Com caos no aeroporto, mortes em retirada do Afeganistão chegam a 20

EUA vão usar aviões comerciais para resgatar pessoas que conseguiram sair do país

Homem carrega ferido no aeroporto de Cabul, onde foram registrados tiros nesta segunda-feira . AFP/Wakil Kohsar

Por Folhapress

CABUL | REUTERS

Uma semana após o Talibã tomar Cabul e assumir o poder no Afeganistão, ao menos 20 pessoas morreram dentro ou nos arredores do aeroporto da capital afegã, palco de cenas de desespero daqueles que tentam fugir do regime fundamentalista.

O total de mortos nos últimos sete dias foi divulgado pela Otan neste domingo (22), quando sete pessoas morreram esmagadas em meio à multidão que tenta acessar o aeroporto.

Desde a ascensão do Talibã ao poder, pessoas não param de chegar ao aeroporto, onde os Estados Unidos e outras nações, como Alemanha e Reino Unido, realizam operações para a retirada de seus diplomatas e cidadãos, além de muitos afegãos, que buscam sair do país por medo de represálias.

“Nossas forças estão mantendo distância da área externa do aeroporto para evitar confrontos com o Talibã”, afirmou à agência Reuters um oficial da Otan que quis manter o anonimato.

Neste domingo, a administração de Joe Biden afirmou que vai usar aviões comerciais para ajudar no transporte de pessoas que conseguiram sair do país. De acordo com um informante do Pentágono, 18 aeronaves de companhias como United, American Airlines e Delta vão resgatar afegãos que conseguiram sair do país e agora estão em bases em países do Oriente Médio e na Alemanha. Estes voos não resgatarão pessoas em Cabul.

As companhias aéreas haviam sido avisadas desta possiblidade há dois dias, quando os EUA anunciaram também um acordo para que 12 países, na Europa, no Oriente Médio e na Ásia Central, auxiliem na retirada de americanos e afegãos de Cabul, recebendo voos e abrigando temporariamente essas pessoas.

Alemanha, Bahrein, Cazaquistão, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Itália, Kuwait, Reino Unido, Qatar, Tadjiquistão, Turquia e Uzbequistão já estão recebendo ou passarão a receber americanos e afegãos retirados pelos EUA em trânsito.

O Talibã, por sua vez, começou as negociações para a formação de uma nova estrutura de governo neste sabádo (21), com a chegada de Abdul Ghani Baradar, co-fundador do grupo fundamentalista islâmico e número 2 na hierarquia de comando da organização.

Porta-vozes disseram à agência de notícias Reuters que o grupo deve consolidar a formação de um governo nas próximas semanas, destacando equipes para lidar com finanças e questões internas de segurança.

Haverá ainda um gabinete de gestão de crise, composto também por membros da gestão anterior. Ao fim, a estrutura geral do governo não deve ser a de uma democracia nos moldes ocidentais, mas, nas palavras deles, protegerá os direitos de todos.

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