O espetáculo provocou aglomeração, o que está proibido durante a pandemia.
Por Estadão
RIO – Em uma ação batizada com o título de um de seus sucessos, o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, foi preso nesta quarta-feira (17) na Operação É o Que Eu Mereço, da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) da Polícia Civil do Rio. Ele fez um show no último dia 12 no Ciep 326 – Professor César Pernetta, no Complexo da Maré, na zona norte da cidade, invadido para realização do evento. O espetáculo provocou aglomeração, o que está proibido durante a pandemia. Foi o primeiro artista preso por causa desse tipo de iniciativa ilegal na epidemia de covid-19. Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão, expedidos pela Justiça.
A Polícia Civil afirmou que uma produtora de eventos, por meio de seus sócios e administradores, realizou e promoveu o show, que durou até a manhã do sábado (13), sem autorização da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc). “Houve grande aglomeração de pessoas e risco de propagação e contaminação da covid-19. O evento aconteceu na comunidade onde uma das maiores organizações criminosas do Rio de Janeiro atua”, afirmou a Polícia Civil em nota.
O titular da DCOD, delegado Gustavo de Mello de Castro, ressaltou no texto que o uso não autorizado do imóvel configurou “ verdadeiro esbulho/invasão de um prédio público para a realização de um evento privado, contrário ao interesse público e que serviu para propagar ainda mais a doença viral”, afirmou. Segundo a DCOD, a invasão do Ciep, localizado na comunidade Parque União, somente poderia ocorrer com a autorização do chefe criminoso da localidade. O traficante controla a região há anos e figura como indiciado em diversas investigações, sendo um dos bandidos mais procurados do Estado.
“Verifica-se que o cenário desenhado é um dos mais absurdos possíveis, na medida em que o ‘evento contagioso’ não foi autorizado pelo Estado, mas pelo chefe criminoso local, que também teve a sua prisão preventiva decretada”, declarou o delegado.
Além das prisões, a Justiça também decretou a suspensão das atividades da sociedade empresária e bloqueio das contas bancárias dos investigados, até que se apurem os prejuízos causados pelo crime.
Belo já cumpriu quatro anos de prisão por tráfico. Alegou ser inocente. Também foi acusado de estelionato, envolvendo a contratação de aviões para táxi aéreo. Ele negou ter cometido crime e afirmou que houve um desacordo comercial,.
O Estado não localizou a defesa de Belo, para que se manifestasse sobre sua prisão.