China diz estar pronta para ‘qualquer tipo de guerra’ com os EUA e critica tarifas de Trump

Nas redes sociais, a chancelaria chinesa disse que os EUA usam o fentanil como ‘desculpa esfarrapada’ para chantagear; secretário de Defesa responde que EUA estão preparados para guerra

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Através do seu porta-voz, Lin Jian, a China deixou claro aos Estados Unidos que não cederá a pressões ou chantagens após a imposição de tarifas/04.mar.25/JP+

A China, por meio do porta-voz de seu ministério de Relações Exteriores, disse estar pronta para lutar “qualquer tipo de guerra” caso os Estados Unidos insista em prosseguir com as taxações ao país. Em uma das trocas de mensagens mais virulentas entre os dois países desde o primeiro governo de Donald Trump, Pequim acusou Washington de fazer chantagem e bullying. O secretário de defesa americano respondeu que os Estados Unidos “estão preparados”.

Em uma postagem na última terça-feira, 4, nas redes sociais, o porta-voz Lin Jian disse que “a questão do fentanil é uma desculpa esfarrapada para aumentar as tarifas dos EUA sobre importações chinesas. Nossas contramedidas para defender nossos direitos e interesses são totalmente legítimas e necessárias.”

“Os EUA, e não qualquer outra pessoa, são responsáveis pela crise do fentanil dentro dos EUA. No espírito de humanidade e boa vontade para com o povo americano, tomamos medidas robustas para ajudar os EUA a lidar com a questão. Em vez de reconhecer nossos esforços, os EUA buscaram difamar e transferir a culpa para a China, e estão buscando pressionar e chantagear a China com aumentos de tarifas. Eles estão nos PUNINDO por ajudá-los. Isso não vai resolver o problema dos EUA e vai minar nosso diálogo e cooperação antinarcóticos”, continuou.

E acrescentou: “Intimidação não nos assusta. Bullying não funciona conosco. Pressão, coerção ou ameaças não são a maneira certa de lidar com a China. Qualquer um que use pressão máxima sobre a China está escolhendo o cara errado e calculando mal. Se os EUA realmente querem resolver a questão do fentanil, então a coisa certa a fazer é consultar a China, tratando-se como iguais.”

A postagem termina com o recado: “Se a guerra é o que os EUA querem, seja uma guerra tarifária, uma guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, estamos prontos para lutar até o fim”. A embaixada chinesa nos EUA reproduziu esta última frase em suas redes sociais.

Lin Jian foi questionado nesta quarta, 5, durante uma coletiva de imprensa se a China mantém a declaração e que é o significado de “qualquer tipo de guerra”. “Ontem, deixamos clara a posição séria da China sobre o assunto”, ele respondeu. “Se os EUA têm outra agenda em mente e se prejudicar os interesses da China é o que os EUA querem, estamos prontos para lutar até o fim. Instamos os EUA a deixarem de ser dominadores e retornarem ao caminho certo de diálogo e cooperação o mais rápido possível”, continuou.

A postagem foi lida para o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, durante uma entrevista na Fox News. Quando perguntado sobre como os EUA respondem ao recado, Hegseth disse: “Estamos preparados. Aqueles que buscam a paz devem estar preparados para a guerra. É por isso que estamos reconstruindo nossas forças armadas. É por isso que estamos restabelecendo a dissuasão no ethos guerreiro.”

“Vivemos em um mundo perigoso com países poderosos e ascendentes com ideologias muito diferentes. Eles estão aumentando rapidamente seus gastos com defesa, tecnologia moderna, eles querem suplantar os Estados Unidos. Se quisermos impedir a guerra com os chineses ou outros, temos que ser fortes”, completou.

Na última segunda, 3, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que aumenta de 10% para 20% as tarifas sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos. Ele justificou a medida dizendo que Pequim não está fazendo o suficiente contra o tráfico de fentanil.

O fentanil é um opioide sintético que causou centenas de milhares de mortes por overdose. México e Canadá também foram tarifados pelo mesmo motivo, mas, ainda de acordo com Trump, eles tentaram conter o tráfico, algo que a China não teria feito, em suas palavras.

A resposta veio minutos após as tarifas entrarem em vigor. O Ministério das Finanças da China aplicou tarifas de 15% sobre importações de frango, trigo, milho e algodão dos EUA e tarifas de 10% sobre outros alimentos, incluindo soja e laticínios. Além disso, o Ministério do Comércio declarou que 15 empresas americanas, incluindo a Skydio — maior fabricante de drones dos EUA e fornecedora do exército e serviços de emergência do país — não poderão mais comprar produtos chineses sem autorização especial.

México e Canadá também anunciaram retaliações. Nesta quarta, um dia após as bolsas de valores despencassem com as tarifas de Trump, Howard Lutnick, o secretário de Comércio americano disse que o país poderia reduzir as tarifas de Canadá e México./Com NYT

Estadão

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