Nas redes sociais, Lula disse que foi um “boa conversa” e Zelensky classificou a discussão como ‘construtiva’ e ‘honesta’

O GLOBO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mantiveram nesta quarta-feira sua tão esperada primeira reunião bilateral, após meses de um vai e vem de declarações de Lula sobre a invasão da Rússia que desataram reações do governo ucraniano e atraíram críticas dos EUA e da União Europeia. Não houve declaração à imprensa após o encontro de pouco mais de uma hora, mas os dois presidentes se manifestaram nas redes sociais. Eles mencionaram que esforços para a busca da paz foram tema da reunião, que Lula descreveu como uma “boa conversa” e Zelensky como “construtiva” e “honesta”.
Os presidentes também prometeram manter contatos futuros, afirmaram autoridades dos dois países após a bilateral, que ocorreu às margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
“Na sequência da nossa discussão honesta e construtiva, nós instruímos nossas equipes diplomáticas a trabalhar nos próximos passos na nossa relação bilateral e nos esforços de paz”, afirmou o presidente ucraniano em uma publicação na rede social X (antigo Twitter).
Na mesma rede, o presidente Lula escreveu que foi uma “boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países”.
O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que a bilateral foi um “momento importante”, enquanto Zelensky busca angariar apoio do chamado Sul Global para seus esforços contra a invasão da Ucrânia, que já dura 18 meses. Lula se recusou a adotar um lado do conflito, por vezes declarando que Kiev e Washington compartilhavam a responsabilidade pela escalada.
Falando a repórteres em Nova York depois do encontro, Kuleba disse que usaria um termo não diplomático para descrever a reunião, afirmando que ela ‘quebrou’ o gelo das relações entre os dois países.
— Não que houvesse gelo em nossas relações, mas o encontro foi muito caloroso e honesto. Acho que agora os dois presidentes entendem bem melhor a posição um do outro — declarou Kuleba, antes de acidentalmente se referir a Lula como “presidente Putin”.
O encontro começou com cinco minutos de atraso, às 17h05 (horário de Brasília). Zelensky chegou no hotel de Lula por uma asaída interna sem falar com a imprensa, acompanhado do chefe de Gabinete Andriy Yermak, ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, além dos assessores para política externa Andrii Sybiha e Ihor Jovkva e de Roman Mashovet, assessor-chefe para assuntos militares.
Do lado brasileiro participaram, além de Lula, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, e Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.
Na saída, o ministro Mauro Vieira descreveu a conversa como “tranquila” e “amigável”.
— O presidente Lula e o presidente Zelensky tiveram uma longa discussão em um ambiente tranquilo e amigável, em que trocaram informações sobre os países e a situação do mundo neste momento. Instruíram também suas equipes, os seus ministros do exterior a continuarem em contato para desenvolver as relações bilaterais e discutir possibilidades de paz — disse Vieira.