Fernando Grostein, irmão de Luciano Huck, conta ter sido vítima de estupro duas vezes

Diretor de cinema falou sobre homofobia e disse que ela o roubou ‘toda a sua adolescência’

Fernando Grostein lançará o documentário ‘Quebrando Mitos’ no dia 13 de dezembro, no YouTube, sobre a trajetória de vida dele. Foto: Iara Morselli/ ESTADÃO

Por Estadão 

O diretor de cinema Fernando Grostein, irmão do apresentador Luciano Huck, relatou à revista Piauí, nesta quarta-feira, 31, ter sido vítima de estupro duas vezes.

Criador da página Quebrando o Tabu, que soma 21,1 milhões de seguidores no Twitter, Instagram e Facebook, Fernando disse que começou a sofrer ameaças por sua orientação sexual e por seu posicionamento político ao lançar um documentário de mesmo nome em 2011.

Agora, prestes a lançar Quebrando Mitos, obra sobre a trajetória de vida dele, o cineasta decidiu se abrir sobre a homofobia que sofreu e os desafios que enfrenta desde a infância.

Aos 10 anos, Fernando perdeu o pai, o jornalista Mário de Andrade, que sofreu um ataque cardíaco fulminante. Para lidar com o luto, ele passou a cultivar flores.

Na faixa dos 12 anos, porém, Grostein começou a sofrer bullying de colegas e professores após uma reportagem sobre o gosto dele por plantas ir ao ar pelo SPTV, da Rede Globo.

Fernando foi vítima de estupro pela primeira vez com 14 anos. Ele contou que tinha traços “bastante andróginos” na época, mas que, depois do ocorrido, passou a anular seu modo de ser.

“Empostava a voz, para fazê-la mais grossa, e me reprimia na hora de caminhar, para parecer mais masculino. Nas festas, evitava dançar, para não associarem meus modos com o que rejeitavam. Passei até a reproduzir falas machistas e homofóbicas, a fim de esconder minha verdadeira identidade”, disse.

O cineasta relatou ter sido pressionado a adequar sua orientação a um padrão heterossexual. Fernando disse que, até mesmo, chegou a se apaixonar pela cantora Sandy, hoje uma das melhores amigas dele. “Em resumo: a homofobia roubou toda a minha adolescência”, afirmou.

Aos 18 anos, ele sofreu assédio sexual e, aos 20, foi sequestrado por um garoto de programa. Quando completou 28 anos, Fernando conta ter sido estuprado pela segunda vez, mas ressaltou que ainda não consegue falar sobre o episódio.

O diretor, que vive na Califórnia para se proteger de ameaças de morte, disse que escolheu criar um documentário sobre a sua vida para chamar a atenção à sobrevivência da comunidade LGBT+.

“Existem várias maneiras de matar um gay. Você pode matar um gay agredindo-o fisicamente ou tirando a dignidade dele, a ponto de não reconhecer seu próprio desejo como legítimo. […] Deixei o Brasil por ter medo. Esse sentimento, porém, não me paralisou nem me calou”, finalizou.

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

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