Adão Negro ganha holofotes na HBO Max

O filme já está na plataforma digital da Warner Bros.

Sob o elmo de Nabu do Sr. Destino está Pierce Brosnan, que rouba a cena de “Black Adam”  

Estadão

Rodrigo Fonseca Fofocas acerca do suposto desligamento de Henry Cavill do cargo de Superman e de rixas de Dwayne “The Rock” Johnson com o projeto DC Comics nos cinemas não impediram “Adão Negro” de fechar sua carreira nas telas com uma recente espantosa – US$ 391 milhões – e de abrir uma auspiciosa trajetória por uma nova mídia, a streaminguesfera, via HBO Max. O filme já está na plataforma digital da Warner Bros. – Discovery com uma dublagem impecável, que traz Garcia Júnior no gogó do anti-herói. Ao mesmo tempo, a Panini Comics acaba de lançar uma coletânea (recheada de roteiros de Cavan Scott e Bryan Q. Miller) com as aventuras do personagem e a gênese dos coadjuvantes dele no longa, entre os quais o Sr. Destino. Seu maior acerto foi a escalação de Pierce Brosnan para o papel. É o 007 da década de 1990 quem toma “Black Adam” para si, ainda que seu astro principal filtre seus cacoetes interpretativos e encontre uma interseção entre a fúria e comiseração, num paradoxo raro. Seu realizador é o catalão Jaume Collet-Serra (“A Órfã” e “Desconhecido”) não teve como trazer seu ator fetiche, Liam Neeson, pro elenco, mas deitou e rolou no carisma de Brosnan, uma vez que sua especialidade são figuras heroicas grisalhas. Collet-Serra mescla bem geografia com adrenalina, abrindo fogo contra o intervencionismo militar exportado pelos EUA para o mundo. Seu filme ganha força plástica na direção de arte de Beat Frutiger e Tom Mayer, mesmo soterrado numa overdose de efeitos visuais, nem sempre bem aplicados e, por vezes, plasticamente confusos. Problemas à parte, Brosnan é o sol dessa narrativa que frisa a dimensão soturna da DC-Warner-HBO Max no trânsito pelas mitologias das HQs. Seu desempenho em cena é magistral.

Prestes a fazer 70 anos, com 105 produções num currículo iniciado em 1980, Brosnan chamou a atenção dos brasileiros, via TV Globo, como o Remington Steele da série “Jogo Duplo”, que durou 94 episódios, entre 1982 e 1987. A intimidade dele com o universo da espionagem deu uma guinada com o hoje esquecido “O Quarto Protocolo” (1987), de John Mackenzie, o que habilitou seu perfil pra herdar de Timothy Dalton o posto de James Bond. E, de “GoldenEye” (1995) a “Um Novo Dia Para Morrer”, lançado há 20 anos, ele foi um Bond rentabilíssimo, que rendeu à franquia 007 um faturamento estimado em US$ 1,5 bilhão. Depois disso, recebeu indicação ao Globo de Ouro (“The Matador”), cantou com Meryl Streep (em “Mamma Mia! O Filme”) e fez thriller premido na Berlinale com Polanski (“O Escritor Fantasma”). Agora, é a vez de Brosnan emprestar sua sabedoria a um dos personagens mais enigmáticos dos quadrinhos: o Sr. Destino, a.k.a. Kent Nelson, o guardião do elmo mágico de Nabu. Tem bonequinho dele por todo lado, à venda na web e nas lojas de brinquedos, de carona nas expectativas para o Natal. Já se fala até numa série dedicada só a Kent. Criado em maio de 1940, por Gardner Fox, na revista “More Fun Comics” #55, Destino é a cota de magia no planisfério pluralíssimo de vigilantes da DC, que encontra um lar na Sociedade da Justiça. Na trama filmada por Collet-Serra, ele vai até o reino de Kahndaq, uma mistura do Irã de hoje com o Iraque da Guerra do Golfo (sob uma ótica catastrofista), onde o Adão Negro desperta de um sono milenar para salvar seu povo do jugo de mercenários, a Intergangue. Mas sua violência desmedida obriga a Sociedade, liderada pelo Gavião (um inspirado Aldis Hodges) a agir, calcando-se nas habilidades de um par de jovens: Cyclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (o hilário Noah Centineo). Mas só o Sr. Destino pode tocar aquele coração empedernido pelo ódio e ofertar ao público, graças ao talento de Brosnan, uma aula sobre responsabilidade. No Brasil, Luiz Carlos Persy, um gênio da dublagem, empresta a voz a Brosnan.

p.s.: Vai ter “Matrix” (1999) na madrugada da TV Globo desta segunda, à 1h50.

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