Com isso, viajantes brasileiros também poderão ir ao país.
Por Folhapress
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A França anunciou neste sábado (17) que a entrada de turistas completamente imunizados contra a Covid-19 está liberada, independentemente do país de origem. Com isso, viajantes brasileiros também poderão ir ao país. A medida já está em vigor.
Será aceita a entrada apenas de pessoas que receberam doses de imunizantes aprovados pela agência de saúde europeia: os da AstraZeneca, Moderna, Pfizer ou Janssen. Além disso, é preciso esperar sete dias entre a segunda dose e a viagem, ou 28 dias no caso de aplicação do imunizante da Janssen, de dose única.
De acordo com informações da RFI, como a vacina da AstraZeneca fabricada na Índia, chamada de Covishield, é reconhecida pelas autoridades francesas, aqueles que tenham recebido este imunizante também poderão entrar no país.
Segundo Caroline Putnoki, diretora para a América do Sul da Atout France, agência oficial de desenvolvimento turístico do país, será preciso apresentar o certificado da vacina e uma declaração de que o viajante não possui sintomas nem teve contato com pessoas com Covid. A diretora explica que o comprovante recebido no posto de saúde, mesmo em português, será válido para a entrada. No aplicativo do ConecteSUS, pode-se ainda gerar um certificado com QR code, também em português.
Para se deslocar dentro da Europa, no entanto, será necessário observar as condições de entrada nos demais países do continente. Cada lugar estabeleceu regras diferentes para viajantes vindos da França, e elas têm sido alteradas com bastante frequência.
Antes da mudança, passageiros vindos do Brasil só poderiam entrar na França caso tivessem um motivo válido, chamado de “imperioso”, como reagrupação familiar ou permissão de residência no país europeu. Viajantes que não estão vacinados seguem podendo entrar no país apenas nestas condições e devem cumprir mais algumas exigências, como apresentar no embarque um teste de Covid com resultado negativo realizado menos de 48 horas antes do voo, fazer um novo exame na chegada e cumprir quarentena obrigatória de dez dias.
O anúncio do governo francês não deixa claro como será feito o controle de viagens de crianças. Outro ponto a ser explicado é como estrangeiros poderão emitir o “passe sanitário” para frequentar lugares de cultura e lazer, anunciado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na segunda-feira (12).
A medida determina que, para ir a espetáculos, parques de diversão, shows ou festivais a partir de 21 de julho, será necessário apresentar um certificado de vacinação ou teste recente de Covid com resultado negativo, que foram apelidados de passe sanitário. Já para cafés, restaurantes, trens e ônibus de longa distância, a medida valerá em agosto, ainda sem data definida.
A França vive um dilema entre apertar restrições, para conter a alta recente de casos, ao mesmo tempo em que busca flexibilizar regras para beneficiar o setor de turismo. O país voltou a superar a marca de 10 mil novos casos por dia nesta semana, mas o número de pessoas hospitalizadas não cresceu na mesma proporção. Segundo dados do portal Our World in Data, 54,42% dos franceses receberam ao menos uma dose da vacina contra o coronavírus, e 40,07%, as duas.
Desde o começo da pandemia, o país de 67 milhões de habitantes registra, até este sábado, 5,9 milhões de casos e 111 mil mortes por coronavírus, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.
O passe sanitário gerou uma corrida pela vacina, mas também motivou revolta entre os franceses, que foram às ruas neste sábado em diversas cidades do país. Segundo o Ministério do Interior, foram registrados 137 atos, que reuniram ao todo cerca de 114 mil pessoas, 18 mil das quais em Paris.
Os manifestantes compararam a exigência do certificado a medidas ditatoriais e da Segunda Guerra. “Eu nasci em Portugal, durante a ditadura de Salazar, eu não quero reviver isso”, disse à RFI uma participante do ato em Paris que se identificou como Fernanda. Em outras partes do país, como em Lille e Toulouse, a política de saúde de Macron foi comparada ao nazismo, a uma ditadura e a um “apartheid sanitário”.
Apesar das dimensões das manifestações, uma pesquisa divulgada nesta sexta (16) indicou que mais de 60% dos franceses dizem concordar com a exigência de um “passe sanitário”, bem como com a vacinação obrigatória para profissionais de saúde —outra medida que gerou críticas a Macron.
Durante uma visita a um centro de vacinação em Anglet, no sudoeste do país, o primeiro-ministro Jean Castex reforçou o pedido para que os franceses tomem as doses. “Eu ouço a relutância que surge, mas acho que devemos, a todo custo, convencer nossos cidadãos a serem vacinados. É a melhor maneira de lidar com essa crise de saúde”, disse o premiê.
Essa relutância, como chamou o premiê, foi expressada em um ataque a um centro de vacinação, vandalizado e destruído na noite desta sexta, em Lans-en-Vercors, segundo a RFI. Michel Kraemer, prefeito da cidade, classificou os atos como desprezíveis e horríveis e responsabilizou os antivacinas.
O centro foi instalado na sala de festas da cidade que se localiza em uma região montanhosa e turística da França e deveria começar a aplicar as primeiras doses neste sábado. Os responsáveis pelo ataque abriram os sistemas de incêndio do prédio, que foi totalmente inundado. Além disso, as paredes foram pichadas com slogans antivacina, alguns utilizando a cruz da Lorena associada à letra V, símbolo patriótico usado pela resistência na Segunda Guerra. Seringas e compressas foram destruídas.
“São nossos filhos, os deste município, que vão pagar a conta desta idiotice. As pessoas que fizeram isso confundem tudo”, declarou o prefeito. “Nosso orçamento já é apertado e agora esta sala, que é utilizada pelas associações locais, está totalmente inutilizável”. A polícia abriu uma investigação sobre o ataque.