EUA matam Ayman al-Zawahiri, líder da Al-Qaeda após morte de Bin Laden

Presidente Joe Biden apresentou terrorista como ‘um dos maiores responsáveis’ pelo 11 de setembro

Imagem de 1998 mostra Ayman al-Zawahiri (esquerda) ao lado de Osama bin Laden (direita) no Afeganistão. Líder da Al-Qaeda após morte de Bin Laden, Zawahiri foi morto pelos Estados Unidos 21 anos depois dos ataques de 11 de Setembro Foto: Mazhar Ali Khan / AP

Por Estadão

Uma operação dos Estados Unidos matou o atual líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, em Cabul, no Afeganistão, confirmou o presidente Joe Biden nesta segunda-feira, 1º. Considerado pelos EUA um dos maiores conspiradores dos ataques de 11 de setembro, Al Zawahiri foi atingido neste fim de semana por dois mísseis lançados por drones militares enquanto estava na varanda de casa, segundo as autoridades.

Biden apresentou o terrorista como “um dos maiores responsáveis pelos ataques que mataram 2.977 pessoas em solo americano” e o “cérebro por trás dos ataques” contra os EUA durante décadas. “Agora, a justiça foi feita e esse líder terrorista não existe mais”, afirmou nesta segunda-feira.

“Não importa quanto tempo leve, não importa onde você se esconda, se você for uma ameaça ao nosso povo, os Estados Unidos o encontrarão e o eliminarão”, acrescentou.

Zawahiri assumiu a liderança da Al-Qaeda após a morte de Osama bin Laden, também executado em operação militar americana, em 2 de maio de 2011, sendo procurado pelos americanos havia mais de duas décadas. A operação que o matou foi o primeiro ataque no Afeganistão desde a retirada das tropas americanas há um ano e fortalece os esforços de Joe Biden de contraterrorismo.

De acordo com o governo americano, Biden deu a aprovação para atacar Al Zawahiri após uma série de informações repassadas pelas autoridades de segurança nacional. Nas declarações desta segunda, ele a dedicou às famílias das vítimas do 11 de setembro. “Minha esperança é de que esta ação decisiva traga mais uma medida de conclusão”, declarou.

Os EUA também afirmaram que nenhum civil foi morto na operação, conduzida pela agência de inteligência do país (CIA). O Departamento de Estado americano oferecia US$ 25 milhões em recompensa por qualquer informação que levasse à prisão ou condenação do líder da Al-Qaeda.

O anúncio acontece quase um ano após a retirada das forças americanas do Afeganistão, que permitiu o Taleban retomar o poder do país após 20 anos. Zawahiri evitou o Afeganistão durante anos, e o retorno a Cabul com a retomada do Taleban levanta questões sobre o compromisso do grupo em manter a Al-Qaeda fora do país.

Segundo Biden, o assassinato foi uma evidência de que ele estava certo quando disse há um ano que a saída das tropas do Afeganistão não prejudicaria a capacidade do país de combater o terrorismo. “Prometi ao povo americano de que continuaríamos a conduzir operações eficazes de contraterrorismo no Afeganistão e além. Fizemos exatamente isso”, declarou.

Um alto funcionário do governo americano acrescentou que após o ataque, os membros da rede Haqqani, grupo terrorista que faz parte do governo talibã, tentaram esconder que Zawahiri estava na casa e restringir o acesso ao local. Entretanto, os EUA reiteraram que tinham várias informações de inteligência que confirmam a morte do terrorista.

Uma declaração do Taleban condenou a operação e disse que o ataque foi realizado em uma casa residencial na área de Sherpur, em Cabul, um bairro rico no centro da cidade frequentado por funcionários do governo do Taleban. Eles afirmam que o acordo de Doha – que delineou os termos para a retirada das tropas americanas do país – proíbe ataques americanos, algo que as autoridades americanas contestam. Moradores de Cabul culparam o Paquistão por possivelmente ajudar no ataque aéreo.

De acordo com um analista americano, a casa atingida era de propriedade de um importante assessor de Sirajuddin Haqqani, um alto funcionário do governo taleban que, segundo autoridades americanas, é próximo de figuras importantes da Al-Qaeda.

Até então, acreditava-se que Zawahiri estava no Paquistão. O fato dele estar em Cabul é considerado uma prova não apenas da fronteira frágil entre os dois países, mas também da locomoção da Al Qaeda entre elas durante décadas.

Presidente Joe Biden em discurso na Casa Branca nesta segunda-feira, 1º, para anunciar a morte de Ayman al-Zawahiri. Americano ressaltou papel de Zawahiri nos ataques de 11 de setembro Foto: Jim Watson / AP

Uso de drones no Afeganistão

Desde que os EUA se retiraram do Afeganistão, oficiais militares e diplomáticos americanos têm discutido com aliados onde reposicionar as forças americanas para ataques a alvos relevantes no país. Já foram feitas conversas com Tajiquistão, Cazaquistão e Uzbequistão, mas avançam lentamente e sem definições.

Mesmo sem bases próximas, os americanos têm capacidade suficiente para enviar drones não tripulados e aeronaves de ataque tripuladas de bases terrestres ao longo do Golfo Pérsico, do Oceano Índico e até do próprio território dos EUA para o Afeganistão.

O governo dos EUA revisa atualmente a política de ataques de drones contra alvos considerados terroristas. Enquanto as forças militares geralmente realizam ataques em zonas de guerra estabelecidas, a CIA realiza as operações em áreas onde os Estados Unidos querem um grau de sigilo sobre suas ações – como o atual caso.

Como o governo do Taleban se opõe a qualquer ataque de drones no território, os Estados Unidos podem ter preferido usar a CIA para conduzir a operação. Embora a CIA tenha seus próprios drones, a agência também usa drones das forças militares, assumindo a responsabilidade quando a aeronave estiver no espaço aéreo que o Departamento de Defesa não está autorizado a operar.

Em meados de julho, os Estados Unidos anunciaram a morte do líder do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, Maher al Agal, também durante um ataque com drones. Os EUA consideraram que a operação “enfraqueceu consideravelmente a capacidade” da organização “para preparar, financiar e realizar operações na região”. /AFP, NYT

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