Vice-presidente diz cargo ‘é do presidente’, e nega que ausência na posse de Celso Sabino reflita descontentamento; Wellington Dias e Paulo Teixeira defendem mudanças em nome da ‘estabilidade política’
O GLOBO
Em meio a indefinição do presidente Lula (PT) em fechar questão sobre a alocação dos partidos PP e Republicanos dentro do governo, ao menos três nomes do primeiro escalão estão à espera da decisão do presidente. Vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB) declarou neste domingo que não teve “nenhuma conversa” com Lula sobre a reforma ministerial, mas que cargo de ministro é “do presidente”.
— Eu não tive com o presidente nenhuma conversa a esse respeito (reforma ministerial). Tivemos uma conversa no início da semana sobre a indústria da defesa, na presença do Múcio (ministro da Defesa). Cargo de ministro é da confiança do presidente da República. Minha disposição é ajudar, servir, ajudar o Brasil e colaborar com o presidente Lula— declarou Alckmin em Taubaté (SP).
Alckmin ainda negou ter faltado a posse do novo ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), na última quinta-feira, por descontentamento. A razão da ausência, segundo ele, seria um outro compromisso firmado no início do ano — uma aula magna na área de medicina.
De acordo com o colunista Lauro Jardim, após a ausência de Alckmin na posse de Sabino, Lula o procurou na quinta-feira à noite e os dois tiveram uma conversa de cerca de 40 minutos. Segundo aliados, o petista pôde sentir a disposição de Alckmin de permanecer no ministério, mas não entrou em detalhes sobre o que fará.
No momento, diferentes partidos do Centrão negociam integrar o primeiro escalão do governo. O temor é que a falta de base do governo no Congresso afete o cronograma de votação e aprovação de pautas do Executivo.
Uma possibilidade levantada para acomodar os novos aliados é criar o 38º ministério. Segundo Lauro Jardim, Lula avisou a aliados que deve criar uma nova pasta, mas não definiu qual seria.
Ingresso do Centrão por ‘estabilidade’
Em um tom similar ao de Alckmin, os ministros do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, defenderam neste último sábado a entrada de partidos do Centrão no governo para garantir o que chamam de “estabilidade política”.
Wellington Dias e Paulo Teixeira foram questionados sobre a entrada de novos partidos no governo em coletiva durante o evento “Diálogos Amazônicos”, realizado em Belém (PA). Perguntando sobre se sentir seguro no cargo, Dias disse que cabe a Lula tomar a decisão.
— Todo apoio a ele (presidente Lula) para que a gente tenha sim uma base, que garanta estabilidade política. Isso aqui é bom, não é para o governo, é bom para o país: estabilidade política, estabilidade econômica, estabilidade social. Isso são metas. Quem decide é o presidente e na hora certa ela vai bater o martelo e vai anunciar, e terá todo o nosso apoio. Da nossa parte, muito trabalho — declarou Dias.
A pasta comandada por Dias está no centro das especulações sobre as trocas ministeriais, pois tem o maior orçamento de toda a Esplanada.
Teixeira, por sua vez, defendeu o colega e alegou que o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social trabalha “24 horas por dia e faz o melhor pelo país”.
— Recentemente, foi dito que a área social é o coração do presidente Lula. E o coração do presidente Lula ele certamente trata com muito carinho. É importante ter sustentabilidade política, por isso, tanto ele, quanto eu (Dias), defendemos a entrada desses dois partidos (PP e Republicanos) no governo e vamos aguardar. E nós temos a certeza que o presidente Lula cuidará bem do seu coração — diz, em referência à pasta comandada por Dias.