Melissa Barrera é uma das poucas atrizes hispânicas com ampla variedade de papéis

Desde ‘Em um Bairro de Nova York’, mexicana vem trabalhando sem parar e agora é protagonista da série ‘Respire!’, da Netflix

A atriz e cantora mexican Melissa Barrera Foto: Jeenah Moon/ Reuters

Por Estadão

Desde seu papel de destaque como Vanessa na adaptação cinematográfica de Em um Bairro de Nova York, Melissa Barrera vem trabalhando sem parar na tela grande e na pequena. Somente este ano, ela apareceu em ‘Pânico 5’ e está filmando a sequência, além de estrelar a releitura de Benjamin Millepied da ópera Carmen e Bed Rest, de Lori Evans Taylor, que ela também produziu.

A atriz mexicana pode ser vista em Respire! (Keep Breathing), uma minissérie da Netflix sobre a única sobrevivente de um acidente de avião no meio das florestas canadenses.

Junto com Ana de Armas, Barrera está entre as poucas atrizes hispânicas com ampla variedade de papéis, muito além das personagens que as latinas foram autorizadas a interpretar, com a discussão sobre a falta de representação ainda se desenrolando em Hollywood.

“É muito fácil para a indústria nos manter no canto, numa pista lateral, e só nos dar certas oportunidades que eles separam para nós”, disse Barrera em entrevista recente à Associated Press desde Montreal, onde ela está filmando Pânico.

“Quero o tipo de representação em que minha identidade não seja o centro e a parte mais importante da história que estamos contando”, acrescentou. “Sei que é necessário, e nós precisamos que as histórias latinas sejam contadas – e eu quero fazer isso. Mas também quero contar outras histórias.”

Melissa Barrera em cena da minissérie ‘respire! (Keep Breathing)’ Foto: Ricardo Hubbs/Netflix

Em Respire!, Barrera, 32 anos, interpreta Liv, uma advogada novaiorquina fria e movida pelo trabalho que, para sobreviver, tem de lutar contra uma natureza implacável e traumas pessoais. Foi um papel muito exigente que a levou à exaustão, mas a atriz diz que se esforçou e usou a dificuldade na sua performance, que ela também alimentou com traços de seu eu mais jovem.

As respostas foram editadas por questões de brevidade e clareza.

A série começa com o acidente de avião. Você já teve uma experiência estressante no ar?

Eu sou bem tranquila em aviões. Preocupação zero. Nunca vi turbulência muito forte. Nunca senti aquelas bolsas de ar onde o avião cai. Nunca tive uma experiência em que o avião toca o solo e volta, sabe?, esse tipo de coisa que faz o estômago revirar. Nunca vivi nada disso! Então não tenho medo de aviões.

Como você lidou com essa cena, então?

Já tive sonhos com acidentes de avião. Tenho esse sonho recorrente em que estou num avião e olho pela janela e tem outro avião vindo direto na nossa direção, mas sempre acordo antes da colisão. É assustador. Não sei, acho que você só canaliza algum outro medo. Canalizo a ideia de morrer e nunca mais ver minha família e meus queridos. Mas na gravação ajudou muito o fato de eles construírem esse equipamento incrível e colocarem um avião nele. Foi tipo um brinquedo na Disneylândia. O avião balançava de um lado para o outro, e isso também ajudou.

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Parece um papel muito exigente, tanto física quanto emocionalmente. Foi tão difícil quanto parece?

Foi mais difícil (risos). Eu sabia que ia ser assim, por causa da natureza da série – estou sozinha a maior parte do tempo, perdida na floresta. É um trabalho muito físico e também um arco emocional muito intenso. Sinto que é realmente uma série sobre sobrevivência, sobre sobreviver à sua mente, sobreviver às suas inseguranças, seus traumas de infância. Tudo gira em torno da sobrevivência mental, e eu sabia que seria difícil, então me preparei emocionalmente, mentalmente. É o que costuma acontecer em tudo que faço: não me canso, posso fazer a filmagem inteira, mas, depois, no final, preciso ficar uma semana de cama. Desta vez, depois de duas semanas de filmagem, não conseguia me levantar da cama. Eu estava tipo, “Onde foi que me meti? Como vou sobreviver mais dois meses e meio disso?”. Mas aí você vai lá e faz! Você aproveita a exaustão para fazer a personagem e deixa isso alimentar a frustração e a ansiedade e o pânico e tudo mais.

Liv é advogada, você é artista. Você encontrou algum terreno comum entre vocês duas?

Muito! Descobri que éramos semelhantes em muitos aspectos. Nós duas somos muito voltadas para o trabalho, gostamos de nos manter ocupadas. Eu era mais como a Liv, porque tenho dificuldade de comunicar sentimentos. Prefiro seguir em frente e me distrair para não ter que lidar com coisas emocionais, então foi fácil para mim voltar a ser como eu era e colocar isso nela.

O que fez você mudar na vida real?

Meu marido (cantor e empresário mexicano Paco Zazueta). Ele me ensinou muito sobre comunicação e deixar as pessoas entrarem e confiar e tudo mais. Ele me mudou muito no tempo que estamos juntos, aprendi muito com ele.

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Pela quantidade de trabalho que você vem fazendo desde ‘Em um Bairro de Nova York’, parece que o filme abriu muitas portas para você. Como você se sente sobre sua carreira neste momento?

Estou me sentindo bem. Sinto que cada coisa é um degrau na escada. Definitivamente, Em um Bairro de Nova York abriu muitas portas para mim – foi meu primeiro grande filme, então foi a primeira vez que muitas pessoas me viram. Adoro mostrar diferentes lados de mim com personagens diferentes. Eu me esforço para sempre mudar para um projeto que será completamente diferente – ou pelo menos muito diferente – do que acabei de fazer. E sinto que tive sorte por ter conseguido fazer isso até agora. Mas ainda sinto que estou só começando. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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