Macron diz que ‘agressão da Rússia não conhece fronteiras’ e Europa precisa se preparar sem EUA

Em discurso televisionado, presidente francês afirmou que discutirá com aliados europeus a possibilidade de usar a dissuasão nuclear da França para proteger o continente de ameaças russas

Ludovic Marin/AFP
Em um discurso televisionado nesta quarta-feira, Macron alertou que a agressão da Rússia ‘não conhece fronteiras’. Foto: Ludovic Marin/AFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou nesta quarta-feira, 5, que a agressão da Rússia “não conhece fronteiras” e disse que discutirá com aliados europeus a possibilidade de usar a dissuasão nuclear da França para proteger o continente de ameaças russas, em meio a preocupações sobre um possível distanciamento dos EUA sobre a invasão da Ucrânia.

O líder francês, aliado próximo de Kiev, afirmou que os franceses estavam “legitimamente preocupados” com o início de uma “nova era” após a mudança radical da política dos Estados Unidos sobre a Ucrânia sob o governo de Donald Trump.

“Quero acreditar que os Estados Unidos permanecerão ao nosso lado, mas temos que estar preparados caso isso não aconteça”, indicou Macron.

Macron acusou a Rússia de ter “transformado o conflito ucraniano em um conflito mundial”, citando o envio de soldados da Coreia do Norte para região da guerra e a aliança da Rússia com o Irã.

“A ameaça russa está aqui e afeta os países da Europa, nos afeta”, ressaltou o presidente de centro-direita em seu discurso transmitido pela televisão. “Essa agressão parece não conhecer fronteiras”, acrescentou, afirmando que a Rússia está gastando 40% de seu orçamento em gastos militares, com planos de expandir seu exército. “Quem pode acreditar que a Rússia de hoje vai parar na Ucrânia?”, Macron perguntou.

O líder sugeriu que forças militares europeias poderiam ser enviadas à Ucrânia se for assinado um acordo de paz, a fim de garantir que a Rússia não volte a invadir seu vizinho.

Macron, que falou na véspera uma cúpula europeia especial na quinta-feira, ainda disse que havia decidido “abrir o debate estratégico sobre a proteção de nossos aliados no continente europeu por nossa dissuasão (nuclear)”. Ele disse que o uso das armas nucleares da França permaneceria apenas nas mãos do presidente francês.

Em seu discurso, ele também qualificou como “incompreensíveis” as tarifas americanas sobre produtos europeus e disse que esperava “dissuadir” Trump.

O chefe de Estado afirmou que os franceses devem “estar preparados para que os Estados Unidos decidam impor tarifas aos produtos europeus”, como acabaram de fazer com Canadá e México.

“Essa decisão, incompreensível tanto para a economia dos Estados Unidos quanto para a nossa, terá consequências para algumas de nossas indústrias”, advertiu./Com AFP e AP.

Estadão

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