Minissérie com Michelle Yeoh, que estreia na Netflix, se passa 1.200 anos antes da produção principal e mostra os eventos que culminaram na Conjunção das Esferas
Estadão
The Witcher: A Origem, spin-off da série The Witcher, não tem Geralt de Rívia (e Henry Cavill). Na verdade, não tem nem “witchers”, ou humanos magos com habilidades especiais para caçar monstros. A minissérie em quatro episódios, que estreia neste domingo, 25, na Netflix, é, como House of the Dragon e O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, e como o nome indica, uma história de origem, que se passa 1.200 anos antes dos eventos de The Witcher.
Comandada por Déclan de Barra, conta os eventos que levaram à Conjunção de Esferas, uma fusão entre realidades e mundos paralelos que forçou a convivência de elfos, humanos e monstros e alterou para sempre a paisagem e a configuração do Continente, e a criação do primeiro protótipo de Witcher.
No mundo da série, o Continente, vivem apenas os elfos – e alguns anãos. Aqui, em vez de serem uma minoria colonizada, os elfos são os colonizadores e vivem o auge de sua civilização, dividida, no entanto, em três reinos em guerra há mil anos: Xin’trea, Pryshia e Darwen. Cada um deles é protegido por um grupo diferente, respectivamente o Clã dos Cães, dos Corvos e das Serpentes.
A história começa com o encontro de dois membros afastados de seus respectivos clãs. Fjall (Laurence O’Fuarain), dos Cães, foi banido depois de ter um caso com a princesa Merwyn (Mirren Mack). “Ele carrega o peso da culpa e da vergonha”, disse O’Fuarain em entrevista ao Estadão durante a CCXP, em São Paulo. Éile (Sophia Brown) abandonou a vida de guerreira e tornou-se barda. “Eu gosto de como ela ama de verdade”, disse a atriz ao Estadão. “Ela sente tudo muito profundamente, é impulsiva e radical.”
O destino coloca um no caminho do outro – e, claro, no início eles vão se detestar. Mas depois acabam se unindo para derrotar a princesa, que dá um golpe de Estado com a ajuda do mago Balor (Lenny Henry), que dizima os outros reinos ao fabricar um monstro. Fjall e Éile vão conseguir outros aliados: Scian (a sempre ótima e carismática Michelle Yeoh), a última representante do Clã Fantasma, o assassino Irmão Morte (Huw Novelli), os magos Syndril (Zach Wyatt) e Zacaré (Lizzie Annis) e a anã Meldof (Francesca Mills). É como se fosse uma versão de Os Sete Samurais deste universo.
O único personagem de The Witcher a aparecer no spin-off é Jaskier (Joey Batey), o bardo convocado por Seanchai (Minnie Driver), uma figura que serve como historiadora e narradora na cultura gaélica, para “cantar uma história de volta à vida”. “Eu gravei a terceira temporada ao mesmo tempo em que fiz essa participação”, disse Batey ao Estadão. “Aqui é um personagem mais fraco, que ainda está se descobrindo. Tanto que, quando Seanchai pede para ele ajudá-la, Jaskier tem dúvidas de que seja a pessoa certa ou que esteja habilitado para isso.”
O poder das histórias, em forma de conto, lenda ou canção, e da História com “h” maiúsculo é o grande tema aqui. Elas oferecem esperança, no primeiro caso, e poder, no segundo. Como diz a princesa: “O futuro está nos livros. O que aconteceu vai acontecer de novo”. Ou Balor: “Controle a narrativa, controle o mundo”. “As histórias podem alterar a composição societal e provocar mudanças para melhor”, disse Batey. “Uma ideia espalhada tem poder, pode levar à revolução, à transformação.”