Lula promete diálogo com Congresso antes da posse para manter auxílio a R$ 600 em janeiro

Ao ser questionado sobre indicação de equipe econômica, contudo, o candidato do PT afirmou que não vai ‘sentar na cadeira’ antes de ganhar a eleição

Lula prometeu que, se eleito no próximo domingo, 30, começará a articular com o Congresso antes de sua posse. Foto: André Penner/AP

Estadão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu articulação com o Congresso antes mesmo de sua posse, se eleito, para manter o pagamento do Auxílio Brasil – novamente sob o nome de Bolsa Família – em R$ 600 já em janeiro. Tanto ele quanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) instrumentalizam o benefício como compromisso eleitoral durante a campanha de segundo turno. “Vamos ter de encontrar um meio de discutir com o Congresso já, você não pode mudar repentinamente, deixar as pessoas órfãs de pai e mãe no começo do ano”, disse o petista nesta terça-feira, 25.

Apesar de ambos os presidenciáveis fazerem promessas sobre o pagamento, o valor do benefício ainda é incerto. A equipe econômica do governo Bolsonaro promete negociar a manutenção do valor atual, mas não incluiu previsão de R$ 600 na proposta de Orçamento enviada ao Congresso. O montante pago atualmente vigora devido à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) “Kamikaze”, aprovada em julho, e só tem validade até dezembro.

Lula afirmou que pretende refinar o benefício para adequá-lo novamente aos padrões do Bolsa Família, impondo condicionalidades para o pagamento. “Para receber, a pessoa tem que ter a obrigatoriedade de manter os filhos na escola, de dar vacina nas crianças, se for uma mulher gestante, ela tem de fazer todos os exames, e é isso que nós vamos fazer”, disse, em entrevista à rádio Nova Brasil FM.

O petista, contudo, admitiu que não tem muita margem para manejar o Orçamento no ano que vem, dado que a proposta vigente para 2023 é de autoria do governo atual.

Lula se esquivou novamente sobre a indicação de uma equipe econômica para um eventual novo mandato como presidente. Ele justificou que um anúncio nesse aspecto afastaria apoios de economistas que aderiram à sua campanha. “Se eu anunciar uma equipe econômica, se eu tiver dois economistas, eu vou perder 10, vou perder 15. Eu não quero perder voto”, afirmou.

Ainda falando sobre sua equipe econômica, o petista entrou em contradição. Minutos após dizer que começará a articular com o Congresso antes de janeiro, ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro, ele afirmou que não vai se antecipar à posse para indicar nomes para comandar a Economia. “Eu não vou sentar na cadeira antes de ganhar”, disse.

O ex-presidente descartou “vingança”, se eleito, contra os agentes que o fizeram ser preso em 2018, como o Ministério Público e o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), eleito senador para a próxima legislatura. “Eu seria irresponsável se estivesse concorrendo à Presidência para chegar ao cargo e ficar brigando com alguém. Eu não vou voltar para brigar com ninguém”, afirmou. Lula acrescentou que pretende dialogar com todos os parlamentares eleitos, independentemente do espectro político.

Roberto Jefferson

Comentando o clima de tensão que domina o País às vésperas do segundo turno, Lula repudiou as declarações do ex-deputado Roberto Jefferson sobre a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na última sexta-feira, 21, o ex-parlamentar usou palavras de baixo calão para criticar a ministra após ela votar a favor de punição para a emissora Jovem Pan.

“O discurso do Jefferson sobre a ministra Carmen Lúcia, aquilo não se fala. Para falar aquilo, o cara deveria estar dopado. Na normalidade, ninguém fala uma grosseria daquela”, afirmou. O petista também repudiou os ataques sofridos pela deputada federal eleita Marina Silva (Rede). “Nós precisamos abaixar a bola do País”, disse.

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