O Estado está com hospitais lotados e enfrenta falta de leitos e médicos suficientes para atender ao agravamento da pandemia do novo coronavírus.
Por Estadão
O governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha, afirmou na noite de sábado, 23, que o Ministério da Saúde teria aceitado dar suporte para a transferência de pacientes com covid-19 para outras partes do País. O Estado está com hospitais lotados e enfrenta falta de leitos e médicos suficientes para atender ao agravamento da pandemia do novo coronavírus.
Neste domingo, 24, em coletiva de imprensa, ele afirmou ainda que há a possibilidade de o governo federal enviar médicos e equipamentos para o Estado para reduzir a necessidade de transferências. “Nossos leitos estão totalmente ocupados com rondonienses e com brasileiros”, declarou no sábado, em transmissão ao vivo em redes sociais, ao se referir também ao atendimento de pacientes vindos do sul e da capital do Amazonas após o agravamento da crise sanitária no Estado vizinho.
Segundo Rocha, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, assentiu no sábado em transferir os pacientes que estão na fila por um leito de internação. “E outros tantos quanto forem necessários para outros hospitais federais existentes aqui, no nosso País. E assim será feito. Nós mandamos o documento e todo o trabalho está sendo desenvolvido para que isso aconteça.”
O governador destacou, ainda, que entrou em contato com o comandante militar da Amazônia, general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, que teria colocado aeronaves à disposição para fazer a condução dos pacientes.
Além disso, ele pediu a médicos para se disponibilizarem a trabalhar em Rondônia. “Temos todo o pessoal necessário, mas tem uma profissão que faz grande falta no nosso Estado, que são os profissionais médicos”, disse. “Faço um apelo aqui ao senhor doutor e à senhora doutora que fizeram o curso de Medicina, que, por favor, venha ajudar aos rondonienses”.
Rocha também destacou que o Estado registrou óbitos por covid-19 em faixas etárias, classes sociais e gêneros diversos e pediu à população para adotar medidas para evitar o contágio, como o distanciamento social. “Não podemos permitir que essa doença se amplie. Então, rondoniense, senhor, senhora, jovem, vamos neste momento mantermos a união no sentido de não disseminarmos esse vírus maldito que tem dilacerado famílias.”
Rondônia tem 2.097 óbitos e 116.133 casos confirmados do novo coronavírus. Até a noite de sábado, 23, havia um total de 543 internados. Entre sexta-feira, 22, e sábado, foram registradas 12 mortes pela doença. O Estado tem 977 leitos, entre hospitais públicos, privados e filantrópicos.
Também no sábado, em coletiva de imprensa, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), declarou que a cidade enfrenta um rápido agravamento da pandemia da covid-19 e enfrenta falta de leitos para atender a todos os paciente. “Hoje o sistema de saúde de Porto Velho está em colapso”, afirmou em coletiva de imprensa.
“Qualquer um aqui presente, se precisar de leito de internação, provavelmente não vai conseguir ser internado e, dependendo da gravidade, poderá sim vir a óbito”, alertou. “Hoje, todo mundo está acompanhando o que está acontecendo em Manaus. Estamos muito perto de viver aqui, na nossa cidade, de Porto Velho, e no nosso estado de Rondônia, uma tragédia humanitária.”
Situação preocupa também no interior do Estado
Números da Secretaria de Estado de Saúde mostram que a situação é crítica também no interior do Estado. Os dados apontam que dos 167 leitos de unidades de terapia intensiva para tratamento de adultos com covid-19 da Macrorregional de Saúde 1, que reúne cidades como a capital (540 mil habitantes) e Ariquemes (110 mil habitantes), apenas quatro estão disponíveis, acusando uma ocupação de 97,6%. Os números são relativos a hospitais municipais e estaduais.
Na Macrorregional II, que engloba Cacoal (86 mil habitantes) e Ji-Paraná (130 mil habitantes), entre outras cidades, há disponíveis três leitos de UTI para adultos com covid-19 de um total de 66, uma ocupação de 95,5%.
Um decreto do governo de 15 de janeiro de 2021 reduziu a circulação de pessoas na cidade e restringiu o funcionamento de estabelecimentos comerciais. Foi proibida a venda de bebidas alcoólicas entre 18h e 6h. A medida vale inclusive para o sistema de delivery ou compra para consumo em outro local.
Também foi proibido o uso de álcool em qualquer horário em bares, restaurantes, supermercados, padarias distribuidoras ou “quaisquer outros estabelecimentos”, como diz o decreto.
Igrejas podem funcionar apenas para aconselhamento ou atendimento presencial para no máximo cinco pessoas. Já as escolas estão autorizadas a funcionar somente para estabelecer rotinas administrativas e produção de material para aulas online.
Ministério apura problemas em distribuição de vacinas a indígenas
O Ministério da Saúde apura problemas na distribuição de vacinas contra covid-19 para aplicação na população indígena de Rondônia. Neste sábado, 23, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao ministério, enviou ofício ao governo do estado alertando para a possibilidade de ter ocorrido problemas na entrega dos imunizantes.
O ministério não aponta qual a possível irregularidade, que envolve a vacina chinesa Coronavac, distribuída pelo Instituto Butantan, de São Paulo. Rondônia recebeu na semana passada 33.040 doses do imunizante. Para este domingo, 24, estava prevista a chegada de outras 13 mil doses, mas da vacina Oxford-AstraZeneca, fabricada na Índia.
Em comunicado neste domingo, 24, o ministério afirmou que o ofício é um procedimento de praxe. “Trata-se de uma ação de acompanhamento da destinação das doses reservadas para a população indígena, uma vez que a Sesai vem acompanhando a distribuição em todas as unidades federativas. Nesse contexto, o Estado de Rondônia, bem como as prefeituras, têm sido importantes parceiros”.