Danos exatos provocados pela tempestade ainda são contabilizados; Joe Biden disse que furacão pode ter sido ‘o mais letal da história da Flórida’
Por Estadão
A passagem do furacão Ian pelo Estado da Flórida nesta quarta-feira, 28, deixou um rastro de destruição de proporções históricas, segundo autoridades locais. Os danos exatos provocados pela tempestade ainda não foram totalmente contabilizados, mas ao menos 17 pessoas morreram e 500 foram resgatadas de enchentes em meio à devastação generalizada. Cerca de 2,6 milhões de habitantes estão sem luz.
O furacão se dirige agora pelos Estados da Geórgia, Carolina do Sul e do Norte e da Virgínia com ventos contínuos de até 120 km/h e condições “fatais” envolvendo “inundações, tempestades e fortes rajadas de vento”, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC). Ele chegou a enfraquecer e sair da categoria de furacão, mas retomou força ao longo desta quinta-feira, 29.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o furacão Ian pode ter sido “o mais letal da história da Flórida”. Segundo uma análise inicial da Fitch Ratings, os prejuízos causados na Flórida variam entre US$ 25 bilhões a US$ 40 bilhões. “Os números ainda não são claros, mas recebemos informações que dão conta de uma perda significativa de vidas”, declarou durante uma visita ao escritório da agência federal que combate desastres naturais, FEMA, em Washington.
A região mais afetada pelo Ian na Flórida é a cidade de Fort Myers. Casas foram destelhadas e as construções mais próximas à costa ficaram alagadas e destruídas. “Nunca vimos uma destruição desta magnitude”, disse o governador Ron DeSantis. “O nível da água deve aumentar mesmo depois da passagem do furacão. É a pior tempestade dos últimos 500 anos.”
Segundo autoridades locais, a madrugada foi de desespero para os moradores do sudoeste do Estado. As linhas de emergência ficaram sobrecarregadas e a Guarda Costeira mal esperou o amanhecer para começar os resgates. Botes foram usados para chegar às áreas mais inundadas.
A cidade de Punta Gorda, sul do Estado, tinha alguns poucos edifícios com iluminação, graças a geradores de energia elétrica. Ventos fortes arrancaram os galhos de muitas palmeiras do centro, sacudindo até postes de energia, quando o ciclone ainda estava a cerca de 40 quilômetros da cidade.
Em Naples, no sudoeste da Flórida, as ruas ficaram completamente inundadas e carros ficaram à deriva na correnteza. Em alguns pontos, as inundações superaram três metros.
Quase 2,5 milhões de pessoas tiveram de abandonar alguns condados na costa da Flórida, onde dezenas de abrigos foram preparados. “Esta é uma tempestade sobre a qual falaremos durante muitos anos”, declarou o diretor do Serviço Meteorológico Nacional (NWS), Ken Graham.
Além disso, as inundações causadas pelo furacão fizeram estações de tratamento de esgotos transbordarem em toda a Flórida. Resíduos ainda não tratados ou parcialmente tratados foram despejados na cidade e podem conter bactérias ou outros organismos causadores de doenças, além de altos níveis de nitrogênio e fosfato, segundo o Departamento de Proteção Ambiental do estado. Essas duas substâncias são, historicamente, as maiores responsáveis por degradar os ecossistemas marinhos na Flórida.
Ian, que atingiu Cuba na terça-feira, provocou duas mortes e um corte quase total de energia elétrica na ilha. Na quarta-feira à noite, a energia elétrica foi restabelecida em algumas áreas de Havana e outras 11 províncias, mas não nas três províncias mais afetadas do oeste da ilha. A região mais afetada foi a província produtora de tabaco de Vuelta Abajo, entre os municípios de San Luis, San Juan y Martínez e Pinar del Río. /NYT, AFP, AP