Nesta sexta-feira (7), Israel revidou disparos vindos do Líbano e da Faixa de Gaza
Folha de São Paulo
Duas israelenses morreram e uma terceira ficou ferida, nesta sexta-feira (7), em um ataque a tiros contra o veículo em que elas viajavam na Cisjordânia. As mortes acontecem em meio a mais uma série de confrontos entre Israel e Palestina –desta vez, durante a celebração da Pessach e do Ramadã, importantes períodos religiosos para judeus e muçulmanos, respectivamente.
“As equipes de emergência constataram as mortes de duas mulheres na faixa de 20 anos e prestaram atendimento a outra, gravemente ferida”, anunciou o serviço nacional de emergência de Israel.
O Exército informou que o veículo foi atacado na passagem de Hamra, ao norte do vale do rio Jordão, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. Os militares também anunciaram um bloqueio das estradas da região para encontrar quem eles chamaram de terroristas. Nenhum grupo havia reivindicado o ataque até a tarde desta sexta, manhã no Brasil.
As mortes acontecem em plena escalada da tensão entre israelenses e palestinos, iniciada na quarta (5), quando a polícia de Israel invadiu a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e entrou em confronto com centenas de palestinos que passavam a noite no local –doze ficaram feridos. Como de costume, os dois se acusam mutuamente de ter iniciado a briga.
Paralelamente, na quinta (6), 34 foguetes foram disparados do Líbano em direção ao norte de Israel –o sistema de defesa aérea israelense conseguiu interceptar 25, e ninguém ficou ferido. Foi o maior ataque desde 2006, quando Israel travou uma guerra com o Hizbullah, movimento xiita libanês.
Jerusalém atribuiu os disparos ao Hamas, grupo fundamentalista palestino. No mesmo dia, o chefe da organização, Ismail Haniyeh, visitou o Líbano. Especialistas em segurança, porém, disseram à agência de notícias Reuters que o Hizbullah autorizou os ataques.
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, emitiu uma declaração condenando quaisquer operações militares de seu território que ameacem a estabilidade da região.
De qualquer forma, como também de costume, Israel revidou os ataques. Na madrugada desta sexta, os militares israelenses dispararam contra o Líbano e a Faixa Gaza, território palestino controlado pelo Hamas. Jerusalém diz que as explosões atingiram dez alvos, incluindo túneis e locais de fabricação e desenvolvimento de armas do grupo fundamentalista.
Por volta das 4h, os militares disseram que também atingiram três alvos de infraestrutura do Hamas no sul do Líbano. As explosões aconteceram na região do campo de refugiados de Rashidiyeh, perto da cidade de Tiro. Não houve feridos, segundo as autoridades libanesas.
“A resposta de Israel, esta noite e depois, cobrará um preço significativo de nossos inimigos”, disse o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu. Ainda nesta sexta, o Exército do país convocou reservistas para reforçar as tropas do país –o número exato de soldados não foi divulgado.
Em mais um contra-ataque, o Hamas voltou a disparar foguetes contra Israel, o que acionou sirenes de alerta em cidades e vilas do sul do país. No dia anterior, os moradores da região precisaram interromper as orações da Pessach para se protegerem em abrigos. A ação também não deixou feridos.
Na Palestina, os ataques também interromperam o Ramadã; as ruas de Gaza, por exemplo, estavam praticamente vazias nesta sexta, de acordo com a Reuters.
A UNIFIL, missão de manutenção da paz da ONU no Líbano, disse que conversou com as partes e que ambos os lados disseram que não buscam a guerra. Um porta-voz militar israelense disse que as operações do país acabaram. “Ninguém quer uma escalada agora”, disse ele a repórteres. “O silêncio será respondido com silêncio”, acrescentou.
Resta saber quando o silêncio, mais uma vez, será quebrado.