Política de construção de assentamentos é uma marca da coalizão extremista de Netanyahu

Israel anunciou nesta quinta-feira, 29, que criará 22 novos assentamentos na Cisjordânia, o que pode provocar uma tensão ainda maior em suas relações diplomáticas com boa parte da comunidade internacional, já fragilizada pela guerra em Gaza.
“Tomamos uma decisão histórica para o desenvolvimento dos assentamentos: 22 novas localidades na região de Judeia e Samaria”, afirmou o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, utilizando o nome usado por parte dos israelenses para se referir à Cisjordânia.
A iniciativa foi criticada pela ONG israelense Paz Agora, que é contra a construção de assentamentos no local. “O governo israelense já não finge o contrário: a anexação dos territórios ocupados e a expansão dos assentamentos são seu principal objetivo”, afirmou a organização em um comunicado.
Para a ONG, esta iniciativa – a maior do tipo desde os Acordos de Oslo, com os quais Israel se comprometeu a não estabelecer novos assentamentos – modificará drasticamente a Cisjordânia.
‘Herança dos nossos antepassados’
Segundo um mapa publicado pelo Likud, partido de direita do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, os 22 novos assentamentos serão distribuídos por toda a Cisjordânia.
Duas das 22 colônias anunciadas, Homesh e Sa-Nur, são particularmente simbólicas. Localizadas no norte da Cisjordânia, são de fato reassentamentos, já que foram esvaziadas em 2005 como parte do plano israelense de retirada da Faixa de Gaza promovido então pelo primeiro-ministro Ariel Sharon.
Constituído em dezembro de 2022 com o apoio de partidos ultraortodoxos e de extrema direita, a coalizão liderada por Netanyahu é a mais extremista da história de Israel.
Após o anúncio da construção de novos assentamentos, Smotrich afirmou na rede social X que não se trata de “tomar terra estrangeira”, mas sim de retomar a ”herança de nossos antepassados”.
Quase 500 mil israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia, entre três milhões de palestinos.
Bombardeio em Gaza mata 44
Em meio ao anúncio da criação de novos assentamentos na Cisjordânia, a guerra na Faixa de Gaza segue a todo vapor.
O ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas e não diferencia civis de terroristas, afirmou que 44 pessoas morreram por conta de bombardeios israelenses nesta quinta-feira.
As autoridades também apontaram que duas pessoas morreram por conta de disparos do Exército israelense perto do local onde a ajuda humanitária foi distribuída, no sul do território palestino.
O centro de ajuda humanitária, administrado por uma organização apoiada pelos EUA, faz parte de um novo plano de distribuição de ajuda em Gaza que, segundo Israel, visa impedir que o Hamas apreenda suprimentos.
Em um comunicado, o Exército de Israel afirmou ter bombardeado “dezenas de alvos terroristas em toda a Faixa de Gaza” ao longo do dia.
Os alvos atacados incluíam terroristas, estruturas militares, postos de observação e atiradores de elite que representavam uma ameaça às tropas israelenses na área, túneis e outros locais de infraestrutura terrorista”, acrescentou o comunicado./com AFP
Estadão