O volume de água fez vários rios transbordarem, atingindo casas, derrubando árvores, inundando porões e levando parte da população a subir nos telhados para tentar se proteger.
Por Folhapress
SÃO PAULO ,SP (FOLHAPRESS) – Ao menos 42 pessoas morreram na Alemanha e dezenas estão desaparecidas nesta quinta-feira (15) em decorrência das chuvas que, de acordo com especialistas, não têm precedentes no país.
O volume de água fez vários rios transbordarem, atingindo casas, derrubando árvores, inundando porões e levando parte da população a subir nos telhados para tentar se proteger.
Pelo menos 15 pessoas morreram em Euskirchen, ao sul da cidade de Bonn. Outras 18 foram encontradas mortas e mais de 70 estão desaparecidas em Ahrweiler, no estado de Renânia-Palatinado.
“É uma catástrofe! Há mortos, desaparecidos e muitas pessoas ainda em perigo. Todos os nossos serviços de emergência estão em ação 24 horas por dia e arriscando suas próprias vidas”, disse Malu Dreyer, primeira-ministra do estado.
Na Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso do país, pelo menos mais nove pessoas morreram, algumas afogadas em porões inundados, incluindo dois bombeiros que trabalhavam justamente no resgate de vítimas.
Mais abaixo no rio Reno, as chuvas mais fortes já medidas em 24 horas causaram inundações em cidades como Colônia e Hagen, enquanto em Leverkusen 400 pessoas tiveram que ser evacuadas de um hospital.
Em Wuppertal, os moradores disseram que seus porões foram inundados e a energia cortada. Em todo o país, ao menos 200 mil casas tiveram o fornecimento de eletricidade interrompido, de acordo com comunicado divulgado pela principal distribuidora de energia da Alemanha.
Centenas de soldados foram convocados para ajudar as equipes de resgate, usando tanques para limpar as estradas bloqueadas pelos deslizamentos de terra e para recolher árvores caídas. Vários helicópteros também trabalharam para resgatar pessoas ilhadas nos telhados das casas.
“Fiquei totalmente surpreso. Pensei que um dia entraria água aqui, mas nada parecido com isso”, disse Michael Ahrend, morador de Ahrweiler, à agência de notícias Reuters. “Isso não é uma guerra, é simplesmente a natureza atacando. Finalmente, devemos começar a prestar atenção nisso.”
No vilarejo de Schuld, dezenas de casas foram reduzidas a pilhas de destroços, outras dezenas correm risco de desabar, e parte das principais vias de acesso ficou bloqueada por grandes quantidades de entulho e árvores caídas.
“O que eu vivi? Foi catastrófico”, disse o aposentado Edgar Gillessen, 65, morador de Schuld. “Todas essas pessoas que moram aqui, eu conheço todos. Tenho muita pena deles, perderam tudo. Um amigo tinha uma oficina ali, nada ficou de pé. A padaria, o açougue, acabou. É assustador. Inimaginável.”
Na cidade de Mayen, as ruas foram completamente inundadas. O chefe local dos bombeiros disse que nunca presenciou inundações tão fortes, e a polícia pediu que os moradores enviem vídeos e fotos que possam fornecer pistas sobre seus amigos e familiares desaparecidos.
A primeira-ministra Angela Merkel, que está em viagem aos Estados Unidos, disse, por meio de seu porta-voz, estar chocada com as dimensões da catástrofe na Alemanha. “Minha solidariedade vai para os parentes dos mortos e desaparecidos. Agradeço aos muitos voluntários incansáveis e aos serviços de emergência do fundo do meu coração.”
Horas depois, em entrevista coletiva em Washington, Merkel disse que representantes de outros países também expressaram solidariedade e ofereceram ajuda ao governo alemão. Ela também afirmou estar trabalhando com seus ministros das Finanças e do Interior para determinar como o governo pode oferecer assistência de modo mais eficaz aos afetados.
“Vocês podem confiar que todos os âmbitos do governo —federal, estadual e local— unirão forças para fazer tudo o que puderem para salvar vidas, evitar perigos e aliviar dificuldades”, disse.
Armin Laschet, premiê da Renânia do Norte-Vestfália e candidato à sucessão de Merkel nas eleições gerais de setembro, visitou a região atingida e culpou o aquecimento global pela gravidade do cenário.
“Vamos ser confrontados com tais eventos repetidamente, e isso significa que precisamos acelerar as medidas de proteção do clima, nos níveis europeu, federal e global, porque as mudanças climáticas não estão confinadas a um estado”, disse Laschet.
Annalena Baerbock, representantes do Partido Verde que aparece em segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de voto, também fez um alerta a respeito das mudanças climáticas e cobrou agilidades das autoridades na assistência às vítimas.
“As pessoas que estão diante das ruínas de sua existência porque seus pertences e suas casas foram simplesmente arrastados devem agora ser ajudadas rapidamente e sem burocracia”, disse.
Meteorologistas disseram que mais chuvas fortes são esperadas até o final da semana devido a um sistema climático de baixa pressão que abrange também França, Bélgica, Holanda e Luxemburgo
Na Bélgica, ao menos quatro pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas e uma menina de 15 anos está desaparecida depois de ter sido arrastada pela correnteza de um rio que transbordou. Na cidade de Pepinster, as águas do rio Vesdre inundaram as ruas. Ao menos dez casas desabaram, e os moradores de mais de mil residências tiveram que ser evacuados.
Na Holanda, um cenário semelhante danificou dezenas de casas na província de Limburg, no sul do país. Várias casas de repouso precisaram ser esvaziadas às pressas para evitar uma tragédia maior.