Cálculos feitos por técnicos do mercado financeiro ouvidos pelo ‘Estadão/Broadcast’ simulam o impacto do aumento do imposto sobre diferentes operações
Com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo no dia 22, o custo efetivo total de uma operação de capital de giro de 30 dias que se renova mensalmente por um ano sai de 23,68% — média apurada pelo Banco Central em março — para 32% ao ano. Para este caso específico, os cálculos feitos por técnicos do mercado ouvidos pelo Estadão/Broadcast mostram que a alta do IOF é equivalente a uma elevação da Selic dos atuais 14,75% para 23,07%.
Já no caso de uma operação de 120 dias, renovada somente três vezes no ano, é como se a Selic pulasse 3,2 pontos porcentuais, para 17,95% ao ano. “É como se o empresário estivesse tomando crédito num ambiente em que a Selic tivesse explodido. É uma pancada”, disse um profissional do mercado.
No caso de uma operação de 120 dias, renovada três vezes no ano, o juro anterior era de 7,34% e passou para 8,41%, com o custo do IOF saindo de 0,87% para 1,94%. O aumento do imposto é de 1,07 ponto porcentual ou 122%. E a alta no custo total da operação é de 14,52%.
Em reais, numa operação de R$ 100 mil por quatro meses, o custo do IOF aumentou R$ 1.065,61. Em um ano, cresceu R$ 3.196,84.
Os estudos mostram também que, exceto na pandemia, nos últimos 25 anos, o IOF do crédito variou dentro da faixa entre 1,5% e 2%. Com a mudança, a taxa dobrou para 4% ao ano.
Os técnicos afirmam ainda que, nas operações de risco sacado o impacto é maior ainda. Isso porque anteriormente não eram consideradas operações de crédito e, portanto, a alíquota era zero. Agora, passarão a ter o tratamento das demais linhas de crédito.
Estadão
