XP/Ipespe suspensa: entenda como são feitas e a diferença entre as pesquisas eleitorais

Levantamento, realizado por telefone, teve a divulgação de sua rodada prevista para esta sexta-feira cancelada e passará a ser divulgado mensalmente; agregador de pesquisas do ‘Estadão’ reúne dados dos principais institutos e calcula média eleitoral anulando impacto de diferenças metodológicas, como coleta de dados a partir de entrevistas presenciais ou por telefone

Bolsonaro tende a se sair melhor em pesquisas telefônicas em comparação às feitas presencialmente.  Foto: Evaristo Sá/AFP

Por Estadão

Após a XP Investimentos alterar a periodicidade de divulgação de suas pesquisas eleitorais, que são realizadas pelo Ipespe, uma campanha na internet passou a cobrar a publicação imediata dos dados, se convertendo num dos assuntos mais comentados no Twitter ainda na noite desta quarta-feira, 8, com a hashtag ‘Libera a pesquisa, XP’. O último levantamento, divulgado semana passada, provocou fortes protestos entre aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), que passaram a questionar a precisão dos dados, sugerindo que eles favoreceriam a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta quarta, a corretora de investimentos confirmou que deixará de produzir pesquisas semanais, realinhando a periodicidade para mensal. Os dados que provocaram a maior parte das críticas de bolsonaristas atribuíram ao petista desempenho superior ao presidente no quesito honestidade (35% a 30%), além da confirmação da vantagem de Lula nos índices de intenção de voto.

Apesar da pressão feita por aliados do presidente da República, os levantamentos XP/Ipespe não costumam ser os mais críticos para Jair Bolsonaro (PL). Graças à metodologia da pesquisa, que é realizada por telefone, o chefe do Executivo tem desempenho melhor do que aquele visto em relatórios de outros institutos, sobretudo aqueles que aplicam questionários face a face.

Pesquisas presenciais e telefônicas

Isso acontece porque pesquisas telefônicas tendem a subestimar a taxa de intenção de votos no ex-presidente Lula e a superestimar a do presidente Bolsonaro. Uma das explicações para que isso aconteça é porque sondagens feitas por telefone podem ter mais dificuldade em aferir a opinião dos mais pobres – segmento em que o petista se sai melhor.

Já outros institutos, como Datafolha e Ipec (o antigo Ibope), mobilizam entrevistadores que abordam as pessoas presencialmente, seja na rua ou em suas casas, mitigando possíveis distorções causadas pelo método telefônico.

Média Estadão Dados

Essa peculiaridade é levada em consideração pelo Média Estadão Dados, o agregador de pesquisas do Estadão. O modelo adotado pelo jornal considera que a forma como os dados são coletados tem influência significativa nos resultados, e que, na média, as pesquisas presenciais são mais precisas ao atribuir a taxa de intenção de votos de cada candidato. Por outro lado, as pesquisas telefônicas são feitas com maior frequência e podem captar melhor eventuais mudanças de tendência.

O agregador controla diversos parâmetros e dá pesos diferentes aos levantamentos para impedir que números destoantes ou desatualizados puxem um dos concorrentes para cima ou para baixo.

Em nota, a XP negou que vai interromper a divulgação de pesquisas de intenção de voto e que contrata “diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores decisões sobre investimento”. A empresa alegou que os resultados serão agora divulgados mensalmente, com maior número de pessoas entrevistadas. “(…) Oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado”, escreveu, após a colunista Monica Bergamo publicar a informação, confirmada pelo Estadão, atribuindo a mudança à pressão bolsonarista. Procurado, o Ipespe não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Margem de erro e índice de confiabilidade

As pesquisas do Ipespe costumam realizar amostra nacional com mil entrevistados, de 16 anos e mais, de todas as regiões do País; com cotas de sexo, idade e localidade; e controle de instrução, renda e recall do voto presidencial 2018. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, e o índice de confiabilidade de 95%.

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