Departamento de Defesa americano confirma que começou retirada de tropas que trabalhavam na saída dos civis
Por Folhapress
SÃO PAULO
Após os EUA matarem dois membros do Estado Islâmico que planejaram o atentado que deixou quase 200 mortos em Cabul, o presidente Joe Biden prometeu novos ataques contra o grupo terrorista islâmico e alertou que a situação ainda é “extremamente perigosa” no Afeganistão.
“Esse ataque não foi o último. Vamos continuar a caçar qualquer pessoa envolvida nesse odioso atentado e fazê-los pagar”, declarou o democrata, em pronunciamento neste sábado (28). Mais cedo, o Departamento de Defesa americano esclareceu que o ataque com drones matou dois arquitetos do atentado de quinta (26) e deixou ferido um terceiro integrante da célula afegã do grupo terrorista, EI-Khorasan.
“Posso confirmar que dois alvos do alto escalão do Estado Islâmico foram mortos, um foi ferido, e não sabemos de nenhuma vítima civil”, disse o general Hank Taylor, sobre a operação realizada na madrugada deste sábado (horário local) numa região montanhosa perto da fronteira com o Paquistão.
Biden também alertou sobre novas ameaças. “Nossos comandantes me informaram que é muito provável [que haja] um ataque nas próximas 24 horas a 36 horas. Eu determinei que tomem toda medida possível para priorizar a proteção das forças.”
Na noite deste sábado, a embaixada dos EUA em Cabul emitiu novo alerta para que cidadãos americanos deixem imediatamente a área do aeroporto, incluindo o portão sul, o novo Ministério do Interior e a entrada próxima ao posto de gasolina Panjshir, e evitem ir até o local devido a uma “ameaça específica e crível”.
Na noite desta sexta (27), a representação diplomática já havia orientado os americanos a evitarem o Aeroporto Internacional Hamid Karzai —onde o atentado reivindicado pelo Estado Islâmico matou cerca de 170 afegãos, entre os quais 28 membros do Talibã, e 13 militares americanos, além de deixar outros 200 feridos.
O aeroporto, que tem reunido multidões desesperadas para deixar o país desde que o Talibã retomou o poder, tinha quase todos os portões fechados neste sábado, e poucas pessoas conseguiam acesso. Os pequenos grupos que ainda podem conseguir embarcar estão sendo submetidos a um rigoroso processo de checagem, pelo risco de novos ataques.
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Os EUA têm corrido contra o tempo para concluir a operação de retirada até a próxima terça (31), prazo estipulado por Biden. O Pentágono afirmou que os militares também começaram a deixar o país, após duas semanas trabalhando no embarque de voos superlotados de americanos, aliados e afegãos com medo do novo governo nas mãos do grupo fundamentalista.
Segundo o presidente americano, aproximadamente 117 mil pessoas já deixaram o Afeganistão.
Enquanto centenas de milhares de pessoas ainda tentam escapar, o porta-voz do Talibã afirmou à agência Reuters, também neste sábado, que o grupo prepara um novo gabinete de governo para enfrentar as turbulências econômicas que assolam o país —há forte alta de preços de alimentos, e os bancos seguem fechados desde a tomada do poder.
Zabihullah Mujahid condenou o ataque americano contra os membros dos Estado Islâmico, no que chamou de “claro ataque em território afegão”.
Mas apelou aos Estados Unidos e a outros países ocidentais para que mantenham as relações diplomáticas com Cabul depois da saída completa do país.
Com Reuters