Americano afirma que ritmo de resgate de cidadãos acelerou e se defende de críticas pelo caos
Por Folhapress
SÃO PAULO
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou neste domingo (22) que o governo americano conseguiu ampliar o perímetro de segurança para acesso ao aeroporto de Cabul e acelerar o ritmo de retirada de pessoas do Afeganistão —e que o “Talibã tem cooperado”.
“As pessoas vão conseguir sair [do Afeganistão], nós fizemos mudanças e ampliamos o acesso ao aeroporto e à zona de segurança [em Cabul]”, disse Biden. “Por enquanto, o Talibã não atacou as forças americanas, e tem deixado os americanos saírem, como havia prometido. Vamos ver se o que estão falando é verdade.”
Desde que o Talibã tomou Cabul e reassumiu o poder no Afeganistão, no último dia 15, ao menos 20 pessoas já morreram dentro ou nos arredores do aeroporto da capital, Cabul, palco de cenas de desespero daqueles que tentam fugir do regime fundamentalista.
Biden tem sido duramente criticado pelo caos que se seguiu à retirada das forças americanas no país, depois de 20 anos.
Em pronunciamento na Casa Branca, o mandatário afirmou que o ritmo de retirada se acelerou muito nos últimos dias, por causa das mudanças, e que 11 mil pessoas saíram em pouco mais de 36 horas neste fim de semana.
Desde 14 de agosto, foram evacuados 28 mil cidadãos dos EUA, dos países da OTAN e afegãos que trabalharam com os estrangeiros durante a guerra, além de líderes femininas e jornalistas do país. Ele citou também que companhias aéreas vão emprestar aviões para transportar afegãos que estejam nos centros de processamento em países como Alemanha e Qatar até os EUA ou outros países.
Biden voltou a negar que o tumulto da saída dos civis do país deva-se a uma falta de planejamento eficiente do governo americano. “A retirada seria dolorosa e difícil, não importa quando tivesse sido iniciada; se tivéssemos começado há um mês ou daqui a um mês… Não há como fazer a retirada [de tropas] de um país sem dor e perdas”.
O americano também reagiu a críticas de outros países da Otan (aliança militar ocidental), que acusam os EUA de não terem avisado com a devida antecedência sobre a retirada e não estarem ajudando o suficiente a resgatar cidadãos e diplomatas dessas nações.
“Estamos trabalhando de perto com o G7, teremos uma conferência do grupo [na terça] e já ajudamos a retirar diplomatas e cidadãos desses países, e vamos continuar.”
O líder americano disse que os EUA continuam alertas para possíveis ataques terroristas do Estado Islâmico-K e outras facções, mas que ele não via motivos para desacelerar o ritmo de retirada das pessoas do país.
Indagado por um jornalista se o governo americano agora confia no Talibã, uma vez que está negociando com o grupo extremista que tomou o poder no país, Biden respondeu: “O Talibã precisa fazer uma decisão muito importante —se eles vão tentar unir o povo afegão, precisarão de ajuda financeira, comércio e outras coisas. Eles precisam de legitimidade, querem ser reconhecidos por outros países, estão pedindo que não retiremos de forma permanente nossas representações diplomáticas no país.”
O presidente americano voltou a defender sua decisão de cumprir o acordo de retirada das tropas do país, que caiu em poder do Talibã em poucos dias.
“Quando tudo isso tiver acabado, o povo americano vai entender de forma clara por que fizemos a retirada; ou eu retirava os EUA de uma guerra de 20 anos, que nos custou US$ 150 milhões por dia durante esses 20 anos, e milhares de mortes, ou eu aumentava o número de tropas e mantinha a guerra”, disse Biden. “Eu tomei a decisão correta de não mandar mais jovens americanos para a guerra.”