‘Ninguém quer a guerra, especialmente porque a guerra nuclear seria uma ameaça à existência da civilização humana’, disse Dimitri Medvedev
Por Estadão
O ex-presidente russo e vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev, disse que o país está preparado para usar armas nucleares contra os Estados Unidos e a Europa se sua existência for ameaçada. O mais recente episódio de retórica nuclear surge enquanto as tropas russas enfrentam uma feroz resistência na Ucrânia, invadida por elas em 24 de fevereiro.
A declaração não foi além da doutrina da Rússia publicada anteriormente, mas ocorre no momento em que a Otan está dobrando suas tropas no Leste Europeu e com o presidente americano, Joe Biden, em visita à Polônia, reafirmando que os EUA tratam seu dever de defender seus aliados da Otan como “uma obrigação sagrada”.
Medvedev deu as declarações à agência de notícias estatal russa RIA Novosti em trechos de uma entrevista publicada no sábado, no mesmo dia em que Biden se reuniu em Varsóvia com o presidente polonês, Andrzej Duda.
“Ninguém quer a guerra, especialmente porque a guerra nuclear seria uma ameaça à existência da civilização humana”, disse Medvedev.
“Todo o nosso povo sabe que os alvos das armas nucleares dos países da Otan são instalações no território do nosso país, e nossas ogivas são direcionadas para alvos localizados na Europa e nos Estados Unidos da América”, acrescentou Medvedev. “Mas isso é a vida. Portanto, deve-se sempre pensar nisso e buscar uma política responsável.”
Medvedev também observou que, conforme estabelecido na política da Rússia sobre dissuasão nuclear, o país poderia usar armas nucleares em resposta a um ataque a ele ou seus aliados com armas convencionais se “a própria existência do país estiver ameaçada”.
O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, também mencionou as armas nucleares da Rússia em comentários divulgados no sábado. Ele disse que “manter a prontidão militar das forças nucleares estratégicas” estava entre as prioridades na abordagem de compras do Ministério da Defesa, juntamente com armamento de precisão de longa distância e equipamentos de aviação./NYT