Vendas do varejo sobem 0,4% em outubro, segundo IBGE

Na comparação com outubro de 2021, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 2,7%

Vendas do comércio varejista subiram 0,4% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal, diz IBGE Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Estadão

Rio -Sustentado pela injeção de recursos do Auxílio Brasil e por uma melhora no mercado de trabalho, o comércio varejista iniciou o quarto trimestre no azul. As vendas cresceram 0,4% em outubro ante setembro. No varejo ampliado, que inclui os segmentos de veículos e material de construção, o avanço foi de 0,5%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos últimos três meses de avanços consecutivos, as vendas no comércio varejista acumularam uma alta de 1,7%. No entanto, houve crescimento efetivo apenas em setembro (1,2%), avaliou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE. O aumento da inadimplência, o crédito caro e pressões inflacionárias ainda impedem vendas mais robustas, justificou Santos.

“Dos últimos quatro meses, a gente teve três meses em que não houve nem crescimento nem queda”, avaliou Santos. “Os componentes ainda estão bastante contraditórios em termos de pressão.”

Ele diz que o principal impulso ao volume vendido partiu do pagamento do Auxílio Brasil, mas que houve ajuda do avanço no número de trabalhadores ocupados, do aumento na massa de renda em circulação na economia e até da desvalorização do dólar em outubro, que beneficia os setores de eletrodomésticos e equipamentos de informática. Já a taxa de juros em patamar muito elevado diminuiu o acesso ao crédito, e a inadimplência em alta também atuou como freio à demanda das famílias.

O desempenho fez a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reduzir sua projeção de crescimento para o volume de vendas do varejo este ano, de uma alta de 1,3% para 1,1%.

“Apesar da sequência mensal positiva, a segunda parcela do 13º deverá ter um impacto menor sobre o varejo neste ano”, apontou Fabio Bentes, economista da CNC, em relatório.

Bentes prevê que o pagamento de dívidas consuma a maior parcela dos recursos do décimo terceiro nesta reta final de 2022.

“Com o desaquecimento da economia, o varejo deve sim desacelerar até o final do ano, com mais evidência em novembro do que em dezembro, mas sem movimentos abruptos”, opinou Luca Mercadante, economista da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos, que projeta estabilidade (0,0%) no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do quarto trimestre de 2022. “Apesar dos juros altos, nós vemos que outros fatores, como o mercado de trabalho aquecido, contribuem positivamente para os índices”, acrescentou.

Cinco das oito atividades que integram o comércio varejista registraram avanços nas vendas em outubro ante setembro: Móveis e eletrodomésticos (2,5%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%), Combustíveis e lubrificantes (0,4%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%). As atividades com resultados negativos foram Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,4%), Tecidos, vestuário e calçados (-3,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%).

No comércio varejista ampliado, Veículos registrou queda de 1,7%, enquanto Material de construção encolheu 3,5%.

Cristiano Santos, do IBGE, diz que as vendas de móveis e eletrodomésticos e de informática e comunicação subiram diante de uma certa antecipação de promoções e compras da Black Friday. “Teve alguma antecipação de Black Friday nesses dois setores”, afirmou.

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O volume de vendas do varejo chegou a outubro em patamar 3,4% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, as vendas operam 0,9% abaixo do pré-pandemia.

“Apenas três atividades estão acima do pré-pandemia”, frisou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.

O segmento de artigos farmacêuticos opera em patamar 20,0% acima do pré-crise sanitária; combustíveis e lubrificantes, 19,3% acima; e supermercados, 4,2% acima.

Os veículos estão 9,4% aquém do nível de fevereiro de 2020; material de construção, 3,1% aquém; móveis e eletrodomésticos, 14,3% abaixo; vestuário, 21,4% abaixo; equipamentos de informática e comunicação, 9,9% abaixo; outros artigos de uso pessoal e domésticos, 2,7% abaixo; e livros e papelaria, 35,0% abaixo.

Na comparação com outubro de 2021, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 2,7% em outubro deste ano. Quanto ao varejo ampliado, as vendas tiveram alta de 0,3% em outubro de 2022 ante outubro de 2021.

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