Primeira-ministra da Escócia lança campanha pela independência do país do Reino Unido

Nicola Sturgeon disse que pretende apresentar um plano para que um novo referendo seja realizado apenas com a autorização do parlamento escocês, caso Boris Johnson e conservadores tentem vetar a votação

A primeira-ministra Nicola Sturgeon e o co-líder do Partido Verde, Patrick Harvie, falam com repórteres sobre plano de novo referendo sobre a independência da Escócia. Foto: Russell Cheyne/ AFP

Por Estadão

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, lançou uma nova campanha pela independência do país do Reino Unido nesta terça-feira, 14, e anunciou que está quase pronta para dar mais detalhes sobre como o parlamento descentralizado escocês poderia avançar com um novo referendo, mesmo sem o consentimento do governo britânico.

“Depois de tudo o que se passou, o Brexit, a covid, Boris Johnson, chegou a hora de apresentar uma visão diferente e melhor”, disse Sturgeon a repórteres em Edimburgo. “É hora de falar de independência”, acrescentou.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson e seu Partido Conservador, que é de oposição na Escócia, são contrários ao referendo, e devem tentar impedir que ele seja realizado. Os conservadores defendem que a questão foi resolvida em 2014, quando os escoceses votaram contra a separação do Reino Unido, por 55% a 45%.

Mas os partidos pró-independência, liderados pelo Partido Nacional Escocês (SNP), conquistaram a maioria no parlamento em uma eleição realizada no ano passado, que Sturgeon disse que lhe deu um “mandato democrático indiscutível” para levar adiante os planos de um segundo referendo.

A legenda argumenta que o Brexit, decidido dois anos depois do último referendo – que foi contestado pela maioria dos escoceses -, mudou a situação e que a Escócia deveria poder ingressar na União Europeia como um estado independente.

“O Brexit nos tirou da UE e do mercado único contra nossa vontade, com enormes danos ao comércio, condições de vida e serviços públicos”, disse Sturgeon.

A líder independentista afirmou que pretende realizar uma votação até o final de 2023, embora Johnson tenha se recusado a emitir uma ordem da “Seção 30″ para autorizar o referendo. “Se quisermos defender a democracia aqui na Escócia, devemos forjar um caminho a seguir, se necessário sem uma ordem da Seção 30… No entanto, devemos fazê-lo de maneira legal”.

O trabalho ainda está em andamento sobre o procedimento, considerada a contestação britânica. “Eu planejo dar uma atualização significativa ao parlamento muito em breve”, disse ela.

Johnson, por outro lado, disse que a posição de seu governo não mudou e que ele quer se concentrar em temas mais urgentes, como a recuperação da pandemia e no combate à crise do custo de vida. “A decisão foi tomada pelo povo escocês há apenas alguns anos”, disse ele a repórteres.

“Acho que devemos respeitar isso e também devemos nos concentrar no que acho que todo o Reino Unido – Escócia, Inglaterra, todo mundo – quer que olhemos, que é a posição econômica em que estamos”.

Sturgeon, uma crítica mordaz de Johnson e do Brexit, estava falando no lançamento do primeiro de vários documentos políticos que defendem a independência. Ela argumentou que a Escócia tinha o mesmo tamanho de vários outros países europeus que eram mais justos e ricos do que o Reino Unido.

“A Escócia sob controle de Westminster está sendo retida”, disse Sturgeon. “Com a independência, nós também teríamos as alavancas e a autonomia que esses países consideram garantidas para ajudar a realizar seu potencial.”/ AFP e REUTERS

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