Conclave: 1ª votação termina com fumaça preta e novo papa segue indefinido

Resultado foi anunciado na tarde desta quarta, 7. Grupo de 133 cardeais definirá sucessor de Francisco

Divulgação
Fiéis católicos no mundo todo terão de aguardar ao menos até esta quinta (8) para o ‘Habemus Papam’. A primeira e única votação do conclave nesta quarta-feira (7) terminou com fumaça preta na chaminé da Capela Sistina, frustrando o público na praça São Pedro, no Vaticano/Divulgação

A chaminé da Capela Sistina liberou fumaça preta, o que significa que os 133 cardeais não chegaram a um consenso sobre o novo papa na 1ª votação do conclave, iniciado nesta quarta-feira, 7, no Vaticano.

A divulgação era prevista para 14 horas (de Brasília), mas ocorreu depois das 16h diante de uma Praça São Pedro lotada com cerca de 45 mil fiéis. Geralmente, a definição do pontífice não ocorre na rodada inicial do conclave. O processo para eleger o sucessor de Francisco à frente da Igreja Católica será retomado na madrugada desta quinta-feira, 8.

Não há prazo definido para a concluir o processo, mas os últimos dez conclaves não superaram cinco dias. As previsões sobre a duração do processo variam, mas o fato de haver muitos cardeais novatos pode alongar o tempo para a decisão. Para ser eleito, são necessários 2/3 dos votos (89).

Os cardeais reforçaram a mensagem de unidade e comunhão na Igreja. A insistência e a ênfase com que o tema da união foi tratado pelos eleitores do futuro papa desde a morte de Francisco aumentam a percepção de que o colégio estaria dividido, além das dificuldades causadas pela presença de muitos novatos participando das votações.

A ansiedade crescia com a demora da divulgação do resultado. Na primeira fila de fiéis da praça, tinha gente que chegou 3h30 antes para ver algum sinal na chaminé. Durante a espera, grupos iniciaram palmas sincronizadas, como forma de “pressionar” o fim da votação.

A analista de TI Aline Carpanesi já estava com passagem comprada para Roma para o próximo dia 9, mas antecipou a viagem para acompanhar o conclave. “Nunca imaginei estar vivendo isso. Foi muito emocionante estar na praça hoje. Pela demora, tinha esperança de que teríamos papa. Mas continuaremos acompanhando”.

O padre Gilson Maia, que mora em Roma, levava orgulhoso uma bandeira do Brasil nas costas: “É um privilégio acompanhar tão de pertinho da Capela Sistina, da construção de um consenso. Trazemos a bandeira porque como brasileiros sentimos saudades.

Próximos passos

A partir de quinta-feira, 8, serão realizadas quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde.

As fumaças devem ocorrer nos seguintes horários:

  • 5h30 (Horário de Brasília) – somente se for branca, ou seja, se o novo papa tiver sido escolhido
  • 7h (Horário de Brasília)
  • 12h30 (Horário de Brasília) – somente se for branca
  • 14h (Horário de Brasília)

São previstas duas fumaças por dia (7h e 14h), mas em caso de resultado positivo, a fumaça será antecipada, e deve sair 5h30, durante as votações da manhã, ou 12h30, nas votações da tarde.

Se depois do terceiro dia de conclave a igreja ainda estiver sem papa, será feita uma pausa de 24 horas para orações.

Mais cedo nesta quarta, os ritos foram abertos com a missa Pro eligendo Pontifice, na Basílica de São Pedro, em que as orações escolhidas sublinhavam a união da Igreja. A brasileira Andressa Collet foi escolhida para fazer a leitura da Oração Universal durante a celebração.

Natural de Erechim, a jornalista gaúcha é especializada na cobertura de assuntos religiosos e colabora com o site Vatican News desde 2019.

Na homilia, o cardeal decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, afirmou que “a unidade da Igreja é desejada por Cristo, uma unidade que não significa uniformidade, mas comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se permaneça plenamente fiel ao Evangelho”.

Por volta das 12h20 (horário de Brasília), os 133 cardeais fizeram o juramento de seguir as regras e de silêncio.

Ao término, foi proferido o grito em latim “extra omnes” (todos para fora) e as portas da Capela Sistina foram trancadas para o início da votação. O sinal de celular foi cortado no Vaticano.

Os ritos foram presididos pelo Secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, também um dos nomes mais citados na lista de papáveis.

Em seguida, os cardeais fizeram o juramento de respeitar as regras do conclave e de guardar o silêncio absoluto sobre a votação.

Só então foi pronunciada a frase solene “extra omnes” (todos fora), momentos no qual todas as pessoas que não votam no conclave se retiram da Capela. Os que ficaram escutaram uma catequese do cardeal Raniero Cantalamessa, que foi o pregador da Casa Papal entre 1980 e 2024, e só então começou a primeira votação.

Dossiê secreto e nomes de papáveis

As especulações e negociações sobre o próximo líder da Igreja Católica se intensificaram ainda em fevereiro, quando o papa Francisco foi internado com pneumonia, e ganharam força nas últimas semanas, após a morte de Jorge Bergoglio no dia 21 e a chegada dos cardeais a Roma. Nos últimos dias, circulou entre os votantes até um dossiê secreto com nomes de papáveis na tentativa de influenciar a eleição.

As divisões da Igreja marcaram as conversas entre os cardeais às vésperas do conclave. Cardeais têm afirmado que, caso a eleição se alongue, não será por divergências internas, mas pelo fato de muitos dos votantes ainda não se conhecerem. Francisco mudou o perfil do colégio cardinalício, com redução da proporção de europeus e aumento de integrantes das “periferias” do mundo, como na Ásia e na África.

Mais do que dossiês e outras intrigas pré-conclave, será a impressão deixada pelos cardeais nas reuniões do colégio cardinalício que guiará a escolha nos próximos dias. Francisco convocou apenas dois consistórios em seus doze anos de pontificado, o que fez com que muitos cardeais não se conhecessem.

Com o início do conclave, os cardeais deixam de usar telefone, internet e ter acesso a meios de comunicação e os funcionários do Vaticano fazem voto de silêncio, além de um forte esquema de segurança para evitar vazamentos. Vários nomes têm circulado como papáveis nas últimas semanas, mas nenhum desponta como franco favorito.

Cardeais favoritos a novo Papa

Entre os papáveis mais citados por especialistas e pela mídia especializada, conforme mostrou o Estadão, aparecem:

Pietro Parolin – Itália (70 anos) Leia perfil

Luis Antonio Gokim Tagle – Filipinas (67 anos) Leia perfil

Jean-Marc Aveline – Argélia (66 anos) Leia perfil

Juan José Omella – Espanha (79 anos) Leia perfil

Matteo Maria Zuppi – Itália (69 anos) Leia perfil

Péter Erdő – Hungria (72 anos) Leia perfil

Peter Turkson – Gana (76 anos) Leia perfil

Pierbattista Pizzaballa – Itália (60 anos) Leia perfil

Mario Grech – Malta (68 anos) Leia perfil

Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo (65 anos) – Leia perfil

Willem Jacobus Eijk – Holanda (71 anos) – Leia perfil

Robert Sarah – Guiné (79 anos) – Leia perfil

Robert Prevost – Estados Unidos (69 anos) Leia perfil

Estadão

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