Os seis primeiros colocados na corrida presidencial debateram neste domingo; além de Lula e Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Felipe d’Avila e Soraya Thronicke se encontram no evento promovido pela Band, TV Cultura, UOL e Folha de S. Paulo com apoio de Google e YouTube
Por Estadão
No primeiro debate na TV, na noite deste domingo, 28, o presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou na mira dos concorrentes na disputa pelo Palácio do Planalto em razão de ataques às mulheres, da condução da pandemia da covid-19 e da deterioração da economia brasileira. Em outra frente, a artilharia dos candidatos se voltou também ao petista Luiz Inácio Lula da Silva no quesito corrupção. O petista se esquivou do tema e tergiversou nas respostas.
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Fim do debate
Termina o primeiro debate entre os candidatos à Presidência. Encontro reuniu os seis primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).
Luiz Felipe D’Avila
D’Avila defendeu a entrada de gente “competente e com caráter” em cargos públicos, em oposição aos profissionais da política. D’Avila falou ainda sobre a diminuição do Estado para fazer o País crescer. “A economia brasileira jamais vai voltar a crescer com o Estado sendo gerado do jeito que é”.
Soraya Thronicke
Para encerrar sua participação, Soraya Thronicke agradeceu a todos e a seu partido. Disse que tem, com seu vice, um projeto real e estruturante para diminuir o preço dos alimentos, trazer dignidade para as pessoas, tirar imposto de renda e INSS de quem recebe até 5 salários mínimos. Pediu paz e união e disse que ela, junto de Marcos Cintra, é a pessoa que fará isso.
Simone Tebet
A senadora falou em evitar retrocessos no Brasil e em reconstruir o Brasil, e elencou como problemas a serem resolvidos: comida mais barata, educação e saúde de qualidade, emprego e renda. A senadora também criticou a polarização.
“O Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro. O Brasil pertence aos quase 215 milhões de brasileiros. Triste o Brasil que tem que escolher entre o escândalo do petrolão e do mensalão do PT e o escândalo de corrupção da educação e do orçamento secreto do atual governo”, afirmou Tebet
Direito de resposta
Lula, em direito de resposta, questionou a responsabilidade de Bolsonaro em chamá-lo de presidiário. O petista disse que a razão de ter sido preso foi porque queriam eleger Bolsonaro. “Fui julgado inocente”, afirmou, e acrescentou que em um decreto só vai apagar todos os sigilos de Bolsonaro.
Bolsonaro
O presidente voltou a falar seu slogan de Deus, pátria, família e liberdade, nas considerações finais. Atacou Lula, dizendo que o petista apoiou os governos da Venezuela, Argentina, Chile, Colômbia, Nicarágua, questionando o que está acontecendo nesses países e o que aconteceria no Brasil se o petista voltasse ao governo.
Lula
Lula encerrou sua participação no debate se solidarizando com Simone Tebet e a jornalista Vera Magalhães pelas agressões sofridas por Jair Bolsonaro durante o debate. O ex-presidente também se referiu às conquistas de seus governos em comparação aos dados atuais e que recebeu o governo – e defendeu a presidente Dilma.
Ciro Gomes
Em suas considerações finais, Ciro agradeceu quem acompanhou até essa hora. Disse que é assim que poderão superar a crise deste momento. Disse que a luta não é pessoal contra nenhum dos rivais, e sim contra o modelo econômico que “criou uma máquina perversa” de transferir renda das pessoas para o setor financeiro. Ele atacou os gastos do Brasil com juros e pediu uma oportunidade de mudar isso. Disse ainda que é preciso banir a corrupção, que faz parte de um modelo de governança que ele diz se propor a combater.
Políticas públicas para mulheres
D’Ávila afirmou que a primeira medida seria o combate a impunidade. “O que é preciso é fazer cumprir a lei, combater a impunidade e aproveitar excelentes exemplos”. “Se nós ficarmos toda hora inventando política pública nova e não fazendo cumprir a lei, o Brasil não evolui”.
A respeito do combate a feminicídios e políticas públicas voltadas às mulheres, Jair Bolsonaro disse que os números de seu governo têm demonstrado que as mortes diminuíram no Brasil. “Nesse universo de diminuir vítimas, estão as mulheres”, disse ele. Acrescentou que ao valorizar as mulheres, diminui a violência, com medidas como titulação de terras e auxílio emergencial.
Ministras mulheres
Lula afirmou que não iria assumir nenhum compromisso para indicar uma quantidade igual de homens e mulheres em seus ministérios. O candidato se disse orgulhoso por indicar o primeiro negro e uma mulher ao STF e que o número de indicações poderia até ser mais da metade, mas que não assumiria o compromisso para não “se passar por mentiroso” caso isso não acontecesse.
Sobre ter maioria mulher em cargos no governo, Simone Tebet disse que Lula não quer assumir o compromisso, mas que ela já o fez. Disse que seu ministério será paritário e também terá participação de negros. “Mas não terá ninguém envolvido em corrupção”.
Liberação de armas
Ciro: “Arma só serve para matar, não serve para outra coisa.” “O presidente Bolsonaro, militar, treinado, foi assaltado pelo fato surpresa no Rio de Janeiro, numa motocicleta, e o bandido levou a arma dele. E com essa arma deve ter assaltado mais outras pessoas.
Soraya: falou sobre legítima defesa e a possibilidade das pessoas terem armas, principalmente no campo. No entanto, destacou que o problema maior é que a segurança pública está sucateada. Precisa de autonomia e investimento.
Direito de resposta
Jair Bolsonaro recebeu o primeiro direito de resposta da noite. O presidente direcionou a palavra a algumas questões, começando pelos comentários de Lula sobre o coronavírus.
“É do Lula: ‘ainda bem que a natureza criou esse monstro do coronavírus’. Que moral tu tem para falar de mim, ô ex-presidiário. Nenhuma moral”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro também afirmou que o sigilo de 100 anos seria autorizado por lei do governo Dilma e apenas para questões pessoais. O presidente disse também que vetou o “Orçamento Secreto”, que posteriormente foi autorizado pela Câmara. Ele também disse não haver prova de corrupção. “Só fake news e mentiras ao meu respeito”
CPI da Covid
Após afirmar que Simone Tebet teve uma participação “extraordinária” na CPI da Covid, Lula questionou se houve corrupção na compra de vacinas e sobre o sigilo de 100 anos para o ministro da saúde.
Tebet criticou a insensibilidade do presidente da República e afirmou que houve corrupção. “Eu vi. Houve corrupção, tentativa de comprar vacinas superfaturadas. O Covaxim é o contrato mais descabroso que eu vi. Tentaram pagar antecipadamente US$ 45 milhões”, afirmou Simone.
Na réplica, Lula insistiu sobre a questão do “sigilo de 100 anos” para documentos assinados pelo ministro da Saúde. Tebet afirmou que seu governo será transparente e comparou o Mensalão, o Petrolão e o Orçamento Secreto.
Bolsonaro x Ciro
Bolsonaro falou sobre políticas de seu governo voltadas às mulheres e perguntou se Ciro Gomes poderia ampliá-las. O candidato do PDT disse que Bolsonaro “não percebe, não dá valor e não respeita” a questão feminina. Mencionou ainda o comentário de Bolsonaro de que sua filha teria sido uma “fraquejada”.
Ciro seguiu falando que 78 de cada 100 mulheres brasileiras estão no limite recorde de endividamento. Para isso, propõe uma renda mínima e uma lei “antiganância” contra cobranças altas nos bancos. Diz ainda que o governo Bolsonaro não conseguiu resolver a situação econômica trágica “que herdou” e nem mudar a governança política do País. “O senhor está filiado ao partido do Valdemar Costa Neto, a quem o Lula deu o DNIT para roubar no escândalo do mensalão”, alegou.
Bolsonaro replicou que já se desculpou pela fala da fraquejada e atacou Ciro por dizer que a missão mais importante da esposa era dormir com ele. O presidente voltou a falar do Auxílio Brasil, atacando a política do “fica em casa” para combater a pandemia. Disse que o auxílio é focado em proteger primeiro à mulher, assim como a titulação de terras.
Ciro disse que 20 anos atrás “cometeu a infelicidade de fazer uma gracinha” com sua mulher e que já se desculpou, mas acrescentou que não é disso que está falando. Afirmou que Bolsonaro corrompeu todas as esposas e os filhos e os envolveu em escândalos de corrupção. Citou também o presidente simulando afogamento durante a pandemia.
Refinanciamento de dívidas
Ciro Gomes questionou Luiz Felipe d’Ávila sobre o refinanciamento de dívidas no SPC e no Serasa para resgatar, segundo ele, vítimas do período de altos juros e baixo crescimento dos governos PT e Bolsonaro.
D’Ávila afirmou que rombo deixado pela corrupção nas estatais, as quais chamou de cabide de emprego e criticou o PT. “Se o PT voltar ao poder, a chance do Brasil voltar a crescer de forma sustentável, abrir a economia, competir no comércio internacional, gerar renda e emprego e tirar o Estado pesado das costa de todos nós que trabalhamos e produzimos é zero”.
Na réplica, Ciro afirmou que a o consumo das famílias está diretamente com o crescimento do PIB, apontado a renegociação das dívidas como uma necessidade. D’Ávila afirmou que o caminho do crescimento passa pela privatização e abertura da economia.
Carga tributária
A candidata Soraya questionou Lula sobre qual seu plano para reduzir a carga tributária e melhorar a situação econômica no País. O ex-presidente disse que, em seu governo, reduziu a dívida pública e a inflação, gerou empregos e começou uma reserva nacional que “deu ao País uma estabilidade que jamais o País teve”. Ele afirmou que volta com o compromisso de fazer mais do que fez antes. “Foi o mais importante governo de inclusão social da história deste País”, alegou Lula, sobre seus mandatos.
Soraya respondeu que “esse mundo lindo só existe na propaganda eleitoral do senhor”. Segundo ela, os economistas de Lula são “mofados”. A candidata prometeu ter um imposto único que aumentaria o poder de compra da população. Afirmou que isso é resultado de 30 anos de contas.
Lula alegou que o vice de Soraya fez a mesma proposta 30 anos atrás e não foi levado em consideração. Acrescentou que se a candidata não viu a evolução do País no governo petista, a diarista, o motorista e o jardineiro dela viram. Lula ainda disse que precisa trabalhar para acabar com a escravidão e tornar os trabalhadores em pequenos empreendedores.
Simone Tebet x Jair Bolsonaro
A candidata Simone Tebet perguntou a Jair Bolsonaro sobre casos de misoginia. “Por que tanta raiva das mulheres?”. Bolsonaro negou perseguir mulheres e afirmou que esse “discurso barato” “não cola mais”.
“Eu tenho certeza que uma grande parte das mulheres do Brasil me ama, porque eu defendo a família, sou contra a liberação das drogas”, disse Bolsonaro, que também afirmou ter sancionado mais de 60 leis a favor das mulheres e que o Auxílio Brasil beneficiou o público feminino.
Agronegócio
A jornalista Thays Freitas, da Rádio Bandeirantes, direcionou sua pergunta para d’Avila, com comentário de Simone Tebet. Questionou qual seria a proposta para facilitar o deslocamento da produção do agronegócio no País.
O candidato disse que precisa de dinheiro privado para isso. Mencionou a PL das ferrovias, que seria essencial. Falou que é o mercado que resolve as coisas e afirmou que não sabe como as pessoas são contra a privatização do saneamento básico, entre outras áreas. Segundo ele, é preciso investir em parcerias público-privadas.
Tebet disse também que é preciso ter dinheiro privado e reforçou a importância das ferrovias. Disse que há projetos parados com potencial para injetar R$ 100 bilhões na economia, com 2 bilhões e meio de empregos diretos e indiretos. “Rasgar o País de ferrovias significa trazer os grãos mais baratos, mais rápidos, de forma mais ecológica, fazendo com isso que sejamos mais competitivos com o mercado internacional”, concluiu.
D’Avila replicou que o agronegócio é um exemplo no Brasil, mas infraestrutura é fundamental para exportar mais — e não só commodities, mas também bens com maior valor agregado. Direcionando-se a Lula, disse que é absurdo chamar o agro de facista. “Temos que ter orgulho do agro brasileiro”, afirmou.
Segurança reforçada
Seguranças fazem cordão humano para separar convidados bolsonaristas dos petistas em segundo intervalo. (Beatriz Bulla)
Estado laico
Jornalista Mônica Bergamo perguntou para Soraya, com comentário de Felipe d’Avila, sobre Estado laico. Como garantir esse preceito fundamental da constituição?
Soraya disse que é cristã e que está ali para trabalhar pela paz e a união entre as pessoas. Citou novamente a situação que aconteceu com a Vera, disse que “quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vem pra cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada”. Disse que não aceita esse tipo de comportamento e, acima de tudo, disseminar ódio e dividir o povo. “Liberdade religiosa para todos nós”, acrescentou, e disse que não podemos permitir que as pessoas usem o nome de Deus para se eleger.
D’Avila disse que a religião é algo de foro íntimo que deve ser respeitado. Disse que é católico. Citou o fundão eleitoral, dizendo que é um valor mal usado.
Soraya afirmou que está vacinada contra mentira e não virou jacaré. Alegou que quem deu o auxílio para R$ 600 foram os senadores, e não o governo. Pediu para reforçarem sua segurança.
Feminismo
A jornalista Thaís Oyama falou sobre o feminismo e sobre suposto “vitimismo” feminino. Simone disse que ser feminista é defender o direito das mulheres. Olhar para mulheres nas ruas, defender a lei de igualdade salarial que está parada no Congresso. “Precisamos de uma mulher para arrumar a casa”, disse. Ela diz que respeita mulheres que pensam diferente, como Soraya.
Soraya disse que, como advogada, tem que analisar fato por fato, que às vezes a mulher pode mentir. Falou também que é “pela paridade, tanto foi que escolhi como vice um homem”. Ela se solidarizou com a jornalista Vera Magalhães a respeito do ataque de Bolsonaro.
Simone, por sua vez, disse que teve constatação séria sobre violência contra a mulher, que acontece muitas vezes dentro de casa e com crianças. Falou sobre pedofilia e estupro: “tolerância zero”. Disse que tem que dar exemplo, um exemplo que “o presidente não dá” em suas posturas. Acusou Bolsonaro de fazer fake news e ministro dele de ameaçá-la.
União da esquerda
A jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, perguntou para Lula, com comentário de Ciro Gomes, sobre união da esquerda. Perguntou como Lula espera ter apoio de Ciro no segundo turno, se chegar lá.
O petista começou a responder falando sobre as vacinas contra H1N1 aplicadas em seu governo e dizendo que a responsabilidade por vacinar ou não é do governo.
Sobre o apoio na esquerda, ele afirmou que a escolha de Ciro é livre. “Não sou eu que vou impedir”. Mas disse que, ganhando as eleições, vai ver se consegue ainda atrair o PDT para seu governo.
Ele falou que tem três pessoas que leva em deferência, Mario Covas, Requião e Ciro Gomes. Elogiou os três e disse que têm corações moles, por mais que falem mal dele às vezes. Acrescentou que espera que Ciro não vá para Paris.
Ciro disse que Lula é um encantador de serpentes que quer levar as coisas para o lado pessoal, “mas não é pessoal”, afirmou. Segundo ele, Bolsonaro foi um protesto contra a crise econômica que Lula construiu, e que Lula “se corrompeu mesmo”.
Lula disse que Ciro está dizendo inverdades e que jogar a eleição de Bolsonaro nas costas dele é errado, porque ele não saiu do país depois do primeiro turno de 2018. Disse que foi absolvido em todos os processos. “Eu sou o único inocente, que pago o preço de ser inocente”. Completou que vai trabalhar para fazer o País voltar a crescer.
Vacinação
O questionamento sobre desinformação na campanha de vacinação e sobre as mortes na pandemia acabou quase sem resposta do tema. Ciro Gomes iniciou a resposta falando sobre as dificuldades econômicas, falando apenas depois que houve um desmanche das campanhas de vacinação, que anteriormente existiam. Bolsonaro não falou sobre vacinação.
Aplausos de bolsonaristas
Quando Bolsonaro disse que economia bombava, bolsonaristas aplaudiram na sala de convidados. Nas outras campanhas, alguns riram descrentes. (Beatriz Bulla)
Auxílio emergencial
O jornalista Rodolfo Schneider perguntou para Bolsonaro, com comentário de Lula, sobre o auxílio emergencial. Questionou de onde será tirado o dinheiro para esse valor.
Bolsonaro disse que, por PEC, acrescentou R$ 200 até o fim do ano, com Auxílio Brasil de R$ 600. Para ele, é o suficiente para a pessoa sair da linha de pobreza. Disse que, para ter esse dinheiro, já negociou os precatórios. Falou também da importância de reduzir os custos do combustível para diminuir a inflação, o que — disse ele — teria sido feito sem os votos de parlamentares do PT. Acrescentou: “Como conseguir recursos? Não roubando”.
Sobre taxar grandes fortunas, Bolsonaro foi contra. Disse que isso faria os capitais irem embora.
Lula afirmou que a manutenção dos R$ 600 não está na LDO que foi mandada para o Congresso, “o que significa que tem uma mentira no ar”. Ele disse ainda que o PT votou favorável pelo valor do auxílio, mas que é preciso fazer essa política concomitante com o crescimento do emprego e da economia. O ex-presidente questionou também as privatizações.
Bolsonaro disse que mentir está no DNA do Lula e que tem “contato” com pessoas na Câmara para negociar o auxílio na LDO depois. “Temos de onde tirar recursos, temos muitas coisas planejadas”, disse. “Nunca tivemos tanto dinheiro de fora do Brasil investido aqui”, acrescentou, dizendo que o Brasil está sendo exemplo na área
Bastidores
Petistas minimizam nos bastidores fato de Lula não ter respondido diretamente sobre corrupção, justificando dizendo que ex-presidente já falou sobre isso no Jornal Nacional, da TV Globo. (Beatriz Bulla)
Nova briga entre Janones e Bolsonaristas
Vereador do PL de Minas Gerais, Nikolas Ferreira começou a provocar André Janones, que novamente se levantou e passou a bater boca com Bolsonaristas. Adrilles Jorge se juntou às provocações e xingamentos, bem como Sérgio Camargo. Seguranças e o time da organização contiveram os ânimos, sob ameaça de expulsa-los. (Beatriz Bulla)
Isenção de impostos
Após ser perguntada por Simone Tebet sobre suas propostas para educação, Soraya Thronicke afirmou que pretende isentar de imposto de renda todos os professores, tanto do ensino público quanto privado. “O impacto é de apenas R$ 10 bi por ano”, afirmou a candidata, que relacionou a viabilidade do projeto ao importo único. A candidata também disse que pretende utilizar parcerias com a iniciativa privada.
Na réplica, Tebet afirmou que pretende tratar dos problemas da educação desde a educação infantil, até o ensino técnico. Ela também propôs a criação de uma poupança estudantil, para que alunos de ensino médio recebam um valor de R$ 5 mil no último ano, caso não deixem a escola.
Aplausos
Salles aplaude orgulhoso quando Lula faz referência a ele e diz que o Brasil já teve ministro do Meio Ambiente que falou em “passar a boiada” para afrouxar legislação de proteção ambiental. Candidato à Câmara, Salles comemorou com aliados sugerindo que a menção do petista o fazia ganhar votos. (Beatriz Bulla)
Crise climática
Para Felipe d’Avila, Lula perguntou sobre a crise climática. Pediu a opinião dele sobre o que está acontecendo no Brasil acerca da questão ambiental e qual a proposta dele para resolver.
D’Avila disse que é preciso que o Brasil seja a primeira nação carbono zero. Segundo ele, o País tem condição de capturar 50% do carbono do mundo plantando árvores em áreas degradadas. Falou sobre emprego verde e energias renováveis. Ele disse ainda que o agronegócio brasileiro é o que mais preserva no mundo todo.
O petista falou que nenhum empresário sério vai fazer queimada e destruir biomas. “Entretanto, temos gente do governo que até incentiva”, afirmou, e citou a fala de Ricardo Salles, quando ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, sobre “deixar a boiada passar”.
D’Avila replicou que o meio ambiente vai ser resolvido com “mais mercado”, e o PT dá a impressão de que não gosta do mercado. “O mercado vai ajudar o Brasil a proteger o meio ambiente, vai trazer investimento”. Diz que é preciso atrair emprego e renda no meio ambiente com o dinheiro do mercado, e que o Brasil só vai voltar a ser respeitado internacionalmente quando tiver opções sustentáveis.
Janones muda de lugar
Briga de Janones com Salles incomodou petistas. Depois do bate-boca, os integrantes da comitiva de Lula colocaram Janones sentado no meio do grupo, de onde é mais difícil levantar e provocar os bolsonaristas. (Beatriz Bulla)
SUS
Soraya perguntou para Simone Tebet como diminuir as filas do SUS no pós-pandemia. A candidata do MDB afirmou que essa é uma questão muito importante e disse que o problema da pandemia poderia ter sido muito menor se o presidente tivesse agido com responsabilidade. Mencionou escândalo na compra de vacinas. Disse que não houve coordenação do governo federal, e não porque ficamos em casa. Complementou que decretou-se calamidade pública para corrupção, mas que ela decretaria calamidade para focar na recuperação das filas do SUS.
A candidata do União Brasil disse que tem um “projeto liberal de verdade para a economia” e que para diminuir as filas do SUS, pretende usar toda a capacidade da iniciativa privada para complementar o SUS e agilizar o atendimento.
Simone disse que, se eleita presidente, vai atualizar a tabela SUS, 25% por ano até 100% no fim dos quatro anos. Ela disse que médicos dizem para ela que as pessoas estão morrendo porque a tabela está defasada. Disse que vai tirar esse dinheiro do orçamento secreto e do tamanho da máquina.
Renda mínima
Em resposta, Ciro afirmou que Bolsonaro desconhece a situação da fome no Brasil e criticou o que considerou “politicagem”. “Quero encerrar essa disputa de quem é que é mais papai-noel em véspera de eleição, Bolsa Família mais R$ 200″ e defendeu um programa de renda mínima pagando R$ 1.000 por domicílio. Bolsonaro afirmou que o número de famílias abaixo da linha da pobreza diminuiu apesar da pandemia.
“Descalabro” da educação
Felipe d’Avila perguntou, para Ciro Gomes, o que é preciso fazer para acabar com o “descalabro” da educação. Mencionou altos investimentos no setor e os casos de corrupção do governo Bolsonaro.
Ciro disse que é preciso avaliar o tipo de educação aplicado. Segundo ele, o que é aplicado hoje é o ensino do século passado e é preciso mudar isso. A outra parte é o financiamento, porque o Brasil paga, per capita, menos do que os Estados Unidos e a Europa.
D’Avila replicou que é preciso investir na carreira do professor, mudar o curso de pedagogia. Investir no ensino profissionalizante para reter os estudantes. Mensurar o aprendizado do aluno. Segundo ele, no governo do PT teve muito gasto na educação, mas o aprendizado não foi suficiente.
Para Ciro, é preciso aprofundar o debate, motivando o professor para levar uma pedagogia mais digital aos alunos e estimular a autonomia intelectual. Relatou experiências de ensino profissionalizante no Ceará. Mas disse que é preciso pagar direito para os professores e dar condições para a educação. Atacou o Fies de Lula.
Janones e Ricardo Salles brigam em sala dos convidados, seguranças precisam intervir
O deputado federal André Janones (Avante), apoiador de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, protagonizaram há pouco uma grande confusão na sala reservada para convidados no primeiro debate entre presidenciáveis, que acontece nesta noite. Os seguranças precisaram intervir para evitar agressão física entre os dois. A briga começou após o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, dizer em debate que o desmatamento no seu governo foi o menor. Salles, ex-ministro de Bolsonaro, reagiu aos gritos e disse que o desmatamento no tempo do PT foi o maior. Janones levantou para gravar o adversário político, que se levantou aos gritos de “seu merda”. (Por Eduardo Gayer, Beatriz Bulla, Iander Porcella, Sofia Aguiar e Bruno Luiz)
Fome
Ciro Gomes questionou Jair Bolsonaro sobre a declaração do presidente de que “não há fome no Brasil”, a qual classificou como “absurda”.
Bolsonaro respondeu que “cada um interpreta as informações como acha melhor” e disse que a economia melhora após a crise da pandemia de covid-19 – voltando a criticar o “fique em casa”. Bolsonaro também citou o Auxílio Brasil como uma medida de combate a fome: “o meu governo atendeu aos mais necessitados”.
Bolsonaro x Lula
Bolsonaro perguntou a Lula sobre corrupção. Falou sobre o endividamento da Petrobrás, disse que o povo nordestino sofreu pela corrupção. Questionou por qual motivo Lula quer voltar ao governo.
“Era preciso ser ele pra me perguntar”, disse Lula. O ex-presidente disse que os números citados eram mentirosos. Afirmou que não teve nenhum presidente da República que fez mais fiscalização contra a corrupção do que ele, citando ações de seu governo.
Bolsonaro replicou que, segundo Palocci, tudo foi aparelhado no governo de Lula. Disse que Lula recebia pacotes de propina e que seu governo era uma “cleptocracia”, um governo a base de roubo, feito para controlar o parlamento. Disse que foi o mais corrupto da história do Brasil.
Lula disse, contudo, que seu governo é marcado pelo crescimento em muitas áreas, como empreendedorismo, educação, riqueza da biodiversidade, proteção da Amazônia, relações internacionais, entre outros. “Meu governo deveria ser reconhecido exatamente por isso”. Disse que Bolsonaro adora fazer bravatas, dizer números que não existem. Alegou que o País que deixou é “um País que o povo tem saudade”.
Ativismo judiciário
O presidente Jair Bolsonaro negou qualquer problema com o Poder Judiciário, mas afirmou que há ingerência e ativismo judiciário no Brasil. “Eu não tenho problema com poder nenhum. Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal que querem a qualquer preço interferir no Poder Executivo”, disse.
Imposto Único
Antes da réplica, a candidata Soraya Thronicke (União Brasil) pediu para se apresentar antes de falar sobre economia. Sobre o tema, a candidata disse defender o imposto único como principal proposta na área.
Educação na pandemia
Questionado sobre como resgatar a “geração covid” na educação, Lula disse que “lamentavelmente” não há informação do MEC para saber a situação dos estudantes atualmente. Ele mencionou a dificuldade de acesso à educação durante a pandemia e a evasão escolar. Prometeu convocar reunião com todos os governadores e prefeitos de capitais para fazer um pacto. Uma “guerra contra o atraso educacional” pela pandemia e pelo corte nos investimentos na educação. “Lamentavelmente a educação foi abandonada neste País”, afirmou.
Harmonia de Poderes
Simone Tebet disse que a harmonia de Poderes depende de um presidente que saiba cumprir a constituição. Acusou o presidente de ameaçar os valores democráticos e não respeitar instituições e imprensa.
Cortar desperdício
Felipe d’Avila afirmou que “a economia brasileira está estagnada há mais de 20 anos”. Segundo ele, “é preciso cortar o desperdício da máquina pública. Tem muito dinheiro sendo desperdiçado”.