Paulo Torres Pereira da Silva, executado à bala na noite desta quinta-feira 19 na região metropolitana do Recife, atuava em processos civis nos quais destacava a importância da informação e da democracia; presidente do STF cobra investigação célere e punição para autores do crime que assombra a magistratura em todo Pais
Estadão
Assassinado a tiros em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, o juiz Paulo Torres Pereira da Silva tinha 69 anos, querido por diversos atores do Judiciário – advogados, servidores, promotores, partes e defensores – e músico. Ele tocava cavaquinho e prezava pela liberdade de expressão. Não havia registros de ameaças contra ele, segundo colegas e jornalistas pernambucanos.
Apelidado de ‘Paulão’, o magistrado era titular da 21ª Vara Cível do Recife, tinha mais de 34 anos de magistratura, atuou como desembargador substituto diferentes vezes e estava perto de chegar ao segundo grau pelo critério de antiguidade.
Por volta das 20h desta quinta-feira, 19, Paulo foi alvejado quando trafegava na rua Maria Digna Ganero, no bairro Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes. Segundo informações preliminares, do boletim de ocorrência, os tiros teriam partido de um Ônix vermelho.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco decretou luto oficial de três dias pela perda do juiz. Seu velório será a partir das 14h no Memorial Guararapes. A Corte diz que prestará o apoio necessário para o ‘rápido esclarecimento do crime e a responsabilização dos culpados’.
As investigações também serão acompanhadas pelo Conselho Nacional de Justiça, conforme anunciou seu presidente Luis Roberto Barroso, no final da noite desta quinta, 19. O ministro do STF classificou o assassinato como ‘covarde’ e diz que o órgão máximo da magistratura vai acompanhar o caso ‘para garantir que a Justiça seja feita’.
Diversas instituições e conhecidos de Paulão lamentaram sua morte e manifestaram solidariedade aos familiares do magistrado. A procuradora da prefeitura do Recife Noelia Brito classificou o juiz como ‘cioso dos ditames constitucionais que norteiam nossa democracia’, enfatizando que o magistrado prezava pela liberdade de expressão e de informação em seus despachos.