Arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon é sepultada em jardim no quintal de casa, no Sul do Piauí

Enterro restrito a familiares e amigos foi realizado na manhã desta quinta-feira (5). Fundadora do Parque Nacional da Serra da Capivara faleceu na quarta (4), aos 92 anos, vítima de um infarto.

Jornal Nacional/Reprodução
Pesquisadora franco-brasileira Niède Guidon morre aos 92 anos e é enterrada em São Raimundo Nonato. Foto: Jornal Nacional/Reprodução

A arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, fundadora do Parque Nacional da Serra da Capivara, foi sepultada na manhã desta quinta-feira (05.jun.2025), em um jardim no quintal de sua casa, em São Raimundo Nonato, no Sul do Piauí.

Segundo a diretora do parque, Marian Rodrigues, o enterro foi restrito a familiares e amigos após o velório aberto ao público, na quarta-feira (4), no Museu do Homem Americano, na mesma cidade.

Niède faleceu na madrugada de quarta, vítima de um infarto, aos 92 anos. Em homenagem à arqueóloga, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), decretou luto oficial de três dias.

Quem foi Niède Guidon?

Niède nasceu em 12 de março de 1933, em Jaú (SP), filha de pai francês e mãe brasileira. Ela se formou em história pela Universidade de São Paulo (USP) em 1959.

Lecionou na França e voltou ao Brasil em 1970, quando conheceu as pinturas rupestres de Coronel José Dias, no Sul do Piauí.

A pesquisadora encontrou desenhos datados de até quase 30 mil anos e obteve o doutorado em pré-história pela Universidade de Paris em 1975.

O g1 preparou um perfil da arqueóloga que revolucionou a história do “homem americano” e cujo trabalho levou a Unesco a declarar a Serra da Capivara como patrimônio cultural da humanidade.

Berço do homem americano

O sítio da Serra da Capivara, escavado pela pesquisadora em 1973, ofereceu achados inéditos sobre a ocupação humana nas Américas.

As pinturas rupestres indicam a presença humana anterior à teoria do Estreito de Bering, que datam de 13 mil anos o povoamento das Américas pelo Homo sapiens, vindo da Ásia.

O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979. A Fundação do Homem Americano surgiu logo depois, em 1980, para facilitar e financiar as pesquisas na região.

O trabalho de Niède revelou mais de 800 sítios pré-históricos, com pinturas rupestres, ferramentas e outros vestígios dos primeiros habitantes humanos da América, descobertos em escavações arqueológicas.

Graças às descobertas da arqueóloga, a Unesco reconheceu o Parque Nacional da Serra da Capivara como patrimônio cultural da humanidade em 1991.

Reconhecimento e homenagens

A importância do trabalho de Niède foi reconhecida por todo o mundo, e ela recebeu homenagens de todo tipo: desde documentários aos nomes de um pássaro e uma ópera.

Em 2020, Niède tomou posse na cadeira de número 24 na Academia Piauiense de Letras (APL), em uma solenidade virtual por conta da pandemia de Covid-19.

Quatro anos depois, em 2024, Niède recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), pelas cinco décadas de trabalho à frente das pesquisas arqueológicas no estado.

G1

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