Série que está no Starzplay traz personagens negros, latinos, trans, não binários e deficientes
Por Estadão
Mas Queer as Folk, de novo? Ryan O’Connell, ator da nova versão, que está no Starzplay, com dois novos episódios a cada semana, explica a razão. “Ninguém deste elenco teria sido incluído nas séries anteriores”, disse ele ao Estadão, referindo-se ao Queer as Folk inglês, criado por Russell T. Davies, que estreou em 1999, e na adaptação americana, lançada no ano seguinte.
As versões anteriores tinham um elenco branco e estavam focadas em relações entre homens cis – a série americana também tinha um casal de lésbicas. No novo Queer as Folk, cuja ação se passa em Nova Orleans, há pessoas pretas, não binárias, trans e deficientes físicos, como Ryan O’Connell, que faz Julian. “A palavra queer está se expandindo para englobar muito mais coisas, e seu significado é diferente de 20 anos atrás”, disse o criador, Stephen Dunn, ao Estadão. “Para mim era importante dar visibilidade às pessoas que estão na minha vida e que nunca se veem na tela. E que esses personagens fossem autênticos e reais.”
Em sua opinião, muitas vezes paira sobre as histórias LGBT+ um peso da representação, tornando-as engessadas. “Ninguém acha que Tony Soprano e Don Draper estão representando todos os homens brancos”, disse. Por anos, as pessoas queer foram apenas o vilão da Disney, o amigo engraçado. Depois, vieram os personagens fofos, ideais para apresentar para a família. “Estamos em um ponto em que é importante ter personagens com defeitos, que não são mártires. Eles são apenas quem são”, afirmou. CG, que faz Shar, destaca a relevância de ver pessoas que erram. “E isso não significa que sejam indignas de nada, nem que não possam ser amadas.” Jesse James Keitel gosta de uma frase de sua personagem Ruthie, mulher trans e parceira de Shar: “Você pode ser trans e tóxica. Chama-se interseccionalidade”.
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O ponto de partida da história é um trauma: um ataque a uma boate. “Queer as Folk nunca se furtou a abordar as realidades da vida queer”, disse Dunn. “Mas o tiroteio não é o fim da história.” Para Fin Argus, que interpreta Mingus, adolescente não-binário que sonha em ser drag queen, a série mostra a resiliência e união da comunidade. “E fala de reconstrução, de conexão pelo amor, de se curar do trauma e encontrar alegria e completude, mesmo na adversidade.”