“O presidente está muito bem, em seu melhor momento”. Diz Ciro Nogueira.
Por Veja
O presidente Jair Bolsonaro já se referiu aos nordestinos como “paraíbas”, termo pejorativo que não fica bem na boca de gente civilizada, muito menos na de quem é responsável por governá-los.
Mas isso são águas passadas. Hoje, Bolsonaro tem como principal capital político o crescimento de sua popularidade no Nordeste, impulsionado, sobretudo, pelo auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais que perderam renda em razão da pandemia de covid-19. “Bolsonaro está tendo um crescimento vertiginoso no Nordeste”, avaliou, em entrevista ao Estado, o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), um dos principais sustentáculos do presidente no chamado Centrão.
Agora, anuncia antecipadamente que “o Progressistas do Piauí está completamente fechado no apoio a ele (Bolsonaro) para 2022”, referindo-se às eleições presidenciais, e avalia que “o presidente está muito bem, em seu melhor momento”.
“O Nordeste não é de esquerda, não é petista”, disse o senador Ciro Nogueira. “O Nordeste foi lulista. Lula transmitiu na época ter uma preocupação de cuidar das pessoas. O presidente Bolsonaro agora teve a mesma atitude, neste momento de dificuldade, passou essa imagem lá e ocupou um espaço de um vazio enorme”, explicou didaticamente o parlamentar.
Ou seja, um dos líderes políticos mais influentes do Nordeste informa que a região hoje é abraçada por Bolsonaro porque este demonstrou “preocupação” com sua população.
Mesmo no melhor momento do Nordeste nos últimos anos, entre 2006 e 2014, quando o PIB regional cresceu na média 3,9% ao ano, ante a média nacional de 3,5%, o impulso fundamental foi basicamente dado por programas sociais e ampliação do crédito nos governos petistas.
Quando veio a imensa crise econômica que ajudaria a apear o PT do poder, o Nordeste foi a região mais afetada, justamente porque o governo federal pouco havia feito para ajudar a região a se desenvolver de fato e, assim, tornar permanentes as conquistas daquela época. Entre 2015 e 2016, o PIB médio nordestino recuou 4,3% ao ano, ante queda de 3,6% no País. Já a renda familiar no Nordeste caiu 2%, quase o dobro da queda nacional.
Hoje, o Nordeste, que tem 27% da população do País, recebe 35% de todo o auxílio emergencial do governo federal. O auxílio chega a nada menos que um terço de todos os nordestinos. Considerando-se que no ano passado metade da população do Nordeste sobreviveu com cerca de R$ 260 mensais e os 10% mais pobres recebiam menos de R$ 60, é possível mensurar o impacto – social, econômico e eleitoral – do auxílio de R$ 600.