Presidente afirma também que seu advogado Cristiano Zanin, cotado para STF, é a ‘grande revelação jurídica’
Folha de São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relembrou nesta terça-feira (21) que, durante o período em que esteve preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, costumava falar para procuradores que iam visitá-lo que iria “foder esse Moro”.
A declaração foi dada durante entrevista ao vivo para o portal Brasil 247.
Lula se emocionou no momento em que respondia a perguntas sobre o seu período preso em Curitiba. Disse que sentiu muita mágoa e citou as perdas da sua esposa Marisa Letícia, que morreu em 2017, e do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, que morreu em 2019.
“É engraçado que eu fiquei naquela cadeia lá e foi um momento muito rico da minha vida de resistência. Quantas vezes eu deitava naquela cama e ficava de barriga pra cima olhando o teto”, afirmava o presidente, quando começou a chorar.
Afirmou na sequência que os métodos da força-tarefa Lava Jato levavam as pessoas a delatarem, porque não aguentavam a pressão. Disse que o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) não aguentou “uma capa da revista Veja”.
“De vez em quando ia um procurador, entrava lá de sábado, dia de semana, para perguntar se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores e perguntavam: ‘está tudo bem?’ ‘[Eu respondia:] não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro. Vocês cortam a palavra ‘foder'”, afirmou o presidente durante a entrevista.
Lula foi preso em 2018 e passou 580 dias na carceragem da PF em Curitiba.
Lula também comentou os rumores de que vai indicar o seu advogado, Cristiano Zanin, para a vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) que será aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. Disse que ainda não sabe quem vai indicar e que não tem compromisso assumido com nenhum candidato.
Por outro lado, exaltou Zanin.
“O Zanin foi a grande revelação jurídica nesses últimos anos. O Zanin foi muito criticado [ao fazer a defesa de Lula na Lava Jato], porque não era criminalista, muita gente pediu para mim ‘você tem que contratar fulano’, muita gente do meu partido mesmo”, afirmou.
Lula também acrescentou que o eventual estabelecimento de mandatos para ministros do Supremo é assunto que “vai discutir proximamente”, embora não tenha tomado posição ao ser perguntado sobre esse formato.
O mandatário também foi questionado sobre a possibilidade de indicar a recondução do procurador-geral, Augusto Aras, para um novo mandato. Lula não quis responder diretamente, apenas repetiu que não vai seguir a lista tríplice que será apresentada pelo Ministério Público Federal. E culpou a força-tarefa Lava Jato, a quem chamou de “moleques”, ao justificar a sua posição.
“Única coisa que tenho certeza é que eu não vou escolher mais lista tríplice. E o Ministério Público Federal tem que saber que eu não vou escolher por irresponsabilidade da força tarefa do Paraná que foi moleque, que prejudicou a imagem do Ministério Público Federal, que quase destruiu a imagem da seriedade do Ministério Público, banco de moleque irresponsável. Eles jogaram fora uma coisa que só eu tinha feito, escolher a lista tríplice”, afirmou o presidente.
“Não tenho ninguém em vista ainda. Não vou indicar ninguém que seja meu amigo. Não quero indicar ninguém para fazer benefício para mim”, completou.