Alemanha corre para encontrar novas fontes de energia após Rússia reduzir fornecimento de gás

Enquanto país busca evitar racionamento de energia no inverno, presidente da Ucrânia promete aumento de exportações de energia elétrica

Válvula de gasoduto da Open Grid Europe (OGE), um dos maiores sistemas de transmissão de gás da Europa, no leste da Alemanha. Com redução de abastecimento russo, país corre para evitar racionamento Foto: Ina Fassbender / AFP

Por Estadão

Com a redução do abastecimento de gás à União Europeia por parte da Rússia, a Alemanha, maior economia do bloco europeu, corre para encontrar novas fontes de combustível e evitar racionamento durante o inverno do Hemisfério Norte. O país, que possuía cerca de 50% do consumo interno de energia proveniente da Rússia antes da guerra, tem poucas opções, mas recebeu uma promessa do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, de que haverá um aumento nas exportações ucranianas de energia elétrica à Europa.

Segundo o presidente afirmou em seu discurso noturno desta quarta-feira, 27, a Ucrânia vai “aumentar as exportações de energia para os consumidores da União Europeia” para ajudar a “resistir a pressão energética russa”.

A declaração de Zelenski acontece um dia depois do acordo europeu de reduzir o consumo de gás de forma coordenada para auxiliar a Alemanha, que pode sofrer uma desaceleração econômica se não possuir energia suficiente no inverno. Além disso, é feita no mesmo dia que Berlim, segundo a revista alemã Der Spiegel, se prepara para assinar um acordo de £ 1 bilhão de compra de tanques de guerra para serem enviados à Ucrânia. Trata-se de mais uma remessa militar para o país em guerra, que recebeu recentemente diversos lançadores de mísseis Mars II alemães.

A Alemanha também olha para a importação de gás natural liquefeito como opção para suprir a demanda interna de energia. O combustível é o mais prontamente disponível para compensar o déficit deixado pelas reduções russas, mas, ao contrário do restante da Europa, os alemães não possuem tantos terminais para receber GNL. Por muito tempo, eles recusaram a importação do GNL em prol de uma política mais dependente da Rússia devido aos preços mais baixos.

Os alemães também tentam cortar o consumo para preservar o gás natural reservado, com o plano de chegar em outubro com 75% dos armazenamentos cheios e, em novembro, 95%. Residências e prédios públicos passaram a poupar água quente e a usar menos energia elétrica. As fontes públicas estão paradas.

A esperança tem sido evitar medidas mais drásticas. “O risco de sérias restrições de entrega ou falhas como resultado da política de chantagem do presidente russo pode levar a uma das mais graves crises econômicas do país, com sérias consequências para nossa seguridade social e nossa paz interna”, disse Winfried Kretschmann, primeiro-ministro de Baden-Württemberg, na segunda-feira, 25.

Do lado ucraniano, um aumento de exportação de energia aumentaria as relações de parceria com a União Europeia. “Nossas exportações não apenas nos permitem incrementar receitas para o país, como também ajudam nossos aliados a resistir a pressão energética russa. Progressivamente, faremos da Ucrânia um país que garante a seguridade energética da Europa”, declarou Zelenski nesta quarta-feira.

A exportação de energia elétrica da Ucrânia começou no fim de junho. O envio foi celebrado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Isso fornecerá uma fonte adicional de eletricidade para as necessidades da UE. Assim, ambos nos beneficiamos”, escreveu no Twitter.

Chefes da diplomacia dos EUA e da Rússia irão conversar pela primeira vez desde início da guerra

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira que conversará com o homólogo russo, Serguei Lavrov, pela primeira desde a invasão da Ucrânia. Entretanto, segundo ele, a conversa vai abordar outros assuntos – dentre eles, a liberação de prisioneiros e a retomada das exportações de grãos da Ucrânia.

A conversa telefônica com Lavrov será “nos próximos dias” e “não será uma negociação sobre a Ucrânia”, explicou Blinken a jornalistas. “Espero falar sobre um assunto que é uma prioridade para nós: a libertação de Paul Whelan e Brittney Griner, que foram detidos injustamente e devem poder voltar para casa”, adiantou.

O ex-embaixador dos EUA em Moscou Michael McFaul pediu ao governo do presidente Joe Biden que esses prisioneiros sejam trocados por Viktor Bout, russo preso nos Estados Unidos por tráfico de armas.

Brittney Griner, jogadora de basquete, foi presa em fevereiro no aeroporto de Moscou por carregar “vaporizadores” e um líquido perfumado com óleo de cannabis em sua bagagem de mão, segundo autoridades russas. Ela pode ser condenada a até 10 anos de prisão no país.

Paul Whelan, ex-soldado americano e ex-chefe de segurança de uma empresa de autopeça, está detido desde 2018 na Rússia e condenado a 16 anos de prisão por espionagem. /AFP, WP, NYT

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