Candidato do PDT diz que divergências entre petista e ex-governador permanecem: ‘O problema disso não é para trás, é para frente’, afirma
Por Estadão
O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou nesta segunda-feira, 5, que vê problemas na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do seu vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), devido não somente a divergências do passado, mas principalmente por aquelas que permanecem. Como exemplo, o petista citou a vice-presidência de Michel Temer (MDB) no governo de Dilma Rousseff (PT), união classificada por ele como “uma tragédia”.
“O problema disso não é para trás, é para frente”, disse ao relembrar a polarização entre o antigo partido de Alckmin, PSDB, e o PT. “Quando você estabelece um questionário para o Lula, política de preço da Petrobras, autonomia do Banco Central, privatização da Petrobras, da Eletrobras, o Alckmin é contra o Lula em todos esses temas. E é um País que, por crise ou por tragédia, os vices tem uma relevância muito grave”, disse em entrevista à Jovem Pan.
Ciro destacou a convergência de ideias entre ele e sua vice, Ana Paula Matos (PDT). “Nós temos uma afinidade, fomos separados no nascimento, na maternidade, tamanha a convergência de ideias. Podem ser boas, podem não ser boas, se gostar, não se gostar, mas ela está com a proposta na ponta da língua”, pontuou.
“Agora, submete o Alckmin a um questionário objetivo, que é o que interessa. Lá vai levar o Lula, como levou o Michel Temer, tenha santa paciência. Eu disse na data, ‘Lula, não faça isso, é uma irresponsabilidade levar o Michel Temer para a vice da Dilma, que não tem experiência nenhuma, vocês estão produzindo uma tragédia’”, criticou.
Na entrevista, Ciro descartou a possibilidade de apoiar Lula no caso de um segundo turno entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na esteira de críticas, o ex-ministro acusou Lula de ter um filho “ladrão”, e Bolsonaro de ter filhos envolvidos em escândalos de corrupção, o que desmoralizou o Executivo, avaliou.
“Eu passo uma campanha inteira dizendo que o PT virou uma organização criminosa, eles me insultam, me agridem, todo dia, e depois esperam que eu apoie ele no segundo turno, sabe como é? Nunca mais, Juvenal”, disse o pedetista.
Em críticas a ambos os adversários, Ciro afirmou que o cargo de presidente está desmoralizado. “Lula tinha filho ladrão, Bolsonaro tem filho respondendo por causa de corrupção”, afirmou. Segundo ele, com esses escândalos, o Executivo fica na mão do Judiciário, o que causou uma “disfuncionalidade institucional”.
O pedetista declarou que, em um eventual governo, quer “voltar cada poder para sua caixinha”. Ciro, no entanto, negou qualquer possibilidade de romper uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). “Trágico que seja, para um democrata visceral como eu, quem dá a última palavra é o Judiciário”, afirmou.