Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado suicida em Cabul até o momento
Por Folhapress
CABUL | AFP E REUTERS
Um ataque contra o maior hospital militar do Afeganistão nesta terça-feira (2) deixou ao menos 25 mortos e 50 feridos em Cabul, onde o Talibã enfrenta uma série de ações do grupo terrorista rival Estado Islâmico.
Uma autoridade talibã indicou que a primeira explosão ocorreu na entrada do hospital Sardar Mohammad Dawood Khan e a segunda, nos arredores, ambas seguidas por disparos, segundo uma testemunha.
O atentado é o último episódio de uma sequência de ataques no país desde que o Talibã retomou o poder, em meados de agosto, depois de invadir Cabul e ver as tropas ocidentais deixarem o Afeganistão.
Segundo um porta-voz do Talibã, quatro homens envolvidos no ataque desta terça foram mortos e um quinto foi capturado. A ação, no entanto, não teve a autoria reivindicada por nenhum grupo.
Dentro do hospital, uma fonte médica narrou à agência de notícias AFP ter ouvido uma forte explosão e, depois, o som de disparos. A testemunha afirma acreditar que os agressores estavam indo de quarto em quarto, assim como ocorreu da outra vez que o local foi atacado, em 2017.
Quando o hospital, que tratava soldados feridos pelo Talibã e agentes do governo deposto, foi invadido, há quatro anos, homens vestidos com uniformes de equipes médicas mataram dezenas. Durante horas, os agressores foram aos quartos atirando nos pacientes ou apunhalando-os quando ficavam sem munição.
À época, o Estado Islâmico assumiu a autoria da ação, mas sobreviventes acusaram os talibãs.
Ainda que ambos os grupos extremistas sejam sunitas e radicais, o Estado Islâmico e o Talibã são rivais. A ramificação afegã da facção jihadista, o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), já reivindicou a autoria de quatro grandes atentados no país desde o retorno talibã ao poder, incluindo o ataque ao aeroporto de Cabul durante a retirada em massa liderada por países ocidentais e explosões em mesquitas xiitas.
O grupo também afirmou ser responsável pelo último ataque na capital afegã, em 3 de outubro, quando ao menos cinco pessoas morreram devido a uma explosão que teve a mesquita Id Gah como alvo.
A primeira explosão desta terça-feira ocorreu às 13h, no horário local. Imagens publicadas em redes sociais mostram uma fumaça preta subindo ao céu logo após a detonação. Qari Saeed Khosty, porta-voz do Ministério do Interior, afirmou que as forças especiais do Talibã foram ao local para proteger a área.
As ruas próximas à “zona verde”, onde ficavam as antigas sedes de embaixadas de países ocidentais, foram bloqueadas, e os talibãs realizavam operações de busca. O barulho das sirenes ecoava em toda a região à medida que as ambulâncias chegavam ao local. No céu, helicópteros sobrevoavam a cidade.