Arcabouço fiscal: regras focadas em despesa têm mais efetividade no controle da inflação, diz Campos Neto

Âncora fiscal estruturada pelo governo Lula prevê aumento de receita em aproximadamente R$ 150 bilhões

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza audiência pública para ouvir o presidente do Banco Central Pedro França/Agência Senado

O GLOBO

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que o histórico de regras fiscais com maior resultado positivo no controle da inflação tem foco no corte de despesas, diferente da regra estruturada pela equipe econômica do governo – que prevê aumento de receita em aproximadamente R$ 150 bilhões.

No Senado, Campos Neto foi questionado sobre os efeitos do novo regramento fiscal apresentado ao Congresso pelo governo Lula, em eventual redução da taxa básica de juros. Em resposta a líder do PT no Senado, que classificou a taxa de juros como “injustificavel”, o presidente do BC disse que a inflação é o ‘imposto mais perverso que existe’.

Ele foi convocado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado, para apresentar justificativas à taxa de juros em 13,75% ao ano, sendo a maior nominalmente desde novembro de 2016.

— Qualquer plano fiscal, entendemos que é muito difícil o corte de despesas. Mas quando o plano fiscal, em qualquer país, é mais de corte de despesas, ele tem efeitos mais benéficos na inflação. Quando o plano fiscal é mais de receita, ele não tem esse efeito tão benéfico na inflação. Entendemos as limitações do Brasil e que o governo tem feito um grande esforço — disse o chefe do BC.

Por outro lado, em recentes eventos públicos, o presidente do BC fez avaliações positivas sobre o arcabouço fiscal no papel de equilíbrio das contas públicas no longo prazo. Uma relação direta entre a apresentação da âncora fiscal e a queda da Selic já foi descartada pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Sem previsão de queda nos juros

Também na audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Campos Neto disse que não consegue presumir quando a taxa básica de juros entrará no ciclo de queda. O mercado projeta que o ano terminará com a Selic em 12,5%.

— Eu não tenho capacidade de dizer, sou um voto de nove, quando isso vai acontecer, mas é um processo técnico que tem o seu tempo. As coisas têm caminhado no caminho certo — pontuou.

Campos Neto alegou que há uma tendência de queda estrutural na taxa de juros do país e atribuiu às reformas econômicas nos últimos anos. Segundo ele, a nova regra fiscal é capaz de ancorar expectativas de baixa inflação no longo prazo.

Compartilhe esta notícia!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pt_BRPortuguese