Seguindo o movimento de aceleração da volta das atividades do futebol nas últimas semanas, alguns estados brasileiros e seus clubes já iniciaram a volta aos treinamentos. O Ministério da Saúde sinalizou com um parecer positivo à retomada do esporte, mas nem todos os estados devem seguir essa tendência – o Rio Grande do Sul é o mais avançado na volta aos treinamentos.
O parecer foi elaborado pelo ministério em resposta a uma solicitação da CBF, que enviou um protocolo de saúde e segurança para o retorno. O documento afirma que o esporte é “relevante no contexto brasileiro e que sua retomada pode contribuir para as medidas de redução do deslocamento social através da ‘teletransmissão’ dos jogos para domicílio”, mas cobra algumas medidas da entidade, principalmente referentes a testagem dos envolvidos.
‘Blindagem‘ ao elenco em meio à crise causa mal-estar nos bastidores do Fla
São Paulo, o estado mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, tem muitos obstáculos para o retorno. O governador João Doria (PSDB) tem adotado medidas mais restritivas de isolamento social, que vigoram até o próximo dia 10 de maio e serão rediscutidas no dia (08). Aumentos nos números de mortos e infectados diários devem, entretanto, adiar a discussão sobre relaxamento ou reabertura, e existe a possibilidade de adoção de medidas ainda mais restritivas.
A Federação Paulista de Futebol aguarda esse posicionamento para definir os próximos passos. Enquanto isso, trabalha na elaboração de um protocolo de saúde e segurança em conjunto com uma comissão de médicos liderada por Moisés Cohen. Os médicos tem se reunido com dirigentes de clubes para elaboração de protocolos de testes em atletas e discussão das questões logísticas.
Os clubes, por sua vez, tem mantido treinamentos à distância, por vídeo para os atletas, e ainda não têm nenhum cronograma de volta às atividades presenciais. São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras têm adotado o discurso de priorizar a saúde dos jogadores, e evitado qualquer movimento de acelerar a volta. Nos bastidores, alguns deles fazem preparações logísticas como compra de destes e planejamento de retorno de atletas que estão no exterior, mas a posição é de aguardar uma liberação das autoridades estaduais.
Rio Grande do Sul acelera volta e clubes já irão retomar treinos.
No Rio Grande do Sul a situação é diferente, e a volta está próxima. A prefeitura de Porto Alegre publicou um decreto liberando as atividades físicas sem aglomerações e ao ar livre. Com base nisso, Grêmio e Internacional retomarão treinamentos no início da semana.
O Governo do Estado também terá uma reunião com a Federação Gaúcha na terça-feira para discutir uma volta do Gauchão com portões fechados. A ideia é retomar a competição a partir do dia 17 de maio. Existe a possibilidade de mudança do formato de uma eventual final, trocando os jogos de ida e volta por um confronto único.
Há divergências de clubes do interior em relação aos testes. A FGF disse que irá subsidiar a testagem para as equipes menos tradicionais, mas ainda não tem o número de kits que serão adquiridos.
Em Minas Gerais, governo está dividido e ainda não há decisão.
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, está dividido por alguns fatores. O político vê com preocupação a questão financeira dos clubes do estado.
Em que pese a falta de dinheiro, os técnicos da secretaria de saúde não recomendam o retorno do esporte neste momento.
Em reunião com Adriano Aro, presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Zema explicou que ainda não se decidiu quanto ao retorno do futebol. O político teme também o posicionamento da opinião pública neste momento em que a pandemia se aproxima do ápice no Brasil. Por outro lado, ele recebeu informações do mercado privado que um retorno seria possível, desde que haja cuidado para a prática esportiva.
Diante disso, a Federação Mineira de Futebol (FMF) montará um comitê de médicos para trabalhar ao lado da Secretaria de Saúde de Minas Gerais em prol da volta do esporte. Profissionais de Atlético-MG, Cruzeiro e demais clubes do Módulo I do Campeonato Mineiro 2020 integrarão o grupo que fará uma análise do caso.
Mesmo com toda a tentativa do governo de MG e da FMF para a volta do futebol, Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte, não pretende liberar o esporte na cidade.
“Um jogo de futebol envolve, pelo menos, 200 pessoas, para fazer uma partida, e mais os jogadores dentro de campo, que não vão tomar cuidados para não transmitir a doença. Em São Paulo, está faltando saco plástico, estão fazendo cova rasa e estão pensando em futebol. Pensar em futebol agora é coisa de débil mental. […] Se depender de Belo Horizonte, o Campeonato Mineiro não volta. Se forem jogar na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, tudo bem. Aqui, não vai jogar”, disse à ESPN Brasil.
Rio de Janeiro prorrogou medidas restritivas.
Em um pronunciamento publicado hoje (1), com relação à possibilidade de o Campeonato Carioca ser disputado em Brasília, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) indicou como pilares básicos.
“O comprometimento com a saúde e a vida alheia mediante cumprimento de diretrizes de autoridades competentes”, “obediência às determinações governamentais” e “Seguimento de procedimentos e protocolos técnicos e científicos recomendados à proteção individual e coletiva”.
O Estado do Rio de Janeiro, por sua vez, prorrogou, ontem (30), as medidas de restrição até o dia 11 de maio.
No caso dos clubes, as férias coletivas chegaram ao fim. Botafogo e Fluminense vão retomar as atividades, mas ainda sem contatos físicos. O Flamengo realizou testes em funcionários e prepara a realização de exames no elenco, enquanto o Vasco já fez testes de protocolos em São Januário. Ambos aguardam definições das autoridades.
Edições: Alexandre Araújo, Jeremias Wernek, Pedro Lopes e Thiago Fernando.
UOL.