde, em postagem no Twitter, Renan disse que “a procissão no Rio em louvor ao vírus é declaração de guerra ao SUS”.

Nesta terça-feira, 25, a CPI da Covid vai ouvir o depoimento de Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”. Mayra é secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que mudará o procedimento diante de depoentes que mentirem à comissão. Aziz destacou que Pazuello tinha habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para não se incriminar, mas não para mentir.

“A partir de agora, as pessoas que tomarem a decisão de mentir poderão ser presas pela CPI. Não vou ser desmoralizado”, afirmou o presidente da comissão em entrevista à Rádio Eldorado, nesta segunda-feira, 24. Além de Pazuello, a cúpula da CPI também quer reconvocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para novos esclarecimentos.

A exemplo de Renan, Aziz e o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticaram a participação de Pazuello em ato ao lado de Bolsonaro, uma conduta proibida pelo Exército. “Espero que o Exército brasileiro possa tomar as providências necessárias”, disse Aziz.

O regulamento do Exército considera uma transgressão o envolvimento de oficiais da ativa em manifestações políticas sem autorização do comando. “Eu recomendo que o senhor Pazuello busque novamente um habeas corpus para vir a essa CPI, porque vai precisar”, adiantou Randolfe.

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