Rosa Weber, do STF, cita ‘grave suspeita’ e diz que compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro foi ‘pouco transparente’

As afirmações estão na decisão da magistrada.

Ela já ocupava uma cadeira da corte quando, em 2017, o TSE julgou as contas da chapa Dilma-Temer da eleição de 2014. Votou pela cassação da chapa, mas ficou vencida . Folhapress/Pedro Ladeira

Por Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que é “grave” a suspeita levantada pela CPI da Covid acerca da compra da Covaxin e classificou as negociações para aquisição do imunizante como “pouco transparentes”.

As afirmações estão na decisão da magistrada em que rejeita o pedido da OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal) e mantém a quebra dos sigilos telefônico e telemático do advogado Tulio Belchior, que teria participado da intermediação entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos.

Segundo Rosa, a compra da Covaxin tem “contornos ainda mais inquietantes” por ter sido realizada com pouca transparência e “em detrimento de imunizantes com eficácia já comprovada e com custo substancialmente inferiores”.

Esse cenário, disse a ministra, projeta “a grave suspeita investigada pela CPI de favorecimento e/ou de obtenção de vantagens indevidas na implementação da política pública de combate à pandemia da Covid-19”.

A suspeita de irregularidades na compra da Covaxin pelo governo Jair Bolsonaro foi revelada pelo jornal Folha de S.Paulo no último dia 18, com a divulgação do teor do depoimento de Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde e irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF).

O servidor disse em oitiva ao Ministério Público Federal que sofreu pressão atípica para agilizar a liberação da vacina indiana contra a Covid-19, desenvolvida pelo laboratório Bharat Biotech.

No pedido feito ao STF sobre Belchior, a OAB-DF afirmou que a quebra de sigilo foi fundamentada apenas em “ilações” e que não há “indícios razoáveis de autoria e participação em infração penal” por parte do advogado.

A ministra reconheceu que o exercício da advocacia conta com certas prerrogativas, mas disse que o advogado “não tem salvo-conduto para práticas ofensivas às leis da República”.

Rosa afirmou ainda que a CPI deverá manter os dados de Belchior em sigilo. “Necessário advertir-se que o decreto parlamentar de quebra dos sigilos telefônico e telemático não exonera a CPI do dever de preservar a confidencialidade dos dados em questão.”

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