Em resposta, presidente do BC diz que “economia virou futebol” e que autarquia não é culpada pelas mazelas do país
O GLOBO
O senador Cid Gomes (PDT-CE) associou nesta terça-feira o chefe do Banco Central ao ex-presidente Bolsonaro e pediu a exoneração de Roberto Campos Neto. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, está ouvindo o presidente do BC após forte pressão política em relação à taxa básica de juros (Selic), em 13,75% desde agosto de 2022.
— O senhor fez manifestações públicas em defesa do presidente Bolsonaro. Pegue o seu bonezinho e peça para sair — disse o senador pelo Ceará.
Cid Gomes teve uma fala de quase 19 minutos criticando os efeitos dos juros elevados na economia brasileira, e argumentando que a Selic em 13,75% tem efeitos negativos na dívida pública.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parte dos aliados também endossam fortes críticas a Campos Neto – que se tornou a figura central para atribuir eventual prejuízo à economia brasileira, com a restrição monetária.
Na sessão de hoje, Roberto Campos Neto defendeu a condução da política monetária e afirmou que a atual gestão da autarquia tem atuado de forma técnica, livre de orientações políticas.
— A economia virou futebol, é natural que as pessoas tenham anseio por juros menores, acho que o presidente tem direito de falar sobre juros. Agora, o Banco Central não é culpado pelas mazelas no Brasil — disse Campos Neto na sessão com os senadores.
O presidente do BC voltou a dizer que a inflação estaria em 10% se a instituição não tivesse elevado os juros e que a inflação é o “imposto mais perverso que existe”. A declaração foi feita em resposta ao líder do PT no Senado, senador Fabiano Contarato, que classificou a taxa como “injustificável”.