Fotógrafo da Reuters foi morto após ser deixado para trás, diz general afegão

Danish Siddiqui cobria avanço talibã no país; agência de notícias defende que avaliação de risco foi feita

Homenagem de fotógrafos feita no Nepal a Danish Siddiqui, morto no Afeganistão durante cobertura do avanço talibã – Prakash Mathema – 20.jul.21/AFP

Por Folhapress

REUTERS

Em junho, quando a campanha do Talibã para reconquistar o Afeganistão se intensificava, centenas de pessoas estavam morrendo nos combates e dezenas de milhares de pessoas estavam fugindo. Danish Siddiqui, 38, conceituado fotojornalista da Reuters residente em Nova Déli, decidiu que queria ajudar a cobrir o que estava acontecendo. Falou a um de seus chefes: “Se nós não formos para lá, quem é que vai?”

Siddiqui chegou a uma base das Forças Especiais afegãs na cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão, no domingo, 11 de julho. Ali ele se integrou a uma unidade de várias centenas de comandos de elite encarregados de expulsar combatentes do Talibã que vinham capturando território sem parar nas semanas anteriores.

Na terça-feira, 13 de julho, Siddiqui acompanhou uma missão bem-sucedida para resgatar um policial cercado por insurgentes. Seu comboio estava retornando quando foi atacado por granadas lançadas por foguetes (ou RPGs).

O jipe Humvee no qual ele estava foi atingido por um dos RPGs. Três outros veículos foram destruídos. Siddiqui captou em video o clarão de luz e o choque quando a granada atingiu a lateral de seu veículo e os comandos à frente continuaram avançando em meio aos artefatos explosivos. Suas imagens e o texto sobre a missão foram transmitidos pelo serviço da Reuters, e mais tarde Siddiqui compartilhou a ação no Twitter.

“Santa mãe de deus”, respondeu um amigo dele pelo WhatsApp. “É insano.”

Siddiqui, que já havia coberto guerras, crises de refugiados e incidentes de violência de multidões enfurecidas, tranquilizou seu amigo, dizendo que a Reuters fizera uma avaliação dos riscos antes de ele se “embutir” junto às Forças Especiais. Os editores e gerentes da Reuters têm a responsabilidade de aproveitar ou rejeitar missões de risco de seus profissionais e possuem o poder de encerrar essas missões. Os próprios jornalistas também têm a opção de se retirarem de campo.

“Não se preocupe”, escreveu Siddiqui. “Saberei quando for hora de cair fora.”

Três dias depois disso, em 16 de julho, Siddiqui e dois comandos afegãos morreram num ataque do Talibã durante outra missão, esta uma tentativa fracassada de retomar a cidade fronteiriça crucial de Spin Boldak. Essa derrota retumbante foi um primeiro marco importante no colapso das forças militares afegãs. Nas semanas seguintes o Talibã conquistou uma cidade após outra. Sua vitória final e máxima se deu em meados de agosto, quando Cabul tornou-se a última cidade a cair.

A morte de Siddiqui ressalta os riscos enfrentados por jornalistas, tanto da imprensa internacional quanto de veículos locais, quando cobrem conflitos e disputas políticas. Organizações de mídia vêm discutindo as melhores maneiras de proteger a integridade física de seus profissionais, ao mesmo tempo em que divulgam notícias de interesse público vital.

De acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), mais de 600 jornalistas foram mortos em todo o mundo desde 2010. O Afeganistão vem sendo especialmente perigoso para jornalistas, tendo até o início de agosto respondido por 35 dessas mortes, 28 delas de jornalistas locais.

Quando imagens tenebrosas do corpo de Siddiqui começaram a circular nas redes sociais, seus familiares e colegas ficaram arrasados. Alguns dos detalhes sobre sua morte ainda não foram esclarecidos, mas já emergiu informação suficiente para que seja traçado um relato breve do que ocorreu.

Os primeiros relatos indicavam que Siddiqui morreu em um fogo cruzado quando tentava fazer fotos no bazar de Spin Boldak, um posto de travessia entre o Afeganistão e Paquistão cujo controle era fortemente disputado.

Mas uma análise detalhada das comunicações de Siddiqui com a Reuters, além de relatos de um comandante das Forças Especiais afegãs, mostram que primeiramente o fotógrafo foi ferido por estilhaços de um foguete e levado para uma mesquita local para receber atendimento médico. E morreu, segundo o oficial comandante afegão, depois de ser abandonado com dois soldados no meio da confusão de uma retirada.

O major general Haibatullah Alizai, que foi comandante do Corpo de Operações Especiais afegão quando este recebeu Siddiqui em Kandahar, disse à Reuters que ficou claro agora que durante os combates intensos seus soldados se retiraram de Spin Boldak e deixaram para trás Siddiqui e dois comandos que o acompanhavam, pensando equivocadamente que eles haviam partido em retirada com o comboio. Seu relato foi corroborado por quatro soldados que disseram ter testemunhado o ataque.

“Eles foram largados lá”, disse Alizai.

Outras das circunstâncias que envolvem a morte de Siddiqui ainda não estão claras. Autoridades de segurança afegãs e funcionários governamentais da Índia disseram à Reuters que, a julgar por fotos, informações de inteligência e um exame do corpo do fotojornalista, ele foi mutilado após sua morte, enquanto estava nas mãos do Talibã. O grupo fundamentalista islâmico nega que isso tenha ocorrido.

Um perito britânico em balística consultado pela Reuters, Philip Boyce, da Forensic Equity, reviu fotos publicadas em redes sociais pouco após o ataque e as comparou a fotos e radiografias feitas depois de o corpo de Siddiqui ser recuperado do Talibã.

Boyce conclui que é “evidente que o corpo recebeu múltiplos tiros depois de morto”. Segundo alguns relatos, um veículo teria passado sobre seu corpo já morto. Boyce disse que as lesões observadas nas fotos condizem com tiros e não implicam necessariamente em outros tipos de ferimentos após a morte.

O porta-voz do Talibã Zabihullah Mujahid disse que os ferimentos de Siddiqui ocorreram antes da descoberta de seu corpo por combatentes do Talibã.

A morte dde Siddiqui repercutiu fortemente na Índia e na comunidade fotojornalística mundial. O profissional dividira com colegas um Prêmio Pulitzer de fotografia especial por suas imagens icônicas do êxodo de refugiados rohingyas de Mianmar em 2018.

Ficou famoso em seu país e tornou-se alvo de ameaças por imagens que captaram insights penetrantes sobre a política e as tensões sociais na Índia, incluindo as imagens pungentes que fez no início deste ano das piras funerárias de vítimas da Covid-19 e, no ano passado, de uma turba de hindus enfurecidos espancando um muçulmano em Déli.

O renomado fotógrafo da agência Magnum Raghu Rai disse à Reuters que trabalhos dessa natureza converteram Siddiqui em um dos fotojornalistas mais importantes da Índia. “Ele é uma dessas pessoas raras, sem sombra de dúvida, e estar fazendo este trabalho nos tempos de hoje é tremendamente desafiador, algo que mete medo”, disse Rai, 79 anos.

Em comunicado à imprensa, a família de Siddiqui refletiu: “Danish era não apenas um profissional excepcional, mas também um ser humano maravilhoso que captava a verdade com a lente de sua máquina”.

A morte do colega altamente respeitado, pai de dois filhos pequenos, causou angústia na Reuters. Alguns dos jornalistas da agência de notícias questionam se a Reuters ofereceu segurança suficiente a Siddiqui em sua missão. Este relato foi redigido e editado por jornalistas da Reuters que não participaram da gestão da missão ou das decisões que o levaram a ser aprovado para ela.

Krishna N. Das, correspondente sediado em Déli que trabalhou com Siddiqui, disse que alguns colegas chamaram a atenção para a decisão de editores da Reuters de permitir que o fotógrafo continuasse a acompanhar as forças afegãs após o ataque de RPGs em 13 de julho que danificou seu Humvee.

“Por que o deixaram voltar a acompanhar os militares?”, perguntou Das. “Por que não o tiraram da missão?”

Outros dizem que ficar integrado a uma missão com forças afegãs altamente treinadas foi uma maneira apropriada de cumprir a missão que Siddiqui assumiu de prestar testemunho da luta.

“Se você tem a oportunidade de participar de uma missão como essa, você a agarra”, falou Goran Tomašević, outro fotógrafo da Reuters famoso por suas imagens de guerra, falando do trabalho final de Siddiqui. “O lugar mais seguro para se estar em muitos casos é acompanhando um grupo de soldados como esses.”

Profissionais da redação familiarizados com o processo decisório disseram que a inclusão de Siddiqui na missão com soldados no Afeganistão recebeu o apoio de editores fotográficos seniores, foi avalizada por assessores externos e gerentes da redação que lidam com segurança e foi revista por um grupo de editores de alto nível que se reúnem regularmente para estudar missões de trabalho potencialmente de alto risco.

Esse grupo, que inclui a editora-chefe Alessandra Galloni, a editora-executiva Gina Chua, responsável por segurança, e John Pullman, o editor-gerente global de materiais visuais, autorizou a missão acompanhando as Forças Especiais afegãs treinadas pelos EUA. Chua, que se negou a dar declarações, aprovou mais tarde a decisão de enviar Siddiqui a Spin Boldak, segundo informou uma pessoa que está a par do assunto.

Entrevistas com gerentes e profissionais da Reuters, além de uma revisão de comunicações por email, indicam que editores do sul da Ásia não participaram da decisão de enviar Siddiqui para acompanhar os comandos afegãos e tampouco foram avisados com antecedência sobre a missão em Spin Boldak.

A Reuters, uma unidade da Thomson Reuters Inc, disse em comunicado que as decisões sobre envio de profissionais em missões que envolvem deslocamentos “são tomadas coletivamente”. Em comunicado escrito, Galloni disse que concordou com a inclusão de Siddiqui na missão das Forças Especiais afegãs. “Como editora-chefe, assumo responsabilidade plena pela decisão”, ela escreveu.

A Reuters disse que os fatos relativos à morte de Siddiqui são objeto de revisões internas e externas e que a empresa está trabalhando arduamente para verificar os fatos.

Em email enviado a profissionais da empresa em 23 de julho, Galloni descreveu Siddiqui como “nosso colega brilhante e amigo leal” e elogiou seu olhar constante e profundo que expunha verdades incômodas. Prosseguiu: “Sei também que muitos de vocês desejam respostas. Nós também as queremos.” Disse ainda que o processo de revisão que estava em curso “inclui uma análise detalhada de nossos procedimentos de segurança”.

LIVRO DE RECORDAÇÕES

A Reuters foi fundada em 1851 por um alemão de espírito empreendedor chamado Julius Reuter, que enviava notícias financeiras por pombos-correio. A agência possui uma tradição longa de cobrir conflitos para sua clientela de investidores e outras organizações de mídia, que confiam em seu alcance mundial.

A agência coloca em suas maiores Redações livros feitos à mão de memórias contendo relatos dos jornalistas que morreram no cumprimento de seu trabalho. O primeiro trata de Francis John Lamplow Roberts, jornalista de 25 anos que morreu de enfermidade em 1885 quando cobria a campanha militar britânica na Guerra Madista, no Sudão. O livro contém 33 nomes. O de Siddiqui será o 34º.

Como muitas grandes organizações noticiosas, a Reuters intensificou seus procedimentos de segurança consideravelmente nos últimos anos. Em 2011, a empresa nomeou um gerente editorial responsável pela segurança e criou uma equipe de especialistas, dotado de poder de veto, para avaliar coberturas potencialmente de alto risco.

A Reuters ampliou seu treinamento dado a jornalistas que trabalham em ambientes hostis, ajudou a desenvolver padrões internacionais de segurança para jornalistas freelancers e distribuiu equipamentos de segurança compulsórios para profissionais e freelancers que operam em zonas de conflito.

O foco sobre a segurança foi intensificado após a morte em 2013 de Molhem Barakat, fotógrafo sírio de 18 anos que trabalhava para a Reuters como freelancer. São avaliadas as habilidades e a experiência dos profissionais envolvidos, sendo exigido treinamento em trabalho em ambientes hostis; até que ponto a cobertura de um conflito é necessária e merece ser realizada; e os perigos que o repórter ou fotógrafo vai enfrentar. Três jornalistas da Reuters foram mortos nos últimos dez anos, incluindo Siddiqui. Onze morreram nos dez anos anteriores.

Em seu comunicado, a editora-chefe Galloni disse: “Como organização noticiosa que opera em 200 locais, consideramos a segurança de nossos jornalistas nossa prioridade maior e desenvolvemos um programa rigoroso de segurança para aqueles que atuam em ambientes hostis”.

Nascido em 1983, Siddiqui entrou para a Reuters em 2010 como estagiário em Déli, cidade onde cresceu. Pouco depois mudou-se para Mumbai, a capital financeira da Índia, onde passaria quase uma década, cobrindo notícias na Índia e em todo o mundo. Ele também cobriu conflitos. Recebeu treinamento para fazer seu trabalho em ambientes perigosos, e suas missões de trabalho incluíram duas em que acompanhou soldados no Afeganistão e no Iraque.

Siddiqui recebeu diversos prêmios por seu trabalho, incluindo o Pulitzer dado à sua equipe pela cobertura da crise dos refugiados rohingyas. Em 2019 ele retornou de Mumbai a Déli como fotógrafo chefe para a Índia, comandando um grupo de cerca de 12 fotojornalistas. Com a camisa bem enfiada na calça jeans e os cabelos cuidadosamente repartidos, ele frequentemente andava pela redação com uma xícara de café na mão, brincando com seus colegas.

Eles recordam que, durante missões que o afastavam de sua família por períodos mais longos, Siddiqui costumava conversar com seus filhos, de 5 e 3 anos, em ligações de vídeo, antes de eles irem para a cama. Às vezes lhes mostrava onde estava, lhes contava sobre seu trabalho e perguntava o que haviam feito naquele dia.

Foi em Déli que Siddiqui produziu alguns de seus trabalhos mais memoráveis, incluindo fotos que documentaram tensões entre a maioria hindu indiana e a grande minoria muçulmana.

Cobrir notícias em seu próprio país encerrava riscos. No início do ano passado, durante tumultos sectários letais em Déli, Siddiqui, que era muçulmano, esquivou-se de pedras, bombas de gasolina e granadas de fumaça e então conseguiu fazer fotos perturbadoras de um muçulmano sendo espancado impiedosamente por uma multidão de hindus enfurecidos.

A turba acabou por encurralar o próprio fotógrafo, suspeitando que fosse muçulmano. Siddiqui conseguiu escapar por pouco. Mais tarde virou alvo de uma longa barragem de ataques online de pessoas de direita enfurecidas por suas imagens, que chamaram a atenção no país.

Este ano ele produziu um conjunto de imagens das piras funerárias de vítimas da Covid-19. As imagens foram reproduzidas mundialmente. Feitas em um momento em que o governo dizia que estava tomando medidas adequadas para combater o vírus, as imagens mostravam com detalhes explícitos e inegáveis quão letal a epidemia se tornara.

Elas motivaram reações negativas, especialmente nas redes sociais, em que Siddiqui foi caracterizado como “abutre”. Alguns, mais tarde, festejariam online a sua morte. Mas também houve manifestações numerosas de dor e solidariedade diante de sua morte.

Numa palestra TED em 2020, Siddiqui mostrou alguns de seus trabalhos e descreveu sua missão como fotojornalista. “Meu papel é funcionar como espelho. Quero expor vocês à verdade crua e convertê-los em testemunhas dela”, ele disse. “Você podem olhar para o outro lado ou agir para mudar alguma coisa.”

Quando a pandemia começou a arrefecer ligeiramente, Siddiqui buscou uma nova missão de trabalho. No Afeganistão, o Talibã estava em movimento. Siddiqui pediu a seus editores para cobrir a notícia. Colegas dele disseram que ele sabia que havia riscos.

Siddiqui confiou a um colega da Reuters que no passado raramente sentira medo no trabalho. Mas agora, como pai de filhos pequenos, começara a pensar muito mais em sua segurança. “Já trabalhei em situações difíceis e missões diversas”, ele disse, segundo o colega. “Nunca senti medo. Mas desde que me tornei pai, sinto medo de verdade.”

Mesmo assim, ele acreditava que a notícia merecia ser coberta. “Se nós não formos, quem é que vai?” ele teria dito nas semanas que antecederam seu envio ao Afeganistão, conforme recordou seu gerente, o editor de fotografia da Ásia Ahmad Masood. Ele próprio afegão, Masood hoje trabalha na sede da Reuters Ásia em Singapura.

No auge da guerra dos EUA no Afeganistão, dezenas de organizações noticiosas tinham sucursais em Cabul. Nos anos seguintes, o número de correspondentes estrangeiros caiu. Diante dos custos altos e da instabilidade crescente, a maioria das organizações noticiosas reduziu sua cobertura.

AVALIANDO RISCOS

Segundo um amigo íntimo de Siddiqui que trabalha para outra organização noticiosa, antes de ir ao Afeganistão o fotógrafo começou a avaliar a possibilidade de uma missão dita “embedded”, em que ele acompanharia uma força de combate para poder receber a proteção dela enquanto observava o conflito de perto. Trata-se de uma tática utilizada comumente por organizações noticiosas que atuam em zonas de conflito.

Na chegada a Cabul, no início de julho, Siddiqui e os editores da Reuters primeiro estudaram a possibilidade de ele acompanhar um líder de milícia afegão, contou Rickey Rogers, editor global de fotos da Reuters, sediado nos Estados Unidos. De acordo com uma pessoa com conhecimento direto das discussões, a Reuters ouviu os conselhos de um consultor externo de segurança sobre essa possibilidade. O consultor disse que a missão deveria ser possível desde que determinadas condições fossem satisfeitas, mas Rogers disse que a ideia foi abandonada quando o líder da milícia voltou atrás.

No sábado, 10 de julho, apareceu a oportunidade de uma missão “embedded” com as Forças Especiais afegãs que começaria no dia seguinte. De acordo com Rogers, uma proposta nesse sentido foi enviada a um grupo de editores seniores da Reuters que têm a palavra final sobre questões de segurança. O grupo é presidido por Chua e inclui a editora-chefe Galloni; Pullman, o editor-gerente global de materiais visuais, que é o gerente de Rogers; e integrantes da equipe de operações da empresa, que se reporta a Chua e é responsável pela segurança.

O grupo de segurança aprovou o plano. “Estávamos falando das Forças Especiais afegãs, a elite”, disse Rogers. “Eles tinham todos os hospitais à sua disposição, todos os equipamentos necessários para evacuar, incluindo suporte aéreo.” Siddiqui iria ao encontro deles perto de seu QG nos arredores de Kandahar.

As Forças Especiais afegãs, compostas de alguns dos combatentes mais altamente treinados do país, estavam ao centro da batalha contra o Talibã. Nas semanas que antecederam a missão de Siddiqui elas sofreram baixas pesadas. Em um incidente ocorrido em 16 de junho, a mídia internacional noticiou que mais de 20 comandantes foram mortos pelo Talibã.

Asfandyar Mir, analista de segurança especializado no Afeganistão e no Paquistão, disse que o Talibã encara as Forças Especiais como “seu principal adversário no campo de batalha”.

A Reuters disse em comunicado que consultou especialistas externos em segurança sobre a missão proposta acompanhando as Forças Especiais, acrescentando: “Trabalhamos em cooperação estreita com especialistas externos em segurança, assessores e fontes locais –além de nossos profissionais na região e que possuem conhecimentos especializados sobre a região— para avaliar as condições em campo. Em ambientes em que as condições estão mudando rapidamente, revemos e adaptamos nossos planos.”

Outras organizações noticiosas também colocaram jornalistas na linha de frente com forças afegãs. À medida que o avanço do Talibã foi ganhando força, em julho, algumas delas começaram a impor mais restrições aos deslocamentos de seus profissionais. Jornalistas de três veículos noticiosos internacionais disseram que hoje enviar jornalistas em missões acompanhando Forças Especiais é algo que só é cogitado em certas situações –por exemplo, dentro de uma área urbana definida em que as linhas de frente são claras. Elas consideram que tais limites podem facilitar a retirada em situações de perigo.

Em conflitos recentes, como na Líbia e na Síria, jornalistas da Reuters geralmente ingressaram em zonas de guerra acompanhados por um assessor de segurança. Esses assessores normalmente são ex-policiais ou soldados desarmados que se mantêm atentos para evitar problemas. Mas assessores desse tipo são utilizados menos frequentemente por veículos internacionais quando seus profissionais acompanham forças altamente treinadas, uma vez que essas forças são responsabilizadas pela proteção dos jornalistas.

Diferentemente de algumas outras organizações de mídia, na época da morte de Siddiqui a Reuters não contava com nenhum especialista em segurança em Cabul nem no sul da Ásia.

No passado a Reuters empregou um assessor de segurança global em regime de tempo integral, um ex-policial da Irlanda do Norte com décadas de experiência em situações de conflito e que se mantinha disponível 24 horas por dia para assessorar jornalistas em suas missões. Ele se aposentou em março, após 16 anos de serviço, e a empresa ainda não o substituiu.

“A Reuters normalmente não contrata assessores externos de segurança para supervisionar operações. A Reuters administra e supervisiona sua própria segurança”, disse a agência de notícias. “As organizações noticiosas diferem em seus processos e posições, e um assessor externo de segurança não teria o mesmo nível de familiaridade com nosso pessoal, nossos protocolos e práticas.”

Siddiqui partiu para Kandahar no domingo 11 de julho, o dia em que a Índia disse que havia retirado todos seus cidadãos de seu consulado na cidade em função dos combates intensos nas proximidades.

Foi de Kandahar que o Talibã lançou sua conquista inicial do país, no início dos anos 1990. A cidade fica próxima à fronteira com o Paquistão, um dos poucos países a reconhecer o governo do Talibã quando o grupo islâmico de linha dura governou o país, até ser derrubado na invasão americana de 2001.

Siddiqui estava alegre quando chegou à base das Forças Especiais em Kandahar naquele domingo, contaram colegas. Sua missão começou na mesma noite. Dois dias mais tarde, em 13 de julho, ele encaminhou suas imagens e seu relato do ataque de RPGs contra seu comboio.

Depois de o despacho ser publicado, colegas deles da Reuters em Déli brincaram com Siddiqui, falando de suas missões ousadas. Ele os convidou, também de brincadeira, a visitá-lo no Afeganistão. Mas corrigiu um colega que disse que ele vinha assumindo “riscos não calculados”.

“Ahn… você está equivocado, amigo”, ele disse em mensagem de WhatsApp na noite antes de sua morte. “Há avaliações de risco feitas para tudo.”

FORÇAS ESPECIAIS

Siddiqui postou sobre o ataque com RPGs no Twitter, mostrando uma foto dele próprio deitado numa área gramada e escrevendo que havia descansado por apenas 15 minutos após 15 horas na missão. O editor fotográfico para a Ásia, Masood, disse que nesse ponto ele perguntou a Siddiqui se queria continuar.

“Você é quem pode avaliar melhor a situação”, Masood disse que falou a Siddiqui. “Você tem todo o direito de voltar a Cabul. Quer fazer isso?”

Siddiqui refletiu sobre o assunto e então disse a Masood que queria continuar. Rogers disse que uma equipe de gerência discutiu diariamente a continuidade de seu envolvimento com as Forças Especiais. Essa equipe, ele falou, instruiu Siddiqui a permanecer em segurança na base em Kandahar por 24 horas para ver se outras patrulhas seriam atacadas no dia seguinte. Siddiqui o fez, e não houve ataques nos dois dias seguintes.

Seu trabalho de reportagem foi elogiado internamente. Um editor sênior de vídeo enviou uma nota à redação elogiando sua “tomada muito estável” depois de seu veículo ter sido diretamente atingido por uma granada.

Questionada sobre o porquê de não ter tirado Siddiqui da missão após o ataque com RPGs, a Reuters disse: “Fizemos uma pausa e uma revisão da situação em campo, que incluiu o monitoramento das atividades da unidade em Kandahar. Depois disso o autorizamos a continuar com a missão”.

Siddiqui permaneceu na base das Forças Especiais em Kandahar na quarta e quinta, aguardando informações atualizadas sobre a próxima missão das Forças Especiais.

Em 14 de julho, forças do Talibã haviam invadido Spin Boldak, uma cidade árida situada na fronteira volátil com o Paquistão e conhecida pelo contrabando de ópio. No passado, a Índia acusou o Paquistão de abrigar a liderança do Talibã na província de Baluquistão, do outro lado do posto de travessia de Spin Boldak. O Paquistão disse que a Índia emprega espiões na área da fronteira. Cada lado nega as acusações do outro —mas, de acordo com analistas, a área era uma região de alto risco para qualquer indiano se aventurar.

As Forças Especiais se ofereceram para levar Siddiqui com elas quando tentassem recapturar a cidade. Siddiqui alertou seu gerente Masood, que enviou email a Rogers às 18h50 pelo horário afegão na quinta, 15 de julho, pedindo permissão para Siddiqui juntar-se à operação.

Seguiu-se uma troca de emails ao longo de 43 minutos envolvendo editores fotográficos e um gerente de operações da Reuters baseado fora da Ásia. Participantes na troca de mensagens destacaram que não haviam ocorrido ataques à unidade das Forças Especiais desde o incidente em 13 de julho em que o veículo de Siddiqui fora atingido.

“A não ser que alguém tenha objeções a fazer, acho que estamos de acordo em aprovar isto”, escreveu o gerente de operações. Um editor fotográfico respondeu concordando. Eram 19h33. A missão estava prevista para começar antes da meia-noite. De acordo com uma pessoa a par do assunto, Chua aprovou a decisão.

Perguntada se a Reuters avaliou as condições de segurança em Spin Boldak, a empresa disse que, na avaliação feita da missão de Siddiqui em Kandahar, foi considerada a possibilidade de missões de tipo semelhante à de Spin Boldak. “O próprio local Spin Boldak não foi avaliado”, ela acrescentou.

Em uma ligação com profissionais da empresa no sul da Ásia após a morte do fotógrafo, Chua disse que antes de decidir enviar Siddiqui a Kandahar a equipe de segurança da Reuters “levou em conta o fato de ele ser indiano”. “Compreendemos que esse também era um fator de risco. E contrabalançamos isso com sua experiência, sua capacidade de julgamento. Ele era bem treinado. Estava bem equipado.”

CONVERSAS FINAIS

No Afeganistão, Siddiqui manteve contato com amigos pelas redes sociais.

Em 11 de julho, depois de a Índia ter evacuado funcionários de seu consulado em Kandahar, Siddiqui enviou a seu amigo íntimo, um jornalista, um link para um artigo sobre o assunto e revelou que estava na cidade. “Se cuide, por favor”, escreveu seu amigo. “Sim, sim, vou sair daqui se eu achar que a situação está ruim demais”, Siddiqui respondeu.

Dois dias mais tarde, em 13 de julho, ele compartilhou um link para um texto sobre o ataque ao veículo em que havia estado e tranquilizou o mesmo amigo, dizendo que “cairia fora” se fosse necessário. Em 15 de julho, na noite antes de sua morte, Siddiqui compartilhou no Twitter uma série de publicações descrevendo sua experiência com as Forças Especiais com um grupinho de amigos de infância em um grupo particular de WhatsApp. Os posts incluíram as imagens dramáticas que ele fizera do ataque de RPGs.

“ISTO É UMA DOIDEIRA TOTAL!” respondeu um amigo em questão de minutos, segundo capturas de tela das mensagens. Ele perguntou a Siddiqui sobre seu seguro de vida.

Na mesma noite Siddiqui enviou mensagens a colegas no Afeganistão e Paquistão, entre eles Gibran Peshiman, chefe da sucursal da Reuters no Paquistão, que também é responsável pela sucursal em Cabul, para lhe dizer que enviaria matérias. “Pessoal, me digam quem vai estar na redação amanhã cedo”, ele escreveu. “Terei material para enviar.” Siddiqui não mencionou o plano de acompanhar uma missão de combate a Spin Boldak.

Às 23h04 da quinta-feira, 15 de julho, Siddiqui enviou uma mensagem ao editor de imagens da Ásia, Masood, em Singapura: “Deixando a base”. Era o sinal indicando que ele estava de partida. Siddiqui estava no mesmo veículo do major Sadiq Karzai, que comandava o ataque a Spin Boldak, segundo as Forças Especiais.

Dezenas de Humvees deixaram a base com o objetivo de retomar Spin Boldak, disse Siddiqui a Peshiman em mensagem enviada às 5h09 da manhã seguinte. Às 6h33 ele ligou para Peshiman de um número afegão. Eles conversaram por quatro minutos. Siddiqui lhe disse que eles previam um “contato” –ou seja, deparar-se com forças do Talibã— nos próximos minutos.

Um cache de 350 imagens da câmera de Siddiqui, que foi recuperada pela Reuters, registra sua trajetória por uma paisagem árida e nublada.

Às 7h30 Siddiqui passou por um caminhão abandonado da polícia com o pneu direito estourado. Ele estava a cerca de 12 km de Spin Boldak, num desfiladeiro entre dois afloramentos rochosos. Conhecido como Monte Wat —em tempos de paz o lugar é usado frequentemente para piqueniques.

Às 7h30 Siddiqui enviou mensagem de voz a Peshimam informando que estavam ocorrendo combates pesados. Um minuto mais tarde seu veículo chegou a uma barreira na estrada. Uma série de 97 quadros capturados ao longo de dez segundos mostra lufadas de fumaça expelidas pelo impacto de foguetes e disparos. Projéteis de rastreamento laranjas disparados de uma metralhadora atingem uma construção à sua esquerda.

Enquanto os comandos se protegem, Siddiqui parece desembarcar de seu veículo para capturar a ação. A última imagem, feita às 7h34, mostra um comando agachado atrás de um muro, lançando um RPG. Análises de imagens de satélite e de um mapa de referência fornecido pelas Forças Especiais indicam que Siddiqui estava a 2,1 km do centro de Spin Boldak. Os militares identificaram o local como sendo o posto de gasolina e complexo de mesquita Shanaki.

Às 7h41 Siddiqui enviou uma mensagem de voz a Masood. Ouviam-se sons de disparos intensos. É possível ouvir Siddiqui dizendo a outra pessoa: “O que é, um RPG?”. Um minuto mais tarde, outra mensagem de voz: “Masood, fui atingido”.

Os dois conversaram ao telefone três minutos mais tarde. Siddiqui disse a Masood que fora atingido por estilhaços de granada na parte de trás do braço esquerdo. Ele passou o telefone a um dos integrantes da unidade, que garantiu a Masood que o ferimento era superficial.

“Estamos tirando-o daqui”, disse o homem.

Às 7h53 Siddiqui falou com um colega fotojornalista em Cabul, dizendo que estava abrigado em uma mesquita.

Às 7h59 ele compartilhou sua localização ao vivo com Masood através do tracking de seu smartphone. Às 8h01, em sua última mensagem, o fotógrafo respondeu a Masood, que lhe perguntara como estava seu ferimento. “Dói, só isso”, ele disse.

Ao longo da hora seguinte o sinal do telefone de Siddiqui se deslocou lentamente de Spin Boldak ao longo da estrada principal em direção a Kandahar. Peshimam, Masood e o colega em Cabul tentaram ligar para Siddiqui ao longo desse período, mas as ligações não foram atendidas. O sinal de tracking de Siddiqui parou às 9h06 no Monte Wat.

Por volta das 10h, Masood e o colega de Siddiqui em Cabul conseguiram ser atendidos, separadamente, pelo telefone de Siddiqui. Mas ficaram alarmados porque em ambos os casos não foi Siddiqui quem atendeu. Era um desconhecido que se identificou como comerciante e então desligou.

Masood organizou uma teleconferência com editores e gerentes de operações para explicar o que acontecera. Durante essa ligação, outro fotógrafo da Reuters em Cabul enviou mensagem a Masood com fotos que estavam circulando nas redes sociais. Masood percebeu imediatamente que o homem visto nas fotos era Siddiqui.

“Meu deus, ele foi morto”, ele disse. Fez-se silêncio.

RELATOS CONFLITANTES

Segundo as primeiras informações a chegar, Siddiqui teria sido morto no bazar de Spin Boldak. Mas os registros do rastreador de tracking de seu telefone, relatos do comandante das Forças Especiais, do Talibã, de outros funcionários locais de segurança, além de fotos e vídeos postados em redes sociais, formam um quadro mais completo, embora ainda não haja certeza em torno de muitos detalhes importantes.

Alizai, o comandante das Forças Especiais, disse à Reuters que seus comandos, apoiados por outras forças de segurança afegãs, haviam avançado naquela manhã para o complexo de posto de gasolina e mesquita onde Siddiqui fez suas últimas fotos. Havia apoio aéreo disponível para as tropas.

Com base em comunicações trocadas na época e entrevistas realizadas com comandos quando retornaram à base, Alizai concluiu que Siddiqui se abrigou na mesquita, onde foi tratado por um paramédico das Forças Especiais pelo ferimento provocado por estilhaço de granada. O atendimento foi acompanhado por Karzai.

Quando Siddiqui estava sendo evacuado, o Talibã lançou novo ataque, e todas as unidades do governo foram forçadas a se retirar. Um comandante da polícia que estava nas proximidades nesse momento fez um relato semelhante à Reuters. Nesse momento, disse Alizai, seus homens perderam contato com Karzai, Siddiqui e o paramédico. Eles pensaram, equivocadamente, que os três tivessem embarcado em um dos veículos que estavam em retirada.

Quatro outros membros da Força Especial entrevistados pela Reuters confirmaram o relato de Alizai de que Siddiqui e os dois soldados foram deixados para trás na retirada realizada às pressas. Um oficial sênior, vice-comandante da operação, disse que o Talibã atacou o local a partir de três lados. “Os combates ficaram tão intensos que não sabíamos onde Danish estava”, ele disse.

Depois de um artilheiro no Humvee de Karzai ser atingido por um morteiro, todos começaram a partir. O motorista de outro Humvee disse que ouviu gritos urgentes instruindo Karzai a voltar aos veículos, mas naquele momento, disse o motorista, os talibãs fecharam o cerco em volta deles, e Siddiqui, Karzai e o paramédico foram baleados quando tentavam correr até os veículos em retirada. “Vi isso com meus próprios olhos”, ele falou. Acreditando que eles tivessem morrido, também esse motorista partiu.

Alizai disse que um de seus oficiais então conseguiu ser atendido pelo telefone de Karzai. Sua ligação foi atendida por alguém que se identificou como combatente do Talibã que lhe disse: “Vocês estão trazendo indianos para nos combater”. O oficial respondeu: “Não atirem nele. Ele é jornalista.” “Já matamos o sujeito”, respondeu o combatente. Não houve mais contato depois disso.

Alizai disse que acha que os combatentes do Talibã podem ter pegado o telefone de Siddiqui e o levado com eles quando perseguiram as Forças Especiais até o Monte Wat, onde os talibãs pararam e formaram linhas defensivas.

A Reuters não pôde determinar de modo independente se o Talibã matou Siddiqui intencionalmente ou se profanou seu corpo. Familiares de Siddiqui disseram acreditar que ele foi assassinado brutalmente e que seu corpo foi mutilado.

“Reiteramos nossa exigência de que a questão seja investigada para que os responsáveis por esse crime hediondo sejam levados à justiça”, diz o comunicado emitido pela família do jornalista.

Às 9h40, 34 minutos depois de o sinal de tracking do telefone de Siddiqui ter parado, as primeiras fotos de seu corpo foram postadas no Twitter. Fotos de Humvees capturados vieram minutos mais tarde. Às 10h24 o porta-voz do Talibã Zabihullah Mujahid postou no Twitter um vídeo do mesmo local onde o rastreador do telefone de Siddiqui parou de transmitir sinais —o local pode ser identificado pelos afloramentos rochosos e três grandes mastros de rádio—, dizendo que combatentes do Talibã haviam “esmagado” forças do governo em um enfrentamento no local.

Contatado posteriormente para este artigo, Mujahid disse que, depois dos combates pesados em volta da cidade de Spin Boldak, o Talibã emboscou as Forças Especiais afegãs na estrada de volta a Kandahar, capturando três Humvees e destruindo dois outros, além de uma picape. Esses combates também foram pesados, ele disse, envolvendo cem veículos blindados e picapes. “A maior emboscada realizada por nós” foi na área do Monte Wat, ele disse.

“Não sabemos exatamente onde Danish foi morto, mas reconhecemos seu corpo quando encontramos três corpos estendidos à margem da estrada.” Siddiqui estava identificado como jornalista pela palavra “PRESS” (imprensa) estampada em sua jaqueta. Os dois outros mortos eram os militares afegãos que estavam com ele: Karzai e o paramédico, identificado pelas forças afegãs apenas como Abass.

O porta-voz negou relatos segundo os quais Siddiqui teria sido capturado e executado, além das alegações feitas por forças de segurança afegãs e funcionários do governo indiano de que seu corpo teria sido profanado.

“É completamente errado dizer que Danish foi primeiramente ferido, depois capturado e morto, de modo que rejeito essa informação. Ela é totalmente equivocada”, ele disse. “Reafirmamos que essa morte ocorreu no campo de batalha. Não podemos afirmar de quem partiu a bala que atingiu Danish Siddiqui e não tínhamos informação anterior sobre sua presença na área.”

No domingo, 18 de julho, profissionais da sucursal recolheram os pertences de Siddiqui em Cabul. Seu quarto ali tinha sido deixado como qualquer jornalista poderia tê-lo deixado quando partisse às pressas. Roupas e sua toalha estavam espalhadas sobre a cama desfeita. Ao lado, biscoitos e barras de chocolate Bounty, um colete à prova de punhaladas e uma malinha contendo sua câmera de reserva. Quatro semanas mais tarde o Talibã ocupou a capital.

Stephen Grey , Charlotte Greenfield , Devjyot Ghoshal , Alasdair Pal e Reade Levinson

Tradução de Clara Allain

Compartilhe esta notícia!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pt_BRPortuguese