Com a popularidade afetada pela alta dos combustíveis, o presidente voltou a criticar a empresa pelo reajuste
Por Estadão
BRASÍLIA – Após renovar críticas à Petrobras por ter anunciado o reajuste dos combustíveis antes da aprovação, pelo Congresso, das mudanças no ICMS sobre diesel e gás de cozinha, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a estatal “com toda a certeza” vai reduzir o preço dos produtos diante da queda na cotação de petróleo no mercado internacional.
“Estamos tendo notícias de que, nos últimos dias, o preço do petróleo lá fora tem caído bastante. A gente espera que a Petrobras acompanhe a queda de preço lá fora. Com toda certeza fará isso daí”, afirmou o chefe do Executivo em cerimônia no Palácio do Planalto. “Espero que a nossa querida Petrobras, que muita sensibilidade ao não nos dar um dia, retorne aos níveis da semana passada os preços dos combustíveis no Brasil”, acrescentou, em tom de ironia sobre a postura da empresa.
Com a popularidade afetada pela alta dos combustíveis, Bolsonaro voltou a dizer que a responsabilidade pelo reajuste é da Petrobras, e não do governo, e a criticar a empresa. “Se a Petrobras tivesse esperado (a aprovação do projeto no Congresso), teríamos aumento apenas de R$ 0,30, não de R$ 0,90 (no litro do diesel)”, disse o presidente.
Ainda de acordo com Bolsonaro, a queda na cotação do petróleo no exterior, que baliza os preços da Petrobras, sinaliza “normalidade no mundo”. “Essa guerra na Rússia e Ucrânia tem influenciado a nossa economia”, reconheceu.
Contramão de Guedes
Na mesma cerimônia, Bolsonaro afirmou que vai na contramão do que o ministro da Economia, Paulo Guedes, fala para ele. “Quando alguém chega com uma sugestão da política, eu vou ouvir primeiro Paulo Guedes. Aí eu vou na contramão do que ele fala para mim. Então, nos complementamos”, disse em cerimônia no Palácio do Planalto, aos risos. “Não sei 10% do que ele sabe de economia, ele não sabe 10% do que eu sei de política”, acrescentou
Para tentar amenizar a “brincadeira”, Bolsonaro destacou, em seguida, que o trabalho da equipe econômica é fantástico e que Guedes tem sido vigilante em relação ao mundo político. “Grande parte do orçamento é para juros e rolagem da dívida. Mas, nosso governo está sinalizando para posição futura, em que cada vez mais se diminuem nossas dívidas. Ano de eleição, é natural, muita gente queria entrar no orçamento, Guedes tem sido vigilante. Tudo o que faz, faz com responsabilidade”, declarou sobre o ministro da Economia.
O presidente também elogiou o chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. “Um homem de visão de futuro”, disse o presidente, segundo quem o auxiliar de Guedes já contava com a vitória de Bolsonaro em 2018 antes das eleições.
Ao lado do senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL), Bolsonaro ainda voltou a destacar o que chama de conquistas do seu governo, como a criação do Pix e do Auxílio Brasil. “Pix está na casa de 1 bilhão e 300 milhões de movimentações mensais”, destacou.
Sobre o programa de valores a receber criado pelo Banco Central, Bolsonaro afirmou que “muita gente tem achado mil, dois mil, dez mil reais em conta inativa”. No entanto, como informou o BC ontem, a maioria das pessoas tem até R$ 1 a receber.
Ainda de acordo com Bolsonaro, cerca de 100 mil jovens já procuraram o governo federal para pagar dívidas do Fies dentro do programa de renegociação apresentado pelo governo.
Desoneração é investimento
O presidente saiu em defesa da desoneração da folha de pagamento, que beneficia 17 setores da economia brasileira que mais empregam no País e foi prorrogada no final do ano passado. “No meu entender, parece que do Paulo Guedes também, é investimento. Não é taxando e sobretaxando o setor produtivo que vamos conseguir algo de bom para nosso País”, disse do chefe do Executivo em cerimônia no Palácio do Planalto.
De acordo com o presidente, hoje pela manhã 16 setores da indústria procuraram o governo para agradecer pela prorrogação da desoneração. Não há informações sobre esse encontro na agenda oficial de Bolsonaro. “Cada vez mais a gente vai desonerar a pessoa que trabalha no Brasil”, garantiu o chefe do Executivo.
Bolsonaro ainda afirmou que há previsão de investimento em infraestrutura na ordem de R$ 1 trilhão até o final do ano e voltou a dizer que o ministério da Economia estuda reduzir ainda mais o IPI. “Há uma possibilidade de reduzir ainda automóveis, motocicletas, produtos da linha branca”.