Espaço de luxo tem dois quartos, duas salas, uma cozinha completa, dois banheiros, um lavabo e dois halls; PT diz que as despesas são pagas pelo partido
Por Estadão
BRASÍLIA – Nos dois dias em que passou na capital federal, nesta semana, em contatos políticos e eventos públicos, o pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, se hospedou na melhor suíte presidencial do Meliá, hotel de luxo na área central da cidade. Com 183 metros quadrados, o espaço é reservado na internet por R$ 6 mil a diária.
A suíte ocupada pelo petista, segundo anúncio do hotel, é destinada para hospedes que irão se “sentir especiais” em Brasília. O espaço tem dois quartos, duas salas, uma cozinha completa, dois banheiros, um lavabo e dois halls. Há ainda uma sala de jantar para oito pessoas. A conta da hospedagem deve sair do fundo partidário. A mulher de Lula, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, se hospedou com o ex-presidente.
A reportagem perguntou à assessoria do PT o motivo de Lula ter escolhido a suíte presidencial do hotel. Em nota, o partido informou que, durante os deslocamentos do ex-presidente pelo País, “providencia locais de hospedagem capazes de atender também a sua equipe de apoio e os dirigentes políticos que o acompanham em suas agendas, com instalações adequadas para receber convidados e realizar reuniões (salas e auditórios)”. “Todas as despesas relacionadas aos deslocamentos de seu presidente de honra são realizadas pelo PT conforme a lei e rigorosamente informadas à Justiça Eleitoral, que as divulga”, afirmou a sigla.
Líder nas pesquisas de intenção de voto, Lula escolheu a suíte do hotel que é oferecida a preço cheio por R$ 9,2 mil, sem o desconto da internet. A decoração é composta por móveis franceses e abajures de cristal. O hotel tem outras duas opções de suítes presidenciais, um apartamento de 86 m² e outro de 102m². Ambas custam cerca de R$ 4 mil. Em uma delas, há banheira de hidromassagem e roupa da marca italiana Trussardi. Além das suítes presidenciais, o hotel tem ainda outros apartamentos menores, de 28m² e de 40m², que custam entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil.
Presidenciáveis
Adversária do petista na eleição de outubro, Simone Tebet (MDB) informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se hospeda em suíte presidencial. Tebet afirmou que “não utiliza suíte presidencial em nenhum momento”. Ela disse que “a escolha de suas hospedagens é feita levando em consideração a eficiência dos deslocamentos e dentro de um padrão do bom senso dos investimentos dessa rubrica, sem buscar luxo”. “O MDB Nacional é responsável pelos custos inerentes, dentro do seu projeto de fortalecimento da imagem institucional e de divulgação do ideário de nossa pré-candidata, conforme a legislação lhe faculta”, informou.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro se hospeda em residências oficiais quando em deslocamento. No exterior, desde que assumiu, tem feito vídeos para se contrapor aos governos do PT dizendo que não se hospeda com dinheiro do contribuinte brasileiro. Mas, em novembro do ano passado, Bolsonaro fez um vídeo para mostrar a suíte de luxo em que se hospedou no Bahrein, no Oriente Médio. “Aqui a gente tem uma sala, uma sala aqui que (é) quase o tamanho do apartamento que eu morava no Rio de Janeiro. A cama bastante confortável uma televisão (de) primeira linha.”
A diária de R$ 46 mil, segundo Bolsonaro, foi paga pelo “rei do Bahrein”. “Nós sabemos como vive o Brasil. Poderia eu pagar esse hotel aqui, sem problema nenhum, quem estaria bancando era você contribuinte, o Ministério das Relações Exteriores. Mas assim como aconteceu agora há pouco, nós estamos vindo do Emirados Árabes Unidos, aqui também, essa despesa aqui vai ser custeada pelo rei do Bahrein”, disse o presidente.
Apesar da declaração, Bolsonaro colocou sigilo sobre os gastos do cartão corporativo, o que inviabiliza identificar seus gastos nas viagens internacionais. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), publicada pela revista Veja, apontou que os deslocamentos do presidente e do vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), assim como suas equipes de apoio custaram mais de R$ 16 milhões de reais aos cofres públicos de 2019 até março do ano passado. O TCU não encontrou irregularidades nas compras. A Corte de Contas, no entanto, destacou que houve um aumento nos gastos de viagens de Bolsonaro.
Por sua vez, Ciro Gomes (PDT) não retornou aos contatos da reportagem.