China registra protesto contra Covid zero após incêndio deixar 10 mortos

Ocorrência gerou revolta nos moradores, que compartilharam nas redes sociais vídeos polêmicos de bombeiros posicionados longe do prédio em chamas por causa do distanciamento imposto pela covid-19

Moradores da cidade de Urumqi afirmam que manutenção da política contra o coronavírus causou as mortes. Foto: Reprodução via Reuters

Política Livre 

Um incêndio motivou protestos na região de Xinjiang, no extremo oeste da China, com multidões gritando contra a política de Covid zero em um momento em que o país registra novo recorde de casos pelo terceiro dia consecutivo.

A reação foi vista na capital Urumqi após um incêndio atingir um prédio residencial e deixar dez pessoas mortas na noite de quinta-feira (24). Autoridades afirmam que os moradores conseguiram deixar o prédio durante o incidente, mas vídeos compartilhados em redes sociais chinesas dão a entender que muitos residentes não puderam escapar a tempo porque o prédio estava parcialmente trancado.

Outras postagens na rede social chinesa Weibo mostram veículos elétricos que perderam a carga durante os bloqueios e impediram que a equipe de bombeiros tivesse acesso ao local do resgate. Usuários da Weibo afirmam que as mortes foram decorrência da manutenção da política de Covid zero.

Segundo vídeos que circularam em redes sociais chinesas na noite desta sexta (25), grupos de pessoas gritavam “fim do bloqueio”, enquanto caminhavam por uma rua. A agência de notícias Reuters verificou as imagens e confirmou que foram publicadas em Urumqi.

Autoridades de Urumqi realizaram uma coletiva de imprensa no começo deste sábado (26) negando que as medidas contra a Covid impediram pessoas de escapar do incêndio e o resgate de agir; também afirmaram o caso será investigado.

A China colocou a região de Xinjiang sob um dos bloqueios mais longos do país, com parte dos 4 milhões de moradores de Urumqi impedidos de deixar suas casas por um período de até cem dias. A cidade registrou cerca de cem novos casos em cada um dos últimos dias.

A região de Xinjiang é onde vivem cerca de 10 milhões de uigures. Grupos de direitos humanos e outros países acusam Pequim de abusos contra a minoria muçulmana, incluindo encarceramento em massa e supressão de seus hábitos e cultura. Um relatório da ONU publicado em agosto apontou que a China pode estar cometendo crimes contra a humanidade com os uigures. O país nega as acusações.

A China defende a política de Covid zero como necessária para evitar a sobrecarga de seu sistema de saúde. Essa estratégia, que envolve confinamentos em larga escala, restrições de viagens e testes em massa, também tem sido um duro golpe para a segunda maior economia do mundo.

O país registrou 35.183 novos casos nesta sexta, estabelecendo um novo recorde pelo terceiro dia consecutivo. O aumento vem gerando bloqueios generalizados, restrições de circulação e aos negócios.

Nesta sexta, seis milhões de habitantes da cidade chinesa de Zhengzhou, onde está localizada a maior fábrica de celulares iPhone do mundo, entraram em confinamento. Policiais e funcionários, que reivindicavam melhores salários, entraram em confronto.

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