Marcola, Gegê do Mangue e Fuminho são algumas das lideranças que fizeram do grupo a maior organização do tráfico de drogas no Brasil, que busca expandir sua ação para além do continente

Estadão
O Primeiro Comando da Capital (PCC) chega aos 30 anos de fundação nesta semana como a maior organização criminosa do Brasil e como uma força em ascensão do narcotráfico internacional. Criada em uma cadeia de Taubaté, no interior de São Paulo, o grupo conta hoje com milhares de integrantes e vê parte deles expandir a presença da facção na África e Europa, onde revende a cocaína importada dos vizinhos sul-americanos.
As fases pelas quais passou a facção podem ser explicadas pela atuação de diferentes lideranças, expoentes e integrantes que marcaram a história da organização criminosa até aqui. Há aqueles que deram o pontapé inicial ao PCC como uma gangue prisional em 1993, como Cesinha e Geleião. Outros que expandiram o poder do partido e colocaram no patamar atual, como o mais conhecido integrante: Marcola. E ainda aqueles que levaram a atuação do crime a fronteiras transcontinentais, como Fuminho.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) surgiu há 30 anos na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no Vale do Paraíba. O local, conhecido como “Piranhão”, era considerado pelos presos da época como uma espécie de castigo, em razão das condições precárias e de brigas frequentes entre os detentos. O Massacre do Carandiru, que resultou na morte 111 presos na zona norte de São Paulo em 1992, aumentou ainda mais a tensão no presídio.
“Conta-se que o Comando da Capital disputava na bola, e na faca, a liderança da cadeia contra o Comando Caipira, formado por presos do interior. A maioria dos detentos havia chegado sob acusação de incitar rebeliões”, escreveu o pesquisador Gabriel Feltran, no livro Irmãos: Uma História do PCC. Acuados, presos que haviam sido transferidos da capital para o interior começaram a pensar em formas de se proteger.
“Conta-se que o Comando da Capital disputava na bola, e na faca, a liderança da cadeia contra o Comando Caipira, formado por presos do interior.”
Gabriel Feltran
Pesquisador
A primeira demonstração de força viria em um campeonato de futebol. Era 31 de agosto de 1993, no que era para ser mais uma partida da competição, oito detentos emboscaram dois presos considerados rivais (Baiano Severo e Garcia) em uma quadra de futebol. A carnificina foi encabeçada por nomes como Geleião e Cesinha. Estava fundado o Primeiro Comando da Capital.
No livro Laços de Sangue: A História Secreta do PCC, o procurador de Justiça Marcio Sergio Christino e o jornalista Claudio Tognolli descrevem como os fundadores apareceram naquele dia. Usavam as mesmas camisas brancas e “traziam no peito uma sigla escrita a caneta: PCC”. A partir de então, começaria o “batismo de sangue” de outros irmãos.
Na primeira década após sua fundação, o PCC era marcado por uma ofensiva até mais explícita contra o Estado, muito em conta do que pensavam nomes como Cesinha, Sombra e Geleião. No começo dos anos 2000, por exemplo, houve tentativas de ataques e atentados contra o Fórum da Barra Funda e contra a Bolsa de Valores, em São Paulo, mas ambas acabaram frustradas, além de rebeliões coordenadas.
Expansão: ‘irmandades secretas’ sob o comando de Marcola
Com a ascensão de Marcola, pesquisadores afirmam que o PCC passou a ter caráter mais próximo ao de “irmandades secretas”, com uma regulação mais estruturada das atividades criminosas e proibições expressas para quem ingressasse na facção. Em contrapartida, foram providos benefícios e proteção aos presos. Essa segunda fase foi decisiva para consolidar a organização como a principal força do narcotráfico do País.
“A organização passa a agir mais em rede do que de forma essencialmente piramidal. Não que a hierarquia tenha desaparecido. Ela só se transformou ao longo do tempo e passou a ter um poder de capilarização muito maior do que antes”, disse o promotor de Justiça Fábio Ramazzini Bechara, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Isso não quer dizer, afirma ele, que houve maior distribuição de poder – as divisões por “sintonias” (espécies de departamentos) continuam –, mas uma “transformação no modelo”. “O que aconteceu ao longo do tempo, até em razão da ampliação das diferentes logísticas que cercam a atividade ilícita, foi uma reconfiguração da forma de exercer essa liderança”, afirmou Bechara.
No livro Irmãos: Uma História do PCC, o pesquisador Gabriel Feltran aponta que a facção “não se organiza como os grupos criminais já conhecidos”. “O PCC não se parece, em funcionamento, nem com os comandos cariocas, nem com as facções de outros Estados do Brasil, nem com as gangues prisionais americanas, e difere em vários aspectos das máfias italianas, russas ou orientais”, escreveu.
“Muitos integrantes morrem, mas a facção se fortalece. Quanto mais esses ‘líderes’ são transferidos a regimes de isolamento, ou mesmo mortos, quanto mais seus carregamentos milionários de drogas ou seus planos de assaltos fantásticos são desbaratados, mais o PCC se expande.”
Gabriel Feltran
Pesquisador
Segundo ele, ainda que seja uma rede de empresários criminais e empreendedores autônomos, que atuam em mercados legais e ilegais, no varejo e no atacado, a facção não funciona como empresa. Tampouco como um comando militar, “embora promova operações de guerra e de resgate”. Para o pesquisador, hoje a atuação do PCC mais se assemelha a irmandades secretas, o que dificulta a atuação do Estado.
“Muitos integrantes morrem, mas a facção se fortalece. Quanto mais esses ‘líderes’ são transferidos a regimes de isolamento, ou mesmo mortos, quanto mais seus carregamentos milionários de drogas ou seus planos de assaltos fantásticos são desbaratados, mais o PCC se expande. É preciso entender o que se passa”, escreveu Feltran.
Transcontinental: cocaína parte de Santos para o mundo com André do Rap e Fuminho
Agora, o foco está em aumentar a presença da organização no tráfico internacional. “Nesse olhar de atuação em rede, passa-se a ter a participação efetiva de criminosos que não necessariamente são batizados (como integrantes do PCC). Isso também cria novos tentáculos, o que, de certa forma, expande esse poder de influência”, afirmou Bechara.
A reorganização se deu, afirma o promotor, em resposta a condenações de lideranças históricas da organização, a transferências de nomes fortes da alta cúpula para presídios federais e a novas medidas adotadas pelas autoridades para dificultar a comunicação de quem está na prisão – o celular teve papel central na expansão do PCC no começo dos anos 2000.
No período recente, o foco das autoridades tem sido em tentar sufocar financeiramente a organização. Nesta semana, a Polícia Federal deflagrou a Operação Pactolo, para reprimir e desarticular um braço do PCC dedicado ao tráfico internacional pelo porto de Santos e por outros portos do País. A Justiça Federal decretou medidas patrimoniais de sequestro de 12 imóveis, inclusive apartamentos de luxo, e o bloqueio de bens e valores de contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, somando valor estimado de R$ 2,8 bi.
Histórias recentes ajudam a mostrar como o PCC tem se reconfigurado diante dessa nova dinâmica. Nos últimos anos, nomes como André do Rap, Fuminho e Cabelo Duro, influentes na Baixada Santista, despontaram com força na organização e passaram até a acumular riquezas a partir do crime. Em 2018, Gegê do Mangue, considerado uma das principais lideranças do PCC nas ruas, suspeitou da atuação do trio e proibiu que a estrutura da facção fosse usada para fins particulares.
Gegê foi assassinado a tiros em uma suposta emboscada em território indígena em Aquiraz, no Ceará. Uma semana depois, Cabelo Duro também foi morto – ele havia sido apontado como o assassino, a mando de Fuminho. A revelação abalou a organização, uma vez que Gegê era batizado como “irmão” e Fuminho, não. Ou seja, ele não poderia ter mandado executar Gegê sem aval da “Sintonia Final”, cúpula mais alta da organização.
“Ao menos outros 2 milhões de homens, mulheres e adolescentes, mesmo que não batizados, são funcionários de baixo escalão dos mercados ilegais no Brasil e correm com o Comando em periferias, ruas e favelas de todo o País.”
Marcio Sergio Christino e o jornalista Claudio Tognolli
Procurador de Justiça e jornalista, no livro Laços de Sangue, a história secreta do PCC
Fuminho e André do Rap se esconderam até conseguirem convencer a facção de que Gegê era quem roubava o caixa da organização. A sentença de morte foi suspensa, e ambos voltaram a atuar como estavam fazendo anteriormente. O episódio foi um demonstrativo de que lideranças estratégicas que conseguiam expandir os lucros com o tráfico internacional estavam sendo vistas como peças mais valorizadas dentro do PCC.
Na época, Fuminho e André do Rap eram responsáveis pela Sintonia do Tomate, o setor do tráfico internacional de drogas da organização, como mostra reportagem recente do Estadão. Em 2020, Fuminho foi preso em Moçambique – a hipótese é de que estava por lá para firmar parcerias para o Primeiro Comando. André do Rap, que já morou em Portugal e Holanda com o mesmo propósito, está foragido desde 2020.
Conforme trecho do livro, o Ministério Público brasileiro estimava que, até 2018, o PCC tinha mais de 30 mil integrantes batizados e espalhados por todos os Estados. “Ao menos outros 2 milhões de homens, mulheres e adolescentes, mesmo que não batizados, são funcionários de baixo escalão dos mercados ilegais no Brasil e correm com o Comando em periferias, ruas e favelas de todo o País.”
10 integrantes do PCC que explicam 30 anos da facção; veja histórias
1- Cesinha (Fundação)
Cesar Augusto Roriz participou da fundação da facção
Cesar Augusto Roriz, o Cesinha, foi um dos fundadores do Primeiro Comando, em 1993. Era considerado um dos mais violentos integrantes no início da organização. Permaneceu no PCC até o fim de 2002, quando foi expulso e jurado de morte (ou “decretado”, no jargão do crime) junto a outro fundador, o Geleião. Eles foram acusados de radicalismo e de terem mandado matar a advogada Ana Olivatto, então mulher de Marcola.
No livro Irmãos: Uma História do PCC, Gabriel Feltran escreve que os “presos leais a Geleião e Cesinha apostavam que a reputação do PCC e de seus líderes deveria se encaminhar para algo similar àquela notabilizada pelo Cartel de Medellín, na Colômbia dos anos 1980”, em que se empregava o terror contra governos como estratégia de crescimento. Esse tipo de atuação perdeu apoio dentro da organização.
Fora do PCC, a dupla criou o Terceiro Comando da Capital (TCC), uma facção rival. Após escapar de várias tentativas de assassinato, Cesinha foi morto em 2006 na penitenciária de segurança máxima de Avaré, no interior paulista, aos 39 anos. Foi atacado com golpes de vassoura e em seguida asfixiado com cordas feitas com lençóis.
2- Geleião (Fundação)
José Márcio Felício dos Santos participou da fundação da facção
Um dos principais fundadores do PCC, José Márcio Felício dos Santos, o Geleião, era tido como uma figura imponente, com mais de 1,90 de altura e cerca de 130 quilos.
No livro de Gabriel Feltran, o pesquisador afirma que Geleião teria criado para si mesmo o posto de general do PCC, nunca previsto nos estatutos da facção. Atitudes como essa aumentaram, entre outros presos, a percepção de que a luta contra as opressões nas cadeias, que havia originado a facção, estaria sendo desvirtuada. O fator foi decisivo para a ascensão de grupos discordantes dos fundadores.
No livro Laços de Sangue, a história secreta do PCC, o procurador de Justiça Marcio Sergio Christino e o jornalista Claudio Tognolli descrevem que ele foi encontrado bebê em um barraco por uma família, que o criou até os 10 anos. Entrou para o mundo do crime na adolescência.
Aos 18 anos, em 1979, foi preso e levado à Casa de Detenção, no Carandiru, na zona norte paulistana. Nunca mais saiu da prisão. A primeira pena, de 30 anos, se somou a outras condenações por crimes como homicídio no interior do sistema penitenciário. Geleião morreu em 2021, aos 60 anos, por complicações da covid-19.
3 – Sombra (Fundação)
Idemir Carlos Ambrósio foi um dos primeiros recrutados para a facção
Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, é tido como o primeiro detento a ser recrutado pelo Primeiro Comando da Capital. Conhecido ladrão de banco em São Carlos (SP), foi preso no começo dos anos 1990. Depois, transferido para a Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no ano de fundação do PCC – a ida para o local era considerada uma punição. Por lá, aproximou-se dos fundadores e se tornou uma das principais vozes na popularização da organização dentro do presídio, sob o mote de combater excessos contra detentos.
Sombra também teve papel central nos primeiros motins do grupo, como a megarrebelião de janeiro de 2001 – partiu dele o “salve” (mensagem geral) para começar as ofensivas contra agentes penitenciários e fazer reféns na cadeia. Foi morto naquele mesmo ano, após ser atacado por seis detentos no presídio de Taubaté, justamente onde passou a ser conhecido.
Na época, o advogado de Sombra disse que o PCC decretaria luto de sete dias. A morte dele ocorreu em um período de disputas internas, o que também resultou no assassinato de outras lideranças. O período marca a ascensão de Marcola ao poder.
4 – Marcola (Expansão)
Marco Willians Herbas Camacho subiu ao primeiro escalão e continua a liderar a organização criminosa
Rosto mais conhecido do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, ascendeu ao primeiro escalão da facção no começo dos anos 2000, com o assassinato de outras lideranças históricas. Amigo de infância de Cesinha, começou no mundo do crime como ladrão de banco. Investigações apontam que, ao entrar para o PCC, passou a se desentender com lideranças, e delatou outros membros à polícia para ganhar mais poder. É visto como figura estratégica, que estabeleceu formas de aumentar a renda do grupo e articulou ataques coordenados contra o Estado.
Conforme o livro de Gabriel Feltran, liderava um grupo de presos que apostava em um futuro diferente para o Primeiro Comando em relação aos fundadores. “A proposta era agir discretamente. Não no modelo de guerra pública, de terror, de estrutura piramidal. Segredo, silêncio e paz entre os ladrões, para confrontação estratégica diante do sistema. Para Marcola e os seus, o PCC deveria seguir agindo como irmandade, nos moldes de uma sociedade secreta. Garantindo a ordem nas cadeias e, cada vez mais, nas favelas de São Paulo, o grupo reduziria não apenas os conflitos internos ao crime, mas também com as polícias e o governo, fortalecendo-se junto da população miserável da cidade”, escreveu.
Foi condenado por atentados contra a polícia em 2006 e pelo assassinato, em 2003, do juiz Antonio José Machado Dias, o Machadinho, da Vara de Execuções Penais de Presidente Prudente. Hoje, aos 55 anos, está na Penitenciária Federal de Brasília (DF), onde cumpre mais de 330 anos de pena. Como mostrou o Estadão,um dos esquemas para tentar resgatá-lo, embora frustrado, movimentou mais de R$ 5 milhões.
5 – Biroska (Expansão)
Edilson Borges Nogueira teve papel importante na expansão nacional do grupo
Edilson Borges Nogueira, o Biroska, teve papel importante na expansão do PCC fora de São Paulo. Responsável pelo tráfico em Diadema, no ABC Paulista, foi considerado um dos principais financiadores da facção nos anos 2000. Uma década depois, participou dos contatos entre a cúpula da organização com a Amigos dos Amigos (ADA), facção fluminense chefiada por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, então líder do tráfico na Favela da Rocinha, no Rio.
Biroska foi morto a facadas em 2017 durante banho de sol na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Ele estava preso havia 12 anos. A morte do traficante, de 44 anos, ocorreu em meio a revelações de que Marcola teria, mais uma vez, delatado outros líderes da facção. Na época, investigadores disseram que o assassinato jamais teria ocorrido sem ordens da cúpula do Primeiro Comando.
6 – Gegê do Mangue (Expansão)
Rogério Jeremias de Simone foi figura central na profissionalização do grupo criminoso
Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, foi figura central na “profissionalização” do Primeiro Comando. Nascido na região da Favela do Mangue, na zona oeste da capital paulista, começou a vender drogas na adolescência em bairros boêmios da cidade, como a Vila Madalena. Foi preso por tráfico no começo dos anos 2000 e, em pouco tempo, foi alçado ao primeiro escalão. Gegê ganhou influência ao passar a colaborar com lideranças da organização.
Solto em 2017, virou uma espécie de auditor do PCC nas ruas. Na época, logo após o assassinato de Jorge Rafaat, tido como o “Rei da Fronteira”, se estabeleceu na Bolívia por um tempo para fortalecer a importação da droga pelo PCC. Foi assassinado a tiros, em fevereiro de 2018, em suposta emboscada em um território indígena em Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza, no Ceará. O período marcou uma nova fase de conflitos internos na organização.
7 – Canônico (Expansão)
Daniel Vinícius Canônico é um dos braços direitos de Marcola
Daniel Vinícius Canônico, o Cego, é considerado um dos atuais braços direitos de Marcola. Em 2018, foi condenado junto a outros líderes a mais 30 anos de prisão por organização criminosa armada e corrupção ativa. Investigações apontam que foi um dos fiadores do assassinato de Gegê do Mangue, morto junto de Fabiano Alves de Souza, o Paca.
Na época, Gegê e Paca eram dois dos principais nomes do PCC nas ruas. Ao mesmo tempo, passaram a ser criticados por supostamente gastarem, de forma indiscriminada, recursos da organização. O período marca uma guerra de versões envolvendo outros líderes importantes, como André do Rap e Fuminho. Canônico segue preso.
8 – André do Rap (Transcontinental)
André Oliveira Macedo é expoente do tráfico internacional de cocaína a outros continentes
Da Baixada Santista, onde fica o Porto de Santos, André Oliveira Macedo, o André do Rap, recebeu o apelido por cantar rap após as primeiras prisões por tráfico, no começo dos anos 2000. Na cadeia, além da música, aproximou-se do PCC. “Bandido ostentação”, tornou-se um dos responsáveis pela Sintonia do Tomate, setor do tráfico internacional de drogas do PCC. Obteve avanços para a expansão internacional do grupo, com acordos, por exemplo, com a italiana ‘Ndrangheta, a mais poderosa máfia da Europa.
Com o sucesso, comprou lancha, carro de luxo e até helicópteros, além de ter ido morar na Holanda e em Portugal para estabelecer contatos. Foi acusado por Gegê de passar para trás o PCC em benefício próprio, chegou a ser “decretado”, mas contornou a situação com lideranças da organização. Condenado a 25 anos de prisão por tráfico internacional de drogas, foi preso em 2019, mas solto um ano depois após alvará concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Deveria se dirigir, por ordem da Corte, a um endereço no Guarujá (SP), mas está foragido desde então.
9 – Fuminho (Transcontinental)
Gilberto Aparecido dos Santos participa dos esforços de internacionalização do PCC e foi preso em Moçambique
Considerado o primeiro brasileiro chefe de um cartel de drogas, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, começou no mundo do crime nos anos 1990, quando atuou como ladrão de banco ao lado de Marcola. Posteriormente, fortaleceu a presença do PCC na Baixada Santista e morou na Bolívia por pelo menos 10 anos. A ideia foi aumentar o controle da organização sobre a cadeia produtiva, o que facilitaria o envio de drogas e armas para o Brasil.
Fuminho foi um dos principais responsáveis por aumentar a expressão internacional do PCC na última década. Ele foi preso em Moçambique, em 2020, após ficar foragido por 20 anos. Depois, foi extraditado para o Brasil. A hipótese é de que ele estava na África com o objetivo de construir uma rede de distribuição de droga na Europa e,assim, se livrar do pedágio cobrado pela ‘Ndrangheta e pela máfia sérvia: 40% da cocaína enviada pelo PCC fica nas mãos dos mafiosos do Velho Continente.
10 – Mijão (Transcontinental)
Sérgio Luiz de Freitas é apontado como atual liderança da facção nas ruas
Após uma série de disputas internas e prisões, hoje, Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão, é apontado por investigadores com o principal nome do Primeiro Comando nas ruas. Ele foi condenado pela Justiça de Mato Grosso do Sul a oito anos de prisão em abril por tráfico de drogas, mas recebeu o direito de responder em liberdade.
Foragido, Mijão é considerado pelo Ministério Público do São Paulo (MP-SP) como a principal voz do PCC fora da prisão, onde permanecem lideranças importantes, como Marcola e Fuminho. Mijão figura inclusive na lista de procurados da Interpol, polícia internacional. As informações sobre eles ainda são escassas.