Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, viajará para a Europa a fim de negociar com novo treinador; interino Ramon Menezes comandará o Brasil diante do Marrocos neste sábado
Estadão
Mais de três meses após o fracasso na Copa do Mundo do Catar, e oficialmente há mais de dois com o cargo vago desde que Tite assinou a rescisão de seu contrato, a seleção brasileira continua em busca de um novo treinador. No sábado, caberá ao interino Ramon Menezes comandar o Brasil no amistoso com o Marrocos, na cidade de Tanger, o primeiro da temporada. E só no mês que vem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deverá apresentar uma proposta oficial para os favoritos ao cargo.
O foco principal do presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, é Carlo Ancelotti, do Real Madrid. O nome do italiano começou a ser especulado ainda no fim do ano passado, mas nunca foi confirmado por Ednaldo – nem o dele nem o de nenhum outro. Mas por algum motivo, o presidente da CBF entende que ele é o mais “perto” do cargo.
Por trás do silêncio do cartola brasileiro está a cautela, e ela se sustenta em duas frentes. Uma delas está na preocupação em não causar nenhum embaraço com o treinador italiano que está em vista com o clube no qual está empregado, o Real Madrid no caso de Ancelotti. A outra é se precaver para o caso de insucesso na negociação. Uma recusa. O que pegaria mal para a única seleção pentacampeã do mundo.
ANCELOTTI É VIÁVEL?
Carlo Ancelotti, por exemplo, tem mais um ano de contrato com o Real Madrid. E deixou sempre claro isso em suas declarações. O clube está prestes a disputar as quartas de final da Champions League e, ainda que esteja distante da liderança, também tem alguma chance de conquistar o Campeonato Espanhol. Assim, o treinador dificilmente irá abrir negociações com a CBF antes de ter a temporada atual definida – a decisão da Liga dos Campeões é em 10 de junho.
Ednaldo também já demonstrou preocupação em não antecipar etapas. Quando o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo, nas quartas de final diante da Croácia, o dirigente voltou ao Brasil com a delegação e não comentou nada sobre a demissão de Tite até que o treinador retornasse das férias, em meados de janeiro – a legislação trabalhista impede demissão durante o período de férias. Agora, antes de abrir negociação com Ancelotti, o presidente da CBF quer se encontrar com dirigentes do Real Madrid para manifestar seu interesse. E saber quais as condições reais.
O mesmo pensamento vale para outro técnico que está no radar: o português José Mourinho, da Roma. Assim como Ancelotti, ele tem contrato até meados de 2024 e uma saída agora demandaria quebra de acordo. Mourinho não comentou nada sobre o time brasileiro. Mas ele já esteve no País tempos atrás e pode pegar essa onda dos treinadores português no Brasil.
NO FIM DA LISTA
Nomes como o francês Zinedine Zidane e do espanhol Luis Enrique também já foram citados como possíveis substitutos de Tite. Não por membros da CBF. E há ainda outros dois estrangeiros que se colocaram à disposição para treinar o Brasil: o português Jorge Jesus, cujo contrato com o Fenerbahçe, da Turquia, não deverá ser renovado; e o alemão Joachim Löw, o técnico que infligiu o 7 a 1 na seleção na Copa do Mundo de 2014.
Nenhum desses quatro, porém, estão entre os preferidos na CBF. Prova disso é que, à exceção de Jesus, os outros três estão desempregados e já poderiam ter sido contratados para o amistoso do próximo fim de semana, o que acabou não acontecendo. O português, por sua vez, vem de uma sequência de resultados ruins e não é mais o grande nome que era em 2019, quando fez sucesso no Flamengo.
Dentre os que atuam no Brasil, Abel Ferreira e Fernando Diniz são dois treinadores que tiveram seus nomes associados à seleção, mas nenhum deles ocupa o topo da lista entre os favoritos. O Palmeiras tem certeza de que seu técnico não deixará o comando da equipe.
VIAGEM
No início de abril, Ednaldo Rodrigues irá à Europa para cumprir uma agenda pública – acompanhar a Finalíssima, entre as seleções femininas de Brasil e Inglaterra – e outra nem tanto: tentar avançar na contratação de Ancelotti e, eventualmente, visitar outros clubes para além do Real Madrid.
Mesmo que até lá o time de Madri ou qualquer outro ainda esteja disputando suas competições com chances de título, Ednaldo terá o tempo a seu favor. Isso porque na semana passada a Fifa e a Conmebol confirmaram o início das Eliminatórias Sul-Americanas apenas para setembro. Assim, a data Fifa de junho será destinada apenas para amistoso, e jogar uma ou duas partidas mais uma vez com um interino deixou de ser problema.
Com os três meses adicionais até o início do qualificatório para a Copa do Mundo de 2026, a CBF poderá aguardar o término da temporada europeia para anunciar o novo técnico da seleção brasileira. Ancelotti ainda é o favorito.