Em resposta a líder do PT no Senado, presidente do BC diz que inflação é o ‘imposto mais perverso que existe’

Senador Fabiano Contarato classificou a taxa de juros como “injustificavel”.

Presidente Roberto Campos Neto, em coletiva de imprensa Raphael Ribeiro/BCB

O GLOBO

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira a atuação da autarquia no combate à inflação com a elevação de juros e classificou o aumento de preços como “imposto” nocivo ao consumidor.

Campos Neto está incumbido de apresentar à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado, justificativas para a taxa de juros em 13,75% ao ano, sendo a maior nominalmente desde novembro de 2016.

O líder do PT na casa, senador Fabiano Contarato, reiterou as críticas do partido ao juros elevados e classificou a taxa como “injustificavel”. Contarato chegou a perguntar se Campos Neto sabia os preços de alimentos básicos.

— Nós temos que sair da Faria Lima e interagir com a população que mais precisa. Nós sabemos que o Banco Central possui legalmente o objetivo de fomentar o pleno emprego. O que justifica a taxa de juros em patamar tão significativo, a maior taxa real do mundo? — questiona o senador.

O presidente do BC justifica que a atenção da política monetária está no chamado núcleo de inflação, que verifica a tendência dos preços desconsiderando choques temporários. Esse número está próximo de 8%, segundo ele, e não abriu margem à redução de juros.

— Eu sei quanto custa a inflação para o mais pobre. Sabemos do histórico de inflação brasileira e do perigo que ele representa. É o imposto mais perverso que existe, que prejudica os pobres, onde o dinheiro perde valor na mão das pessoas e ganha o emissor, que é o governo. Ou seja, de certa forma, a inflação até melhora o fiscal à custa de desigualdade e uma piora na qualidade do consumo — responde Roberno Campos Neto.

Regra fiscal

Também na sessão com os senadores, Campos Neto foi questionado sobre os efeitos do novo regramento fiscal apresentado ao Congresso pelo governo Lula, em eventual redução da taxa básica de juros.

Em recentes eventos públicos, o presidente do BC fez avaliações positivas sobre o arcabouço fiscal no papel de equilíbrio das contas públicas no longo prazo. Uma relação direta entre a apresentação da âncora fiscal e a queda da Selic já foi descartada pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Aos senadores, Campos Neto argumentou que o histórico de regras fiscais mais efetivas no controle da inflação tem foco no corte de despesas, diferente da regra estruturada pela equipe econômica do governo, que prevê aumento de receita em aproximadamente R$ 150 bilhões

— Qualquer plano fiscal, entendemos que é muito difícil o corte de despesas. Mas quando o plano fiscal, em qualquer país, é mais corte de despesas, ele tem efeitos mais benéficos na inflação. Quando o plano fiscal é mais de receita, ele não tem um esse efeito tão benéfico na inflação. Entendemos as limitações do Brasil e que o governo tem feito um grande esforço — disse o chefe do BC.

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