Ataques de Israel matam ao menos 62 pessoas em Gaza em meio a expectativas de cessar-fogo

Nova ofensiva ocorre em meio à expectativa de que haja um novo acordo de cessar-fogo

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Israel continua ataques à Gaza enquanto acordo de cessar-fogo não é firmado Foto: Reprodução/AFP

Faixa de Gaza — Ataques israelenses mataram ao menos 62 pessoas em Gaza durante a noite de sexta-feira, 27, e o sábado, 28, disseram profissionais de saúde. As novas ofensivas ocorrem em meio a expectativas de que haja um acordo de cessar-fogo.

Três crianças e seus pais foram mortos no ataque a um acampamento em Muwasi, perto da cidade de Khan Younis, no sul. Eles foram atingidos enquanto dormiam, segundo parentes. “O que essas crianças fizeram a eles? Qual é a culpa delas?”, disse a avó, Suad Abu Teima. Flores vermelhas foram colocadas sobre os sacos mortuários.

Entre os mortos, também estavam 12 pessoas perto do Estádio da Palestina, na cidade de Gaza, que abrigava pessoas deslocadas, e mais oito em apartamentos, conforme funcionários do Hospital Shifa. Mais de 20 corpos foram levados ao Hospital Nasser, de acordo com autoridades de saúde.

Um bombardeio ao meio-dia matou 11 pessoas em uma rua no leste da cidade de Gaza, e seus corpos foram levados ao Hospital Al-Ahli. Um ataque a uma reunião na entrada do campo de refugiados de Bureij, no centro de Gaza, matou duas pessoas, diz o hospital Al-Awda.

Esperanças de de cessar-fogo na próxima semana

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz que pode haver um acordo de cessar-fogo na próxima semana. Na sexta-feira, 27, ele disse: “Estamos trabalhando em Gaza e tentando resolver a situação”.

Uma autoridade com conhecimento da situação disse à agência de notícias Associated Press que o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, chegará a Washington na próxima semana para conversas sobre um cessar-fogo em Gaza e no Irã.

As negociações indiretas entre Israel e o Hamas têm sido intermitentes desde que Israel rompeu o último cessar-fogo em março, continuando sua campanha militar em Gaza.

Cerca de 50 reféns permanecem em Gaza, menos da metade deles ainda vivos, segundo se acredita. Eles estavam entre os 251 reféns capturados quando o Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023, dando início à guerra que já dura 21 meses.

Mais de 6 mil mortos desde o fim do último cessar-fogo

A guerra matou mais de 56 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde, que não faz distinção entre civis e combatentes – mais da metade mulheres e crianças.

Ainda de acordo com o ministério, esse balanço inclui 6.089 mortos desde o fim do último cessar-fogo. Israel culpa o Hamas pelas mortes de civis, acusando os militantes de se esconderem entre civis porque operam em áreas populosas.

Há esperança entre as famílias dos reféns de que o envolvimento de Trump no recente cessar-fogo entre Israel e o Irã possa levar a mais pressão para um acordo em Gaza. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, está aproveitando a onda de apoio público à guerra contra o Irã e suas conquistas, e pode sentir que tem mais espaço para agir no sentido de encerrar a guerra em Gaza, algo a que seus aliados no governo se opõem.

O Hamas afirmou repetidamente que está disposto a libertar todos os reféns em troca do fim da guerra em Gaza. Netanyahu afirma que só encerrará a guerra quando o Hamas for desarmado e exilado, algo que o grupo rejeitou.

Centenas foram mortos enquanto procuravam comida

Palestinos famintos enfrentam uma situação catastrófica em Gaza. Depois de bloquear todos os alimentos por dois meses e meio, Israel permitiu apenas um pequeno fluxo de suprimentos para o território desde meados de maio. Mais de 500 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos enquanto procuravam comida desde que a recém-formada Fundação Humanitária de Gaza começou a distribuir ajuda no território há cerca de um mês, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Testemunhas palestinas afirmam que as tropas israelenses abriram fogo contra multidões nas estradas que levavam aos locais. O exército israelense afirma que apenas disparou tiros de advertência e diz investigar incidentes em que civis foram feridos enquanto se aproximavam dos locais. Milhares de palestinos caminham por horas para chegar aos locais, passando por zonas militares israelenses.

Esforços separados das Nações Unidas para distribuir alimentos limitados têm sido prejudicados por gangues armadas que saqueiam caminhões e por multidões de pessoas desesperadas que descarregam suprimentos dos comboios./COM INFORMAÇÕES DA AP

Estadão

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